O LIVROS & FILMES DE HORROR está em recesso. Novas resenhas a partir de Fevereiro/2021.
Obrigado.
Resenhas de Filmes de Terror e Livros em geral. Filmes de outros gêneros também são resenhados. Livros técnicos não terão resenhas publicadas.
NOTA: 9
Filmes com crianças perversas são extremamente
chocantes, principalmente porque a difícil imaginar uma criança fazendo mal
para qualquer ser vivo. Mas existem, sim, filmes que abordam essa temática polemica,
e A INOCENTE FACE DO TERROR (1972) é
um deles, e um dos melhores.
Dirigido por Robert Mulligan, de O Sol é Para Todos (1960), e baseado no livro de Thomas Tryon, que também
escreveu o roteiro, este é um pequeno clássico do terror que aborda o tema de
crianças perversas, no caso, os gêmeos Niles e Holland Perry. E mais que um
filme de crianças malvadas, este é também um filme de terror e suspense psicológico
de primeira, que requer certo raciocínio do espectador, principalmente na
primeira vez.
Na minha primeira conferida, eu confesso que fiquei
surpreso com o resultado, uma vez que o diretor nunca faz questão de mostrar os
dois irmãos no mesmo frame; ao invés disso, ele faz isso que cortes rápidos e
movimentos de câmera, que conseguem enganar o espectador, sem o menor esforço. E
as surpresas não param por aí.
Além dessa trama cheia de mistério e reviravoltas,
outra coisa que torna o filme atraente é a sua ambientação. A trama se passa
durante os anos 30, no interior dos Estados Unidos. E a sensação que o longa
passa é muito boa; parece que estamos vivendo aquela época, com recriações fieis
à época, além de um clima de interior que enche os olhos. É o tipo de coisa que
eu gosto em um filme, conforme mencionei em outras resenhas.
Além do clima de interior, outro detalhe que prende o
espectador é a trilha sonora, composta por Jerry Goldsmith. Desde os créditos de
abertura, ouvimos uma trilha belíssima, com ar de fantasia, ou de filme
familiar, sem aqueles toques pesados de filme de terror. Não há dúvidas que Goldsmith
era um grande compositor, com uma grande contribuição para o cinema, e a trilha
sonora deste filme é uma delas. Uma trilha muito linda, mesmo.
Além da trilha sonora, outro ponto positivo é a fotografia. O filme é completamente colorido, com a fotografia destacando o calor do verão, e passando a sensação de calor; nas cenas noturnas, a coisa não é diferente; são cenas bem filmadas, que também passam uma sensação de realidade. Além da sensação de calor, o filme tem uma cena filmada do ponto de vista de um corvo, que sobrevoa a fazenda. Uma cena muito linda, com a câmera área percorrendo as locações, combinada com a trilha de Goldsmith.
E por fim, as atuações. Não existem atuações
exageradas e caricatas; ao contrário, todos os atores entregam ótimas performances,
e passam a sensação de serem pessoas reais. O melhor fica com os gêmeos Chris e
Martin Udvarnoky, que interpretam os irmãos Perry. Por se tratar de um filme de
gêmeos, temos aqui o clássico exemplo de gêmeo bom e gêmeo mal, e os atores
mirins atuam muito bem, passando veracidade, chegando, inclusive, a confundir o
espectador, principalmente porque eles usam as mesmas roupas, coisa comum nos gêmeos.
Diana Muldaur também entrega uma atuação digna de nota, no papel da mãe dos gêmeos.
Sua personagem carrega um trauma nas costas, e por conta disso, vive adoentada.
Pois bem, a atriz passa essa sensação de personagem amargurada por algo terrível
do passado e mais tarde, quando sua saúde piora, e sensação permanece. E por
fim, a atriz Uta Hagen também não faz feio, no papel da avó dos irmãos,
chegando até a ser melhor que eles.
A Inocente Face
do Terror é um filme de terror psicológico, no melhor estilo do gênero. É uma
história sobre loucura, principalmente, e um dos gêmeos é atormentado por ela. É
evidente a loucura do personagem, principalmente quando acontece uma
reviravolta chocante na trama, e o garoto não consegue se libertar dela, o que
gera uma das melhores e mais assustadoras cenas do filme.
Por conta da história, é um filme que não dá para
falar muito sem entregar spoilers; o máximo que pode ser dito é que acontece
uma reviravolta chocante, e só isso. O resto fica por conta do espectador. O máximo
que posso dizer é que o final é muito pesado, e me impressiona toda vez que
assisto. E só isso.
Foi lançado por aqui em DVD pela Versátil Home Vídeo,
na coleção Obras-Primas do Terror Vol.3.
Anteriormente, chegou a ser lançado em VHS no Brasil, mas esteve fora de
catálogo por muitos anos; além disso, também foi lançado em DVD pela Classicine.
Enfim, A
Inocente Face do Terror é um filme excelente. Uma fascinante historia de
terror e suspense psicológicos, com reviravoltas e conclusões chocantes. Um filme
que pode enganar o espectador desavisado, principalmente na primeira vez, e por
isso, deve ser visto novamente. A direção de Robert Mulligan, misturada com o
roteiro de Thomas Tryon, além da trilha sonora de Jerry Goldsmith, e as atuações
convincentes, formam o conjunto perfeito, e deixam o filme ainda melhor a cada revisão.
