NOTA: 9.5
HALLOWEEN (2018) |
Michael Myers está de volta. 40 anos depois de sua primeira aparição
no cinema, e 20 anos desde a última – porque eu desconsidero completamente tudo
que veio depois de Halloween H2O: Vinte
Anos Depois, de 1998 – , ele está de volta.
E que retorno! HALLOWEEN é
maravilhoso! É muito melhor do que esperava que fosse; é tudo aquilo que os fãs
da franquia esperavam, e muito mais. Já na minha primeira conferida, pude ver
que o filme cumpriu tudo que prometeu. É assustador, é sangrento, é tenso...
Tudo que o filme original era. É um filme feito para os fãs da franquia; e
feito com amor.
Tudo nesse filme funciona de maneira brilhante, desde o roteiro,
passando pela direção, até as atuações, os efeitos especiais; tudo se encaixa
perfeitamente, numa historia magistral, sem nenhum defeito e nenhuma ponta
solta.
Devo confessar que, quando soube que um novo filme seria feito, fiquei
empolgado, porque, como mencionei acima, desde 1998, Michael Myers e cia. não
tiveram o tratamento que mereciam nas telas; pelo contrario, o personagem foi
detonado e humilhado por cineastas que nada sabiam de sua mitologia. E isso é
tudo que vou dizer a respeito das experiências lamentáveis pelo qual ele
passou; não só ele, toda sua turma.
Mas, felizmente, isso foi consertado. O novo filme dá uma repaginada
no personagem, mas sem tirar sua essência e sem alterar sua mitologia. Aqui, Michael
continua o mesmo, a pura encarnação do Mal, sanguinário, selvagem, implacável. Não
apenas o vilão que foi repaginado. Laurie Strode, a sobrevivente do primeiro
filme, também foi reescrita. Agora, ao invés da adolescente inocente, virgem,
do primeiro filme, aqui, ela se transformou em uma eremita, que vive sozinha em
sua casa, afastada da cidade, cercada por armas e armadilhas, que ela mesma
construiu, pois sabia que Michael retornaria um dia. Dito e feito. Michael
escapou mais uma vez, e está pronto para recomeçar seu reinado de terror.
E da mesma forma que no Original, aqui ele executa sua arte com
maestria. Desde o primeiro assassinato, Michael mostra que não está
“enferrujado” pelo tempo; pelo contrario, continua uma maquina de matar, sem
medo ou remorso. E como sempre, ele se mostra especialista na arte de matar,
executando suas vitimas com selvageria e requintes de crueldade, tudo sem o
menor remorso. Porém, aqui existe uma diferença. Se, no Clássico de John
Carpenter não havia sangue, aqui a coisa é diferente. O sangue corre solto, mas
não no estilo “torture-porn”, que infelizmente, tomou o gênero de terror. Pelo
contrario, o sangue corre do jeito certo, sem exageros, sem muita sujeira, sem
artifícios. E os métodos de Michael? Mais sobre isso adiante.
Esse é aquele tipo de filme que dá gosto de assistir, porque foi feito
para os fãs. Não sei os outros, mas eu adoro o Michael Myers de antigamente,
uma força da Natureza, o Mal encarnado, o assassino sanguinário; e aqui ele é
tudo isso. Mas não é apenas isso que faz desse um filme feito com carinho. Todo
o suspense e a tensão, presentes no primeiro filme, também aparecem aqui, desde
o começo. Quando eu vi aquela cena de abertura, antes dos créditos iniciais, eu
fiquei arrepiado porque é muito bem feita; gostei tanto que voltei umas duas
vezes. Não se fazem cenas assim hoje em dia; e quando alguém consegue, é porque
tem habilidade, e o diretor David Gordon Green tem.
Mesmo sem nenhuma experiência no gênero, ele se mostrou um excelente
diretor de horror, e executou tudo com brilhantismo. Ele não apelou para
câmeras tremidas, movimentos rápidos e bruscos; foi tudo feito com a câmera nas
posições certas, com os movimentos certos, nos ângulos certos. A fotografia
também fez bonito, principalmente nas cenas noturnas. As paletas de cores são
ótimas, e combinam com as cenas, e o melhor, dão uma impressão de veracidade. E
as cenas noturnas são belíssimas; ao invés da horrível paleta “verde musgo”,
muito usada pelo diretor David Fincher, aqui nós temos paletas escuras, pretas,
mas que fazem um belo contraste com as luzes das casas e das aboboras nas ruas.
Sobre os créditos iniciais, eu acho que são os melhores da franquia
desde o quinto filme. Não apenas pela forma como eles surgem, mas também o que
eles representam. Representam o ressurgimento da franquia. Eu vi em algum lugar
que a regeneração da abobora na abertura, representa a regeneração da franquia.
E é verdade, tanto que a tipologia é a mesma – que não é utilizada desde H2O – e o modo de apresentação do
elenco também é o mesmo, além da abobora ser a mesma do primeiro filme e se
modificar do mesmo jeito. Se isso também não é uma homenagem, eu não sei o que
é.
