NOTA: 8.5
Entre 1972 e 1975, o diretor espanhol Amando de
Ossorio lançou a sua quadrilogia dos mortos-vivos cegos, que se tornaram cults graças à originalidade do cineasta
ao criar os seus zumbis.
Eu já falei sobre o primeiro filme da franquia, A Noite do Terror Cego (1972), e hoje
vou falar sobre O RETORNO DOS
MORTOS-VIVOS, segundo filme da franquia, lançado um ano após o primeiro.
Este aqui é um dos meus favoritos da franquia, porque
é um dos que eu mais vi, e toda vez eu me divirto, seja pelas situações
inusitadas, seja pela trama, seja pelo filme em si.
Assim como no primeiro, Ossorio criou um novo
conceito para os zumbis, aqui no caso, para os seus templários cegos, mais
detalhes adiante.
A primeira coisa que se torna evidente é o modo como
o roteiro do cineasta aborda a origem os templários neste aqui: eles eram
cavaleiros que praticavam magia negra e foram condenados e tiveram seus olhos
queimados. Ou seja, o cineasta deu uma nova origem para seus zumbis, algo que
se tornaria comum na franquia daqui para frente.
Mas isso não torna o filme menos divertido, pelo
contrário. Essa mudança na origem dos templários a cada filme faz parte do
charme da franquia e contribui para deixa-la mais divertida a cada filme.
Vamos falar também sobre o roteiro. Aqui, nós somos
apresentados à um evento que acontece no vilarejo há muito tempo, uma festa em
homenagem à execução dos templários, e logo no inicio, somos apresentados aos
preparativos para o evento. É uma boa estratégia de roteiro, porque, mais para
frente, quando os templários surgem, alguns personagens são desacreditados
pelos outros, por acharem que os mesmos estão sob efeito de álcool. Eu gosto de
filmes que abordam festivais e outros eventos, porque passa a sensação de ser
algo importante para a trama, e aqui é um exemplo.
Além do roteiro inteligente, temos também ótimos
personagens. O personagem principal, Jack Marlowe, é um ex-policial que foi
contratado para supervisionar a festa, comandada pelo prefeito corrupto, o
senhor Duncan. O par romântico de Marlowe é a noiva do prefeito, que conheceu
Jack no passado. E temos também o guarda costa do prefeito, Dacosta, que possui
certo interesse em Vivian, a noiva do chefe. E por fim, um corcunda chamado
Murdo, que no inicio, se mostra como sendo servo dos templários, mas muda de
lado após ser traído por eles.
Aliados a eles, temos os personagens secundários, que
estão ali apenas para serem mortos pelos zumbis, e alguns até que têm certa
importância no começo da historia, mas depois são deixados de lado.
No entanto, apesar do roteiro inteligente, Ossorio
faz uso dos mesmos artifícios que utilizou no filme anterior, então aqui temos
novamente personagens masculinos que desprezam as mulheres, e as transformam em
meros objetos sexuais, ou então as tratam de maneira inferior. Assim como no
primeiro, eu fico pensando que, em tempos de feminicídio, com os números
aumentando a cada ocorrência, se esses filmes seriam bem vistos hoje em dia;
com certeza, não.
Assim como todo filme de zumbi, O Retorno dos Mortos-Vivos serve também como uma espécie de critica
à corrupção, visto que, assim que os templários atacam a cidade, Duncan trata
de pegar seu dinheiro e fugir dali. E temos também uma comparação com o clássico
de Romero, visto que os personagens ficam presos em um local fechado, cercados
pelos zumbis, algo assumidamente inspirado por Ossorio.
Acima, eu mencionei a festa em homenagem à execução
dos templários, e devo dizer que, assim como em todo filme de terror em que
ocorre um evento, o mesmo é destruído, nesse caso, pelos templários. Os
cavaleiros fazem um estrago no lugar, matando as pessoas com golpes de espada
enquanto elas tentam fugir. É a melhor sequencia do filme, sem duvida.
A sequencia na igreja, com os personagens trancados
também é boa, e os personagens fazem o que podem para controlar a situação,
mesmo que no final as coisas não acabem bem para alguns deles.
E claro, antes de encerrar, temos os zumbis cegos.
Aqui, como no primeiro, eles são retratados como caveiras que andam a cavalo
pelo campo, desprovidos de olhos, mas que conseguem caçar suas presas por meio
do som. Claro, não estão melhores do que no primeiro filme, mas é sempre um
prazer vê-los cavalgando em câmera lenta pelos cenários, e também quando atacam
os personagens a pé.
Como mencionado no inicio do texto, O Retorno dos Mortos-Vivos faz parte da
Quadrilogia dos Mortos-Vivos Cegos, criada por Ossorio, e lançada entre 1971 e
1972. Os demais filmes são O Galeão
Fantasma (1974) e A Noite das
Gaivotas (1975), que, assim como este, mudam a historia da origem dos
templários, assim como a ambientação. Segundo o próprio Ossorio, havia planos
para um quinto filme, mas divergências criativas e problemas com orçamento
levaram o cineasta a abortar seus planos. Atualmente, a quadrilogia possui
status de cult entre os fãs de
terror.
Foi lançado no Brasil em DVD pela Versátil Home Vídeo
na coleção Os Mortos-Vivos Cegos,
que reúne os quatro filmes da franquia.
Enfim, O
Retorno dos Mortos-Vivos é um ótimo filme. Um longa divertido e assustador,
contado com a maestria e originalidade impares do diretor Amando de Ossorio. Um
roteiro inteligente e personagens carismáticos também contribuem para deixar o
filme melhor a cada revista. Os zumbis templários cegos são o grande destaque,
com seu visual original e assustador. Altamente recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo. |
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