segunda-feira, 23 de maio de 2022

A HORA DO PESADELO 3 – OS GUERREIROS DOS SONHOS (1987). Dir.: Chuck Russell.

 

NOTA: 9.5



Em 1984, quando lançou A Hora do Pesadelo, Wes Craven não sabia o quão importante seu filme seria para o gênero, e o quão popular o seu vilão, o assassino Freddy Krueger, se tornaria ao longo dos anos. O sucesso do primeiro filme motivou os donos da New Line a transformar o filme em uma franquia de sucesso.

 

A HORA DO PESADELO 3 – OS GUERREIROS DOS SONHOS, lançado em 1987 e dirigido por Chuck Russell, é a segunda continuação da franquia, e um dos favoritos dos fãs.

 

Motivos para isso não faltam. A Hora do Pesadelo 3 é sem dúvida um dos melhores da franquia, isso graças ao retorno de Craven à franquia, após se recusar a participar do filme anterior, porque ele nunca considerou a possibilidade de criar uma continuação. Pois bem, aqui, Craven retornou e fez um ótimo trabalho, ao lado de Frank Darabont, Bruce Wagner e do diretor. No entanto, o roteiro de Craven sofreu mudanças – mais detalhes sobre isso adiante.

 

Fazendo uma análise, é justo dizer que este é um dos melhores da franquia, não apenas por causa do roteiro, mas por causa do filme como um todo. Tem uma ótima direção, uma fotografia excelente, que assim como no primeiro filme, não faz distinção entre o que é real e o que sonho, um elenco afiado e efeitos especiais dignos de nota.

 

Sem dúvida, um dos atrativos do filme é a volta de Heather Langenkamp, interpretando a mocinha Nancy Thompson pela segunda vez, aqui, uma especialista em sonhos que auxilia as novas vítimas de Krueger. Eu pessoalmente considero a presença da personagem algo inesperado, porque à primeira vista, nós pensamos que o roteiro vai focar em novos personagens, mas então temos essa surpresa. E o melhor é que Nancy continua sendo a personagem forte do primeiro filme, disposta a tudo para salvar as crianças das garras do vilão. Além dela, temos também o retorno de John Saxon, reprisando seu papel como o Tenente Thompson, aqui em estado de decadência. Apesar da pouca presença, o personagem também tem sua importância para a trama.

 

Além dos personagens clássicos, temos também os novos jovens, internados na clínica psiquiátrica por diferentes motivos, mas que na hora de dormir, são atormentados por Krueger. Cada um tem a sua característica própria, que será usada mais tarde na trama para combater o vilão; mas ao mesmo tempo, servem como alvo para ele, visto que Krueger usa dessas mesmas características para mata-los, vide a cena da marionete, por exemplo – a melhor do filme.

 

Aqui temos também a introdução de novas vítimas para Krueger, algo explorado nas demais continuações, e que pessoalmente, eu gosto muito, pois mostra que o vilão é uma entidade universal, que assombra os sonhos de todos, sem distinção.

 

No entanto, a melhor coisa do filme é sem dúvida o vilão – e sempre será. Aqui, temos um Freddy Krueger mais poderoso, capaz de se transformar em muitas coisas para caçar os jovens: uma minhoca gigante, uma televisão e até um ser celestial. Quem leva o crédito, claro, é o ator Robert Englund, completamente à vontade no papel, já dando os primeiros sinais de humor negro, algo muito debatido pelos fãs.

 

Além de seus novos poderes, o vilão também ganha uma origem, na forma de uma misteriosa freira que aparece para o Dr. Gordon ao longo do filme: Krueger é o filho bastardo de um grupo de maníacos que estupraram uma jovem funcionaria do antigo sanatório onde ela trabalhava. Origem mais cruel que essa, não sei se conheço.

 

Além de sua origem, temos aqui o retorno de Kevin Yagher e Mark Shostrom na maquiagem, e ambos fizeram um trabalho incrível, um dos melhores da franquia. E claro, temos também os efeitos especiais, principalmente ópticos e stop-motion. Mesmo parecendo datados para os mais exigentes, eu gosto muito deles, principalmente do esqueleto em stop-motion de Freddy.

 

Porém, apesar de muito legal, o esqueleto faz parte do momento mais fraco do filme, onde os heróis precisam enterrar os restos de Krueger em solo sagrado, mas o enterram no ferro-velho. Mesmo tendo apresentado uma resposta para o problema, eu não sou muito fã dessa parte; acho que poderiam ter levado os restos para o cemitério e enterrado lá.

 

Antes de encerrar, eu comentei que o roteiro original de Craven sofreu mudanças, o que deixou o cineasta infeliz. De fato, Craven tinha uma ideia diferente para o filme: ele queria fazer uma história sobre metalinguagem, apresentando Krueger no mundo real e ameaçando os envolvidos com a produção – algo que ele utilizou no excelente O Novo Pesadelo de Wes Craven (1994), que ele escreveu e dirigiu. A ideia foi descartada e os demais roteiristas foram chamados para completar o trabalho, entre eles, Frank Darabont, em uma passagem curiosa pela franquia.

 

Mas apesar das mudanças no roteiro, A Hora do Pesadelo 3 foi bem de bilheteria e até hoje é considerado um dos melhores da franquia.

 

A franquia foi lançada em VHS, DVD e Blu-ray no Brasil ao longo dos anos, mas atualmente, está fora de catálogo.

 

Enfim, A Hora do Pesadelo 3 é um dos melhores da franquia. Um filme onde todos os detalhes contribuem para seu sucesso. Freddy Krueger está em forma aqui, apresentando seus poderes pela primeira vez e matando de maneiras criativas e carregadas de humor negro. O retorno de personagens clássicos, além de Wes Craven, deixa o filme ainda melhor. Um filme excelente.



 

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