Um filme perturbador em todos os sentidos. Excelente. Altamente recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
Acesse também:
https://livrosfilmesdehorror.home.blog/
NOTA: 10
Filmes sobre a Caça às Bruxas não são fáceis de
assistir, e o principal motivo são as cenas de tortura e execução. Pois bem, não
sei qual o primeiro filme a retratar esse período vergonhoso da historia da Humanidade,
mas, sem dúvida, HÄXAN, A FEITIÇARIA
ATRAVÉS DOS TEMPOS (1922) é um dos melhores e mais assustadores, mesmo
quase cem anos após seu lançamento.
Não se engane. Mesmo depois de tanto tempo, o filme
continua relevante e atual, e principalmente, muito assustador. Häxan é um filme profano até a medula,
com suas imagens perturbadoras e chocantes, até para os padrões atuais.
O diretor Benjamin Christensen teve como base o polêmico
O Martelo das Feiticeiras (Malleus Maleficarum),
o mais famoso livro sobre Caça às Bruxas da História, publicado no século XV,
que se tornou uma espécie de guia para a Inquisição durante a época. Pois bem,
segundo informações, o diretor mostrou interesse em fazer um filme sobre o
livro, ainda em 1919, e pelos dois anos seguintes, estudou o tema a fundo. A pós-produção
levou um ano para ser concluída, enquanto a fotografia principal levou cerca de
oito meses. Como resultado, o filme tornou-se o longa europeu mais caro do
cinema mudo.
Como mostrado já nos letreiros de abertura, o filme é
divido em sete capítulos. No primeiro capitulo, somos apresentados a uma espécie
de documentário, mostrando a representação do Demônio e das bruxas durante a Idade
Média, usando como imagens, as clássicas ilustrações da época. Nos capítulos seguintes,
o filme apresenta uma espécie de recriação da época medieval, como se fosse uma
espécie de antologia. O mais pesado fica para os capítulos 4 até o capitulo 6,
onde o diretor relata como foi a época da Inqusição, mostrando sem pudores o
julgamento e tortura de uma velha senhora, acusada de bruxaria. E no ultimo
capitulo, o filme nos leva até a Era Moderna, no caso, o começo da década de
20, onde o avanço da Ciência tenta nos dar uma explicação racional para o que
na Idade Média era considerado como manifestações do Demônio, como por exemplo,
doenças mentais e deformidades.
Do começo ao fim, Häxan é uma obra importante para os fãs de cinema. No quesito
técnico, apresenta grandes cenas com efeitos especiais, como por exemplo, projeções,
animação stop-motion e maquiagem. São cenas muito boas, e até hoje não deixam
de ser impressionantes, pelo menos para mim. Difícil destacar uma cena
especifica, porque são todas muito bem feitas, principalmente a maquiagem das
criaturas, mais detalhes adiante.
Além de fazer uso de efeitos especiais dignos de nota, o diretor também não mostra pudor ao retratar a realidade, principalmente nas cenas históricas. Não espere pessoas com maquiagem para simular a sujeira e a velhice; não, aqui é tudo mostrado na cara dura: imperfeições, dentes faltando, sujeira, tudo que tem direito. E além disso, o diretor também faz questão de mostrar até mesmo cenas de nudez, mesmo que maneira quase imperceptível, e também, sacrifícios humanos e rituais satânicos com realismo impressionante.
Como mencionado acima, a maquiagem é um dos
destaques. Os demônios e as criaturas são retratados de maneira quase que
realista, principalmente o próprio Satã, interpretado pelo próprio diretor. Não
me lembro de ter visto uma caracterização tão profana quanto a mostrada aqui,
nem mesmo em outros filmes que falam sobre o assunto. A maquiagem é tão
perfeita que faz pensar que aquelas criaturas são reais, o que aumenta o grau
de realismo.
E a melhor sequência do filme, sem dúvida, é a
sequência da Missa Negra dentro da floresta. Tem de tudo: profanação, sacrifícios,
nudez, adoração à Satã... Tudo feito de uma maneira impressionante, que,
novamente, beira ao realismo. É de fato uma sequência perturbadora e quase desconfortável,
principalmente por conta das imagens de profanação e adoração à Satã, mas também
não deixa de ser impactante e digna de nota, por conta da maneira como foi
dirigida e montada. Uma sequência arrepiante e digna de pesadelos.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Obras-Primas do Cinema,
em versão restaurada, com três opções de áudio e muitos extras. Lá fora,
recebeu uma nova restauração em 4k em Blu-Ray pela Criterion; anteriormente,
foi lançado em DVD no Brasil pela Magnus Opus; e além disso, como está em domínio
publico, pode ser encontrado no YouTube sem dificuldades.
Enfim, Häxan,
A Feitiçaria Através dos Tempos é um filme excelente. Uma obra
verdadeiramente assustadora, com imagens e cenas dignas de pesadelos. Um filme
muito bem feito, e que até hoje, impressiona, por conta de seus efeitos
especiais e cenas antológicas. O diretor Benjamin Christensen faz um relato histórico
detalhado e impressionante da época medieval, passando pela Inquisição, e
mostrando, sem pudor, cenas de tortura, violência, nudez e profanação. Sem dúvida,
uma obra profana até a medula, mas não menos impressionante e atual. Um dos
filmes de terror mais assustadores de todos os tempos. Perturbador. Arrepiante.
Macabro. Excelente. Altamente recomendado.
Créditos: Obras-Primas do Cinema |
Agradecimentos:
Canal Boca do Inferno.com.br
Acesse também:
NOTA: 9.5
Não é novidade nenhuma que os anos 80 foram a década
mais prolifera do terror, com inúmeras produções baratas, muitas de gosto
duvidoso, mas muito divertidas. A NOITE
DOS ARREPIOS (1986), do diretor Fred Dekker, é uma delas.
