segunda-feira, 17 de junho de 2019

CARNAVAL DE ALMAS (1962). Dir.: Herk Harvey.


NOTA: 10


CARNAVAL DE ALMAS (1962)
Um pequeno Clássico do Terror. Assim pode ser definido CARNAVAL DE ALMAS (1962), um dos filmes mais assustadores que já tive o prazer de assistir. De verdade.

Desde a primeira vez que coloquei o DVD no aparelho e apertei o Play, esse filme me deu enormes calafrios na espinha. E não é para menos. Rodado com um orçamento mínimo, e de forma independente, o filme é um exemplo de que não há necessidade de grandes orçamentos, nem de grandes estúdios, para contar uma boa historia; o que precisa é ter criatividade, e aqui, o diretor Herk Harvey tem de sobra.

Com uma historia até simples, mas que precisa de raciocínio para assistir, o diretor criou um dos filmes mais assustadores de todos os tempos, mas que, infelizmente, boa parte do publico não conhece. O que é uma pena, porque é um filme que vale a pena ser conferido, mais de uma vez, até.

Mas o que o torna um filme tão assustador? Bom, como acabei de mencionar, tem criatividade de sobra; mas, não é só isso. Talvez um dos principais fatores seja a trilha sonora, composta exclusivamente por órgãos, que desde o primeiro momento, é digna de arrepios, seja pela melodia sombria, seja pela melodia alegre de parque de diversões. Outro fator que contribui para o clima de horror é a atmosfera enigmática e de pesadelo; a partir do momento em que a protagonista, Mary, se recupera do acidente que sofreu, fica impossível saber se o que ela está vivendo é real ou não, uma vez que a figura do Homem de Preto que a persegue o filme todo, é vista somente por ela. Na minha opinião, essa atmosfera dá mais um charme ao filme, porque, realmente, é impossível saber se a garota está imaginando tudo aquilo, ou se é algo pior. E, acredite, é pior.

Mesmo com essa clima de suspense psicológico, Carnaval de Almas é um verdadeiro filme de fantasmas, talvez um dos melhores que eu já vi. A concepção das aparições é a melhor possível, de uma simplicidade impar: todos vestem roupas negras e têm o rosto branco como papel, lábios escuros e manchas pretas em volta dos olhos. Não precisa ser mais assustador do que isso; e olha, eles conseguem ser assustadores, principalmente o Homem de Preto, com sua expressão neutra e sorriso diabólico. É sério, ele é o melhor personagem do filme, um daqueles casos em que o personagem dá medo só de olhar pra ele; não há necessidade de diálogos, apenas a expressão é digna de pesadelos! E o mesmo vale para os outros fantasmas.

No entanto, a protagonista não fica atrás. Mesmo sendo uma garota de personalidade forte, às vezes meio insensível, não dá para não simpatizar com ela, seja pelo o que acontece a ela no começo do filme, seja pelos pesadelos que a atormentam ao longo da historia. E não são perrengues simples de se resolver, não. Em certo momento, ela torna-se “invisível” para o mundo, percorrendo as ruas da cidade sem ouvir nada, nem falar com ninguém.

Agora, devo destacar aqui os momentos mais assustadores do filme, que não são poucos, mas, destacarei apenas dois. O primeiro acontece depois que Mary se recupera do primeiro “transe invisível” e vai tomar água num bebedouro próximo, e se assusta com um homem que pela pensa ser o Fantasma. Num filme qualquer, seria mais uma cena simples, mas aqui não é nada disso. A cena toda é construída de maneira brilhante, sem trilha sonora, somente com os sons do ambiente; e toda vez que eu vejo o filme, eu repito a cena pelo menos duas vezes, porque é muito bem feita – é a minha cena favorita. Outra, é quando ela embarca num delírio dentro da igreja, enquanto toca o órgão: ela se vê dentro do parque abandonado, onde os fantasmas estão dançando em uma espécie de Baile da Morte. Assim como a cena descrita anteriormente, essa também é muito bem feita, e consegue, facilmente, provocar arrepios – parte disso graças à trilha sonora fúnebre.

Como mencionado acima, Carnaval de Almas é uma produção independente de baixo orçamento. Segundo o diretor Harvey, a ideia surgiu após ele deparar-se com um pavilhão abandonado em Salt Lake City. Após essa experiência, ele pediu a um amigo que escrevesse um roteiro para um filme, sendo que ele descreveu apenas a ultima cena. O roteiro foi escrito em três semanas. Harvey alugou o pavilhão por cerca de US$ 50, além de outras cenas. Foi uma produção marcada pela chamada “Guerrilla filmmaking”, que é a maneira como é conhecida a produção de produções independentes de baixo orçamento.

No entanto, a produção feita na garra, não impediu a baixa distribuição do filme, o que contribuiu para sua baixa atenção. Atualmente, o filme possui uma certa aura cult, sendo exibido nas noites de Halloween, além de influenciar cineastas como George A. Romero e David Lynch.

Para finalizar, Carnaval de Almas é foi o único filme de Harvey na direção, e sua protagonista, a atriz Candace Hilligoss, fez apenas mais dois filmes, antes de se aposentar, em 2001.

Por muitos anos, permaneceu raro no Brasil, até ser lançado em DVD na coleção Obras-Primas do Terror 3, da Versátil Home Vídeo.

Enfim, Carnaval de Almas é um filme excelente. Uma historia simples, mas que consegue assustar sem fazer esforço. Um dos filmes mais assustadores que eu já vi. Uma brilhante historia de fantasmas.

Altamente recomendado.





Créditos: Versátil Home Vídeo


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