Aliás, o filme presta várias homenagens, não apenas ao primeiro filme,
mas também à própria franquia. Por exemplo, a cena dos assassinatos no
banheiro, lembra muito a cena do banheiro em H2O; um personagem diz um nome que remete ao segundo filme; a cena
da sala de aula é idêntica à cena da sala de aula do primeiro filme; a própria
menção do termo “boogey-man”, etc., mas talvez, um dos maiores easter eggs tenha aparecido já no
trailer, um easter egg de Halloween
III (1983), que não apresenta os personagens do universo criado por
Carpenter e Debra Hill. Novamente, é uma prova do quão importante a Franquia
Halloween se tornou.
Além de contar com momentos – muitos momentos – de terror, Halloween também tem momentos
divertidos. Ou melhor, um momento divertido. Acontece na cena em que uma das
amigas da neta de Laurie está cuidando de um garoto enquanto seus pais estão
fora. O menino é muito engraçado. Eu dei algumas risadas nessa sequencia,
porque é muito boa mesmo. Talvez, tenha servido para quebrar a tensão, porque
momentos antes, tivemos algumas cenas de assassinatos.
Agora, sobre Laurie Strode. Conforme mencionado acima, aqui, ela
deixou de ser a adolescente tímida do filme original, e se transformou numa
eremita. Ela vive isolada em sua casa afastada da cidade, lugar que ela
transformou em uma fortaleza, com armas e armadilhas por todos os lados. Não
apenas isso; ela também se tornou uma espécie de pária, sendo rejeitada pela
filha, de quem perdeu a guarda no passado, teve dois casamentos fracassados, e
tornou-se alcóolatra. Além disso, algumas pessoas também a consideram uma louca
por acreditar que Michael Myers pode retornar um dia, o que contribuiu para a
destruição de sua família. A única pessoa que tenta se aproximar dela é sua
neta, a quem ela também tenta proteger. Mas todo esse declínio ajuda na
reconstrução da personagem. Não acho que a coisa tivesse o mesmo impacto se
Laurie tivesse se tornado uma pessoa que apagou tudo de sua memoria, e vive uma
vida normal. Esse declínio é o tipo de coisa que tem que acontecer com alguém
como ela. Excelente reconstrução.
Além dos protagonistas, o filme também apresenta um personagem chamado
Dr. Sartain, que se torna uma espécie de Dr. Loomis, uma vez que, após o
falecimento do medico, ele tomou o caso de Michael para si, pois está
determinado a descobrir por que ele se tornou um assassino. Mas, ao contrario
de Loomis, Sartain não se mostra tão bonzinho assim, e está disposto a cometer
loucuras para provar seu caso. Além dele, temos também um casal de jornalistas
que tem quase o mesmo objetivo. Primeiro, eles visitam Michael em Smith’s Grove
e tentam motivá-lo, mostrando-lhe sua mascara. Mas, com o fracasso da
expedição, eles vão à casa de Laurie, com o objetivo de desvendar o mistério
por trás daquela noite de Halloween, há 40 anos. Mas, eles também falham.
O filme tem muitos efeitos práticos, e eles funcionam muito bem. Eu
falo de sangue, muito sangue. Michael é implacável nas cenas de assassinato,
utilizando o que estiver ao seu alcance para matar, e o faz com requintes de
crueldade e selvageria. Pescoços quebrados, queixos deslocados, rostos contra
portas, gargantas perfuradas... Tudo que tem direito; e muito bem feito.
E novamente, Michael está perfeito. Um monstro implacável, movido por
puro instinto assassino, sem medo ou remorso. Uma maquina de matar
indestrutível, com desejo por sangue e carnificina. Seu figurino é praticamente
o mesmo do filme original, com detalhe para sua icônica máscara; toda cheia de
marcas do tempo, mas intacta, livre de furos ou rasgos. E quando eles
finalmente se reencontram, é o melhor momento do filme, sem dúvida! Michael
Myers ressurge em toda sua gloria, pronto para retornar a Haddonfield, e
reiniciar seu reinado de terror.
Com certeza, Halloween é o
retorno digno da franquia aos cinemas, após anos. É uma pena que Michael tenha
passado por três experiências lastimáveis, antes de retornar do jeito que
deveria. Mas tudo bem, o que importa é que ele está de volta, maior, melhor e
mais assustador do que nunca. Recentemente, começaram a sair noticiais sobre
duas continuações para o filme, que prometem encerrar definitivamente a
historia de Laurie Strode e Michael Myers. A primeira, Halloween Kills, título esse que eu não consigo engolir, será
lançada em 2020; a última parte, Halloween
Ends, tem lançamento agendado para 2021. Vamos aguardar.
Enfim, Halloween é um filme
excelente, que presta varias homenagens ao Clássico de John Carpenter, e à
franquia. Maravilhoso. Assustador, sangrento, tenso. Um filme excelente.
Altamente recomendado.
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