Devo confessar que sempre tive uma impressão errada a
respeito desse filme; achava que se tratava de uma comedia adolescente de humor
negro, com zumbis no meio; e muito disso se deve a um dos pôsteres, que
mostrava um zumbi vestido de smoking em frente a uma janela, segurando um buque
de flores.
Bem, eis que tive a oportunidade de assistir ao
filme. Eu não podia estar mais errado! A
Noite dos Arrepios é um filme super legal, do tipo que faz falta hoje em
dia. É um filme B? Sim! A história é absurda? Com certeza! Tem atores
canastrões e atuações exageradas? Pode apostar! Mas tudo isso faz parte do
charme do longa. É sério, desde a primeira vez que vi esse filme, eu adorei. É
tanta besteira e canastrice jogadas na tela, mas são besteiras e canastrices
divertidas, daquelas que arrancam sorrisos e risos propositais.
Sem contar que o roteiro é uma bela homenagem ao
cinema Classe B dos anos 50, e também ao próprio gênero terror. São tantas
referencias apresentadas que não soam forçadas, e são fáceis de aceitar; e cada
uma é melhor que a anterior. Nomes de cineastas do gênero como David
Cronenberg, John Landis, Tobe Hooper, Sam Raimi e John Carpenter são citados no
longa, no caso, os personagens foram batizados assim; além, é claro, do nome da
universidade: Corman University! Não é genial? Não seria demais se essa universidade
existisse de verdade? E temos também uma ponta do saudoso Dick Miller no papel
do faz-tudo Walter Paisley.
Além das citações a cineastas, temos também citações
a filmes do gênero, como por exemplo, o clássico de Ed Wood, Plano 9 do Espaço Sideral (1959),
mencionado logo no começo do filme. Aliás, o começo do filme merece uma
citação. Todo rodado em preto e branco, com ambientação nos anos 50, ficou
perfeito. Parece mesmo que estamos assistindo a um filme B de ficção cientifica
daquela época. Muito bom.
A Noite dos
Arrepios é um filme de zumbi, com tudo que tem direito. Só que existe algo
a mais. É um filme de zumbi com pitadas de ficção cientifica, uma vez que a
ameaça é desencadeada por um experimento alienígena que cai na Terra. O prologo
ambientado dentro da nave extraterreste também é muito legal. Tem até legenda
para os diálogos dos ETs. E o melhor é que parece não ter relação nenhuma com o
título do longa; por exemplo: “O que uma nave extraterrestre tem a ver com
arrepios?”, ou então, “É um filme de invasão alienígena? Então por que tem esse
título?”. Com certeza, qualquer pessoa que vá assistir ao filme pela primeira
vez vai fazer essa pergunta.
Além de ser um dos melhores filmes de zumbis dos anos
80, é também um dos maiores representantes do Terrir, que tomou conta do gênero
na época. O filme é propositalmente uma comedia de humor negro. Tem tudo que
faz parte: situações absurdas, diálogos estúpidos e personagens idiotas. A
dupla de protagonistas, Chris e JC, é um exemplo. Os dois são completos losers,
que vivem tentando azarar as garotas, mas não conseguem, principalmente Chris.
Quando se apaixona pela mocinha, ele é tão medroso, que JC precisa ir falar com
ela. Situação corriqueira e familiar. Outros personagens como os membros da fraternidade,
o faxineiro, o cientista, os policiais incompetentes, as garotas da
fraternidade e uma garota CDF completam o elenco de personagens imbecis e
caricatos. Um prato cheio.
No entanto, nenhum deles é melhor do que o detetive
Cameron. Interpretado pelo sempre canastrão Tom Atkins, outra figura carimbada
do cinema de terror, o policial é o dono do filme. Ele tem as melhores tiradas,
os melhores diálogos, as melhores cenas e a melhor fala do longa. Impossível
esquecer: “Eu tenho boas e más notícias,
garotas! A boa notícia é que seus
namorados chegaram. A má notícia é que eles estão mortos”. É genial! É a
frase que resume o filme inteiro. E como todo personagem de comédia, ele também
seu próprio bordão: o também clássico “Thrill
me!”, “Manda ver!”. Não sei quantas vezes ele diz a frase, mas não fica
chato; pelo contrário, a gente até espera por ela! Hilário. Fora a
caracterização do personagem. Sempre de sobretudo, com a gravata desfeita, e
arma na mão; além disso, é um fracassado de marca maior, traumatizado por um
trauma do passado. E a fama do personagem é tanta que a NECA lançou uma
action-figure do personagem com uma espingarda e uma lata de cerveja. Item de
colecionador.
Essa também é outra sacada do filme. Tem umas três
histórias diferentes dentro do roteiro. A primeira é sobre alienígenas; a
segunda é sobre zumbis; e a terceira é sobre um maníaco foragido. E o melhor é
que todas se encaixam. Sem dúvida, o roteiro é muito bem amarrado e não deixa
nada de fora, até os detalhes que aparecem no começo são retomados depois.
Novamente, é o tipo de coisa que faz falta hoje em dia.
E claro, não dá pra não mencionar os zumbis. Como
todo filme de terror dos anos 80, foram utilizados efeitos práticos para dar
vida aos mortos-vivos; e tais efeitos são espetaculares. Tem de tudo:
maquiagem, animatrônicos e marionetes. Os zumbis são excelentes, com o clássico
andar arrastado e expressão neutra. No entanto, o melhor de todos é um cujo
rosto foi rasgado e apenas a caveira ficou a mostra. Muito bom. Existe até um
gato zumbi!
Para finalizar, A
Noite dos Arrepios possui um enorme apelo cult nos Estados Unidos. É um dos
filmes de zumbi mais lembrados pelos fãs do gênero por lá. Aqui no Brasil,
permanecia inédito por anos – não sei se chegou a passar na televisão – até que
foi lançado em DVD pela Versátil Home Vídeo, na coleção Zumbis no Cinema, em versão restaurada, na Versão do Diretor, com o
final original.
Enfim, A Noite dos Arrepios é um filme super legal. Um festival de bobagens e sustos, combinados de maneira perfeita, do jeito que somente cineastas criativos sabiam fazer. Um filme com apelo saudosista absoluto, e que fica melhor a cada revisão. O tipo de filme que podemos assistir embarcando na piada, e continuamos rindo até o final. Um roteiro bem amarrado e uma direção experiente, aliados a atuações canastronas e efeitos especiais de primeira, foram uma combinação perfeita. Um exemplo de filme que faz falta atualmente. Genial. Engraçado. Assustador. Exagerado. Excelente. Altamente recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
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NOTA: 10
Desde que sua publicação, no final do século XIX, Drácula, do autor Bram Stoker,
tornou-se um sucesso. Na virada do século XX, a obra passou a ser adaptada para
o cinema, por vários cineastas, ao longo dos anos. Foram mais de 200 adaptações,
entre elas, clássicos absolutos, produções medianas, produções trash e grandes
bombas. A primeira adaptação surgiu em 1920, em um filme húngaro chamado A Morte de Drácula. Infelizmente, não
sabemos quase nada a respeito desse filme, porque ele foi perdido. Então, eis
que, em 1922, surgiu aquela que é considerada a primeira adaptação oficial do
livro de Bram Stoker: NOSFERATU,
dirigido por F.W. Murnau.
Nosferatu é
um Clássico do Cinema, não apenas do cinema de horror. É um dos filmes mais
assustadores de todos os tempos, e até hoje, mantém o seu poder de causar
calafrios no espectador. Lançado no auge do Expressionismo Alemão, o filme é um
dos maiores representantes do movimento; o maior ainda é O Gabinete do Dr. Caligari, lançado dois anos antes. O Expressionismo
Alemão foi um estilo de cinema que surgiu nos anos 20, cuja maior caraterística
eram as imagens distorcidas, geralmente de personagens e cenários, graças ao
uso de recursos cinematográficos e maquiagem. Além do filme de Murnau e de Caligari, o movimento teve outros
grandes exemplares, como Metrópolis
(1927), de Fritz Lang, considerado um marco no cinema de ficção cientifica.
Mas não é apenas seu papel no movimento que faz de Nosferatu uma obra atemporal. Ele
também foi o responsável pela introdução do cinema de terror gótico,
apresentando algumas das características que se tornariam marcas no gênero,
como por exemplo, portas que se abrem sozinhas, o castelo no alto da colina, a
própria ambientação, com teias de aranha, e cortinas esvoaçantes. Tudo o que
conhecemos do terror, pode-se dizer que surgiu com o filme de Murnau, apesar de
eu não ter 100% de certeza a respeito disso.
Bom, o fato é que o filme é, sim, muito assustador.
Desde o momento em que o Conde Orlok, interpreto por Max Schreck, surge, já
sentimos um calafrio na espinha, principalmente por causa de sua aparência –
mais sobre isso adiante. E o terror não para. Vale lembrar que o filme foi
lançado numa época em que o cinema de terror era mais artístico, com toques
belos, que conseguiam assustar, muito diferente do que vemos atualmente. Nosferatu é um exemplo. Não há dúvida
que o filme é belíssimo. A fotografia é um dos principais fatores, e deu ao
filme um ar de mistério e fantasia, que passou a ser copiado por diversos
cineastas nas décadas seguintes.
A direção de Murnau é excelente. O diretor conseguiu
criar cenas belíssimas com os recursos que tinha à disposição, e, praticamente
com uma única câmera, devido a questões de orçamento. Graças a isso, o filme é
repleto de cenas memoráveis, desde o começo, quando Hutter e sua esposa se
abraçam apaixonadamente, passando pelas cenas no castelo, a cena na praia, e a
famosa cena das sombras de Orlok nas escadas.
E o medo está presente, principalmente após a chegada
do vampiro a Wisborg. Não sabemos o que ele vai fazer, mas ficamos apreensivos,
e não conseguimos tirar os olhos da tela. Tudo isso acompanhado às cenas da
esposa de Hutter angustiada, esperando que o marido volte para casa. E a coisa
fica ainda pior, uma vez que a chegada do vampiro é acompanhada pela chegada da
Peste, o que obriga dos cidadãos a ficarem trancados em casa. Ou seja, não há
escapatória. O vampiro é imbatível e está disposto a dizimar a população da
cidade. Uma coisa realmente assustadora.
Além da fotografia, o filme também foi inovador pelo
fato de ser o primeiro filme rodado em locação. O filme teve locações na
Alemanha, principalmente na cidade de Wismar, além de locações em Lauenburg,
Rostock e em Sylt. Outras locações foram nos próprios Montes Cárpatos, principalmente
no Castelo de Orava, e também em Tatras Altos, na fronteira entre a Eslováquia
e a Polônia. De todas essas locações, a mais impressionante é o Castelo de
Orava, que serviu de cenário para o castelo do conde. Realmente, o lugar dá a
impressão de ser um castelo assombrado, com suas janelas enormes e portas que
se abrem sozinhas. Espetacular.
Porém, o melhor fica para o Conde Orlok. Sua
caracterização é absolutamente aterrorizante: o vampiro é alto, magro, veste-se
todo de preto, careca, com orelhas e unhas pontudas e dentes frontais afiados. É
uma figura digna de pesadelos. Segundo informações, Orlok é o mais próximo da
ideia original que Bram Stoker tinha de Drácula; ao contrário do conde charmoso
e aristocrático, ele seria repulsivo e nada atraente. Como ainda não li o
livro, não posso dizer se tal afirmação está correta, mas concordo com ela.
Provavelmente, Nosferatu
é conhecido também por sua história de bastidores problemática. O que
aconteceu foi que os realizadores, e principalmente o estúdio, a Prana-Films,
não consultaram a família de Stoker para comprar os direitos de adaptação,
talvez porque não sabiam, ou então, não se preocuparam. O fato é que a viúva do
autor ficou furiosa com todos os envolvidos, e mesmo com as alterações nos
nomes dos personagens, ela ordenou que as copias do filme fossem destruídas.
Felizmente, antes disso, algumas copias conseguiram ser levadas para fora da
Alemanha, o que possibilitou a exibição do filme fora do país. Ainda bem,
porque senão, o filme entraria para a lista de filmes perdidos, o que seria uma
lástima, porque, queira ou não, o filme é um registro histórico. Hoje em dia, é
considerado um dos filmes mais importantes da Alemanha, e um marco do
Expressionismo Alemão, e o filme mais famoso de Murnau.
Outra história de bastidores, aliás, uma lenda de
bastidores, é a de o ator Max Schreck era, de fato, um vampiro. Não sei de onde
tal boato surgiu, mas talvez tenha relação com seu sobrenome, que em alemão
significa “Medo” ou “Terror”. Seja como for, o fato é que esse boato ficou
conhecido por muito tempo. Outra história de bastidores que surgiu é a de o
produtor, Albin Grau, estava envolvido com ocultismo, e, inclusive, existe a
historia de que símbolos ocultistas estejam presentes na carta que Knock recebe
do Conde; e outra história de bastidores, envolve o provável envolvimento da
produtora Prana-Films com o Nazismo, e inclusive, o próprio filme foi
considerado como parte da propaganda antissemita. Se todos são verdade, talvez
nunca saibamos.
Mesmo quase 100 anos desde seu lançamento, o filme se
mantem muito forte, tendo influenciado uma série de outros filmes do gênero, e
também diversos cineastas, como por exemplo, o diretor Tim Burton, fã declarado
do Expressionismo Alemão, que homenageou o movimento, e o filme em Batman, o Retorno, com o vilão Max Schreck,
interpretado por Christopher Walken.
Em 1979, ganhou um excelente remake dirigido por Werner
Herzog, e estrelado por Klaus Kinski, Isabelle Adjani e Bruno Ganz.
Teve seus bastidores retratados no excelente A Sombra do Vampiro (2000), dirigido
por E. Elias Merhige, e estrelado por John Malkovich, no papel de Murnau, Willem
Dafoe, no papel de Schreck, e Udo Kier, como o produtor Albin Grau. Apesar de
focar nos bastidores da produção, o filme é uma obra de ficção, principalmente
porque faz uso da lenda de que Schreck era um vampiro de verdade. Mesmo assim,
é altamente recomendado.
Foi lançado em DVD por aqui pela Versátil Home Vídeo, primeiro na coleção Vampiros no Cinema, e depois na caixa Nosferatu – Edição Definitiva Limitada, juntamente com o excelente remake de 1979.
Enfim, Nosferatu é um Clássico do Cinema. Um filme verdadeiramente assustador, que ainda mantém seu impacto, quase 100 anos após seu lançamento. Uma história arrepiante, repleta de características que se tornariam parte do cinema de terror gótico, e que consegue assustar e provocar calafrios sem o menor esforço. A direção de F.W. Munrau torna o filme ainda mais belo e impressionante, com luzes e sombras distorcidas. A atuação de Max Schreck é o grande ponto do filme, e o ator dá vida a um personagem arrepiante, diabólico e repulsivo. A primeira adaptação registrada do clássico de Bram Stoker. Um marco do Expressionismo Alemão, e um dos Filmes Mais Assustadores da História. Obrigatório para fãs de cinema. Altamente recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
Faleceu hoje (31/out) o ator escocês Sean Connery. A noticia
foi divulgada pela BBC e confirmada pela família do ator. Connery tinha 90
anos.
Com mais de 50 anos de carreira, Sean Connery era
considerado um dos maiores atores de todos os tempos, tendo interpretado papeis
memoráveis no cinema. No entanto, foi reconhecido como o primeiro interprete do
agente secreto James Bond, cuja estreia no cinema aconteceu em 007 Contra o Satânico Dr. No (1962). O ator
voltaria a interpretar o agente secreto em outros cinco filmes.
Além de seu papel como James Bond, o ator também esteve
em outros clássicos do cinema, como Os Intocáveis
(1987), de Brian de Palma, pelo qual levou um Oscar® de Melhor Ator Coadjuvante,
Highlander, o Guerreiro Imortal (1986)
e O Nome da Rosa (1986), baseado no
romance de Umberto Eco.
Também esteve em filmes como O Mais Longo dos Dias (1962), considerado um dos maiores filmes de
guerra de todos os tempos; Marnie, Confissões
de Uma Ladra (1964), de Alfred Hitchcock; Zardoz (1973); Assassinato no
Expresso do Oriente (1974); Darby O’Gill
and the Little People (1959), da Disney; e A Rocha (1996).
Seus outros papeis de destaque foram em Robin Hood, o Príncipe dos Ladrões (1991),
onde interpretou o Rei Ricardo; Robin E Marian
(1976), onde interpretou Robin Hood; Lancelot,
o Primeiro Cavaleiro (1995), no papel do Rei Arthur; Coração de Dragão (1996), dando voz ao dragão Draco; e Indiana Jones e a Última Cruzada (1989),
interpretando o pai do arqueólogo mais famoso do cinema.
Além de ter recebido um Oscar® de Melhor Ator Coadjuvante,
também recebeu BAFTA, por sua atuação em O
Nome da Rosa, e um premio Life Achievement Award em 2006.
Apesar de sua extensa carreira, Sean Connery será
sempre lembrado como o primeiro e melhor interprete do agente secreto James Bond.
Um dos maiores atores de todos os tempos, deu vida a
personagens inesquecíveis, e deixou seu nome na historia do cinema para sempre.
Fica aqui a homenagem do Livros & Filmes de Horror a SEAN CONNERY, o eterno James Bond.
NOTA: 9
Como já mencionei em outras resenhas, o diretor Lucio
Fulci era o Padrinho do Gore. Desde que se aventurou no gênero terror, no final
dos 70, Fulci mostrou que entendia da arte de assustar o publico com cenas
repletas de sangue. Porém, antes de se tornar um dos mestres do terror da
Itália, Fulci resolveu se aventurar no Giallo, que na época, estava em alta no
país. O diretor iniciou a carreira no gênero com Uma Sobre a Outra (1969),
passando pelo polêmico O Segredo do Bosque dos Sonhos (1972), Premonição (1977), e este aqui, UMA LAGARTIXA NUM CORPO DE MULHER,
lançado em 1971.
O filme, que marca sua primeira parceria com a atriz
brasileira Florinda Bolkan, é um dos melhores exemplares do gênero. Com uma
trama cheia de mistérios e reviravoltas, o filme consegue prender a atenção do
espectador, e deixa-lo intrigado para resolver o mistério.
Como já disse outra vezes, o Giallo foi um subgênero
que, da mesma forma que o terror, por exemplo, teve suas variações, e esse
filme é uma delas. Sim, porque ele não apresenta o tradicional assassino de
luvas pretas que sai matando mulheres com requintes de crueldade. Aqui, a trama
é bem diferente; o roteiro apresenta uma ideia até original para o gênero, a
ideia de que, às vezes, nosso subconsciente nos prega peças. Não digo que esse
tema específico não foi abordado outras vezes em outras mídias, até acredito
que sim; estou dizendo que, no gênero Giallo, eu vi poucos filmes que tocaram
nesse assunto. Claro, a ideia da testemunha ocular que viu algo, mas não tem
certeza, é algo recorrente, mas não chegou a ser explorada por um viés
cientifico. Então, aqui, temos, sim, a protagonista que não sabe o que viu, mas
abordado de outra forma. Segundo o roteiro, tudo acontece no subconsciente da
personagem, que sofre de insônia e parece apresentar transtornos psicológicos.
Tal argumento é muito bem abordado pelo filme,
principalmente nas cenas de investigação, quando os policiais decidem
entrevistar o terapeuta. Admito que às vezes, as explicações dele parecem um
tanto confusas, mas, se fizermos um esforço, podemos entender o que está sendo
dito para nós, e até compreender a chave do mistério. Um mistério, que, como é
comum no gênero, só é revelado no final do filme.
O roteiro faz uso de algo que já vi em outros
exemplares. Em certo ponto da trama, as evidencias coletadas pela policia
apontam para um determinado personagem, apesar do mesmo negar sua participação
no caso. Pois bem, o filme utiliza desse argumento, e ao mesmo tempo, apresenta
outros personagens que podem também ser culpados pelo crime, o que obriga o
espectador a pensar um pouco mais. É uma tática muito boa, que funciona.
Eu confesso que na primeira vez que assisti ao filme,
tive minhas dúvidas, principalmente a respeito do crime e do titulo; mas,
conforme fui assistindo outras vezes, comecei a “pescar” as dicas apresentadas
no roteiro e passei a compreender o que estava sendo apresentado. É uma coisa
que acontece em muitos Gialli, porque as peças do quebra-cabeça nos são
entregues aos poucos, então, temos que raciocinar antes de começar a montá-lo.
Fulci faz uso desses enigmas com maestria, e consegue, sem esforço, deixar o
espectador em dúvida. Ouso até dizer que essa dúvida fica conosco até mesmo
depois do mistério ser resolvido, obrigando-nos a rever o filme.
Como mencionado acima, o filme marca a primeira
parceria entre o diretor e a atriz brasileira Florinda Bolkan. A performance da
atriz é excelente. Sua personagem parece tomada pela paranóia constante, provavelmente
ocasionada por seus problemas psicológicos. Florinda passa, com total
veracidade, tudo aquilo que a personagem está sentindo, seja medo, duvida,
ódio... uma atuação excelente. Seus colegas de elenco não ficam atrás. O ator
Jean Sorel, que já trabalhou com o diretor em Uma Sobre a Outra, também
entrega uma ótima performance como o marido da protagonista; mas, quem rouba a
cena, de fato, é o ator Stanley Baker, no papel do inspetor encarregado do
caso; parece mesmo que ele é um policial, que não mede esforços para resolver o
enigma e prender o culpado. Os outros atores também entregam boas atuações, e
seus personagens também tornam-se criveis. Porem, o filme tem um defeito. A
vizinha da protagonista é interpretada pela atriz Anita Strindberg,
não-creditada. Eu sei que ela é uma das musas do Giallo, mas, como disse na
resenha de No Quarto Escuro de Satã, eu não gosto dela, não acho que seja
uma boa atriz. Sua participação no filme é pouca, mas, mesmo assim, não me
agrada.
O responsável pelos efeitos especiais foi o mestre
Carlo Rambaldi, famoso por criar o monstro de Alien, o 8º Passageiro e
o E.T. de E.T., o Extraterrestre. Com vasto currículo, Rambaldi já
trabalhou com alguns mestres do cinema, e no terror, seus truques merecem ser
mencionados. Como já sabemos, Fulci tornou-se conhecido por ser o Padrinho do
Gore, algo que desempenhou com maestria. Pois bem, mesmo não sendo um filme de
terror, aqui temos alguns efeitos de gore, principalmente nos sonhos da
protagonista. E Fulci já deu uma amostra do que faria no futuro, porque o gore
é caprichado, com direito a tripas expostas e sangue escorrendo. Porem, a cena
mais famosa do filme é a tal “cena dos cachorros”, que causou um grande
alvoroço na época, devido a sua veracidade. O caso foi tanto que Rambaldi teve
de levar os bonecos para o tribunal, a fim de provar que não eram verdadeiros.
A cena é, de fato, chocante e impressionante. Um verdadeiro tapa na cara.
Além dos efeitos especiais de Carlo Rambaldi, o filme
também contou com a trilha sonora do grande Maestro Ennio Morricone. A trilha
do Maestro é excelente, com aspecto de fantasia, principalmente nas sequencias
de sonho da protagonista. Nas cenas de suspense, a trilha muda de foco,
tornando-se até um pouco sombria. Um belo exemplo do trabalho promissor do
saudoso Maestro Ennio Morricone.
Para finalizar, vou destacar a sequencia em que a
protagonista é perseguida por um dos suspeitos do crime dentro do Alexander
Palace. Mesmo não sendo um filme de terror, esse é o momento mais assustador do
filme, porque é impossível saber o que vai acontecer. A tensão está presente em
todos os momentos, e parece que vai aumentando a medida que o homem se aproxima
dela. Uma sequencia impressionante, digna de pesadelos.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo
na coleção Giallo Vol.2, em
excelente versão restaurada.
Enfim, Uma
Lagartixa Num Corpo de Mulher é um filme excelente. Uma historia enigmática
de investigação policial, com elementos de erotismo e terror. Um roteiro muito
bem escrito, que não entrega de cara a solução para o espectador, obrigando-o a
raciocinar conforme vai acompanhando o filme. Uma direção madura de Lucio Fulci
contribui para deixar o filme ainda melhor, combinado com a excelente atuação
da atriz brasileira Florinda Bolkan. Um excelente exemplar do gênero Giallo.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
NOTA: 9
UM OTIMISTA
INCORRIGÍVEL, do ator Michael J. Fox, é um livro excelente. Um relato
verdadeiro e corajoso de uma pessoa portadora do Mal de Parkinson, ou Doença de
Parkinson, conforme mencionado no livro.
O que o torna um livro especial, é a capacidade que
Fox tem de descrever a sua rotina com a doença, sem medo de esconder nada,
expondo suas maiores dificuldades diárias, em todos os setores em que atua, o
trabalho, a política, a família e a fé. Em cada um desses segmentos, ele faz um
relato de como vive seu dia, e como a doença interfere em seu desenvolvimento,
e como, infelizmente, ela também o atrapalha.
Fox deixa claro que não é fácil viver com Parkinson,
principalmente por causa das características da doença, sendo os tremores as
mais comuns. Ele expõe a difícil tarefa de controla-los, desde as primeiras
horas do dia, e, durante a leitura, fica fácil entender o motivo. Mesmo não
tendo, e nem conhecendo ninguém que tem a doença, eu consigo entender as dificuldades
do ator, e como deve ser difícil lutar contra algo que você não pode controlar.
E ele faz sempre questão de expor essa luta constante.
A escrita do livro é muito boa. Parece que Fox está
escrevendo um diário e mostrando para nós, para que soubéssemos da sua luta
contra a doença, e principalmente, da luta para encontrar a cura, algo que ele
tem feito praticamente desde divulgou para o mundo que era portador da doença.
Nos capítulos referentes ao trabalho e à política,
ele deixa isso muito claro, descrevendo sua luta para encontrar a cura, com a
ajuda da sua Fundação, montada em 2000; além disso, ele também se mostra um
defensor das pesquisas com células-tronco, que podem ter um papel muito
importante na batalha contra o Parkinson.
Nos demais capítulos, ele relata a sua convivência
com a família, desde o nascimento de seu primeiro filho, até o nascimento de
sua última filha. É um dos melhores momentos do livro, porque, de certa forma,
não é difícil não se emocionar e até mesmo rir com o que o ator escreve, como
por exemplo, a primeira vez que seu filho andou de bicicleta ou o Bar e o Bat mitzvá deles. São de fato, belos momentos, assim como a viagem
de carro que ele fez com o pai quando criança. Ele também relata as
dificuldades que enfrentou como pai de primeira viagem, principalmente por não
tinha mais o próprio pai para ajuda-lo, entre outras coisas.
O livro é, sem dúvida, o relato de um lutador. Um
homem que teve sua vida mudada de maneira brusca, sem opção de escolha. É o
tipo de livro que qualquer pessoa deveria ler. É um livro que faz jus ao
título, porque, o próprio Fox admite que nunca desistiu de encontrar uma
solução para sua condição, mesmo tendo pensado em desistir no início; mas,
motivado pela família e pela fé, ele resolveu se erguer e encontrar uma saída.
Infelizmente, até hoje, a cura para o Parkinson não foi encontrada; no entanto,
a luta de Michael J. Fox em encontra-la serviu e serve de inspiração para
muitos.
Altamente recomendado.
Acesse também:
https://livrosfilmesdehorror.home.blog/
NOTA: 8
O diretor Sergio Martino resolveu ingressar no gênero Giallo em 1971, com o ótimo O Estranho Vício da Senhora Wardh, onde iniciou uma caprichada parceria com os atores Edwige Fenech e George Hilton, que formaram um dos casais mais famosos do gênero. E aqui, ele repete a parceria com a atriz, agora interpretando uma vilã.
NO QUARTO ESCURO DE SATÃ é a terceira excursão de Martino no gênero, e um dos melhores. Mesmo não contanto com a trama clássica de assassinatos misteriosos, Martino fez um ótimo trabalho novamente, dando ao filme um aspecto interiorano e convidativo.
Como mencionei na resenha de Torso, essa é uma das melhores características de alguns dos Gialli do diretor, e ajudam a torna-los ainda mais atraentes. De verdade, são filmes que podem ser assistidos no final de semana a tarde, e a sensação que fica é muito boa, parece que combina. É o tipo de coisa que torna o Giallo um gênero tão agradável.
Ao contrario de seus compatriotas, Martino não optou pelas características clássicas do gênero – somente em O Estranho Vício e Torso – , deixando a figura do assassino mais de lado, e aqui não é diferente. E isso faz total sentido, uma vez que mudanças na estrutura dos filmes do gênero eram muito bem-vindas, e vários cineastas optaram por usá-las, o que deu uma certa variada. Eu pessoalmente sou fã do Giallo Clássico, com o assassino de luvas pretas, mas não vejo problema em assistir a um exemplar diferente.
Bem, aqui, existe, sim a figura do assassino misterioso, mas, ele mesmo não faz parte da trama central. A trama central envolve o estranho triangulo sexual – não dá pra chama-lo de “triangulo amoroso” de jeito nenhum – formado pelos personagens principais, um triangulo repleto de submissão, sexo e violência. No fundo, essa é a essência do filme, uma historia de violência e tortura psicológica, e o diretor não poupa o espectador. Se você acha filmes com essa temática muito pesados, então, não recomendo este aqui. Grande parte da violência é desencadeada pelo personagem Oliviero, escritor decadente e alcóolatra. O personagem é terrível; humilha e tortura psicologicamente a esposa, seja em particular, seja em público, tem um caso com uma ex-aluna e com a empregada da casa e trata todos ao seu redor com desprezo. A única criatura que não sofre em suas mãos é o seu gato preto, Satã. Irina, sua esposa, é típico exemplo de personagem submisso. Vive sempre triste e com medo das agressões do marido; e Floriana é a mulher sedutora da cidade grande. Outros personagens como a empregada da mansão; uma senhora catadora de lixo; os policiais que investigam os homicídios; uma jovem prostituta e sua tia cafetina; e o dono da livraria, completam o elenco da trama, e todos eles são estranhos, cada um a sua maneira, o que é comum, ao meu ver.
Como mencionado, o diretor Martino repete aqui a parceria com a atriz Edwige Fenech, um dos grandes símbolos sexuais da época. Ao contrario do filme anterior, aqui ela interpreta uma personagem sem escrúpulos, que seduz tanto o casal principal, quanto um dos moradores da cidade, e sua atuação é fantástica. Acredito que não haveria atriz melhor para interpretar o papel, visto que é uma personagem cheia de sensualidade, e, francamente, a atriz era muito sensual. Da mesma forma que no filme anterior – e nos demais onde trabalharam juntos – , o diretor não faz pudor ao mostra-la nua.
Mas, apesar de ser um filme muito bom, ele também tem seus defeitos. Na minha opinião, o maior deles é a atriz Anita Strinberg, que interpreta Irina, a esposa de Oliviero. Eu sei que, assim como o Slasher, o Giallo também teve suas musas, e a atriz é considerada uma delas, mas eu pessoalmente não gosto dela. Eu não acho que ela entrega uma boa atuação, e aqui, a sua personagem passa o filme todo chorando e gritando, e mesmo quando acontece a reviravolta, a atuação dela não melhora. O ator Ivan Rassimov, outro colaborador frequente do diretor, também está nesse filme, no papel de um personagem misterioso, que infelizmente, quase não possui relevância para a historia, mesmo na hora da reviravolta. Sinceramente, acho que ele nem precisava estar no filme. E a sequencia dos créditos de abertura é muito lenta, tanto que eu pulo sempre que vejo o filme. E os miados do gato são muito irritantes.
Mesmo com esses problemas, No Quarto Escuro de Satã é um filme muito bom. Como eu disse, possui uma atmosfera de interior, que o torna ainda mais charmoso. Parte disso vem da própria ambientação. As locações são belíssimas, típicas do interior da Itália. A mansão do escritor também, com seus corredores vazios, janelas enormes, exterior todo deteriorado... O tipo de casa onde alguma coisa desagradável pode acontecer, e também, convidativa.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo,
em versão restaurada, na coleção Giallo Vol.3.
Enfim, No Quarto Escuro de Satã é um ótimo exemplar do gênero Giallo. Tem um clima interiorano que o torna mais charmoso. Além disso, sua trama é repleta de situações rocambolescas, onde nada e ninguém é o que aparenta ser. Uma historia de violência e tortura muito bem contada, que chama a atenção. Uma direção segura e criativa, e uma trilha sonora calma e tensa ao mesmo tempo. Um dos melhores filmes do diretor Sergio Martino. Recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
NOTA: 10 LISA E O DIABO é um filme belíssimo. Uma história de horror, fantasia e mistério contada com a maestria do Maestro Mario Ba...