segunda-feira, 31 de julho de 2023

O RETORNO DOS MORTOS-VIVOS (1973). Dir.: Amando de Ossorio.

 

NOTA: 8.5


Entre 1972 e 1975, o diretor espanhol Amando de Ossorio lançou a sua quadrilogia dos mortos-vivos cegos, que se tornaram cults graças à originalidade do cineasta ao criar os seus zumbis.

 

Eu já falei sobre o primeiro filme da franquia, A Noite do Terror Cego (1972), e hoje vou falar sobre O RETORNO DOS MORTOS-VIVOS, segundo filme da franquia, lançado um ano após o primeiro.

 

Este aqui é um dos meus favoritos da franquia, porque é um dos que eu mais vi, e toda vez eu me divirto, seja pelas situações inusitadas, seja pela trama, seja pelo filme em si.

 

Assim como no primeiro, Ossorio criou um novo conceito para os zumbis, aqui no caso, para os seus templários cegos, mais detalhes adiante.

 

A primeira coisa que se torna evidente é o modo como o roteiro do cineasta aborda a origem os templários neste aqui: eles eram cavaleiros que praticavam magia negra e foram condenados e tiveram seus olhos queimados. Ou seja, o cineasta deu uma nova origem para seus zumbis, algo que se tornaria comum na franquia daqui para frente.

 

Mas isso não torna o filme menos divertido, pelo contrário. Essa mudança na origem dos templários a cada filme faz parte do charme da franquia e contribui para deixa-la mais divertida a cada filme.

 

Vamos falar também sobre o roteiro. Aqui, nós somos apresentados à um evento que acontece no vilarejo há muito tempo, uma festa em homenagem à execução dos templários, e logo no inicio, somos apresentados aos preparativos para o evento. É uma boa estratégia de roteiro, porque, mais para frente, quando os templários surgem, alguns personagens são desacreditados pelos outros, por acharem que os mesmos estão sob efeito de álcool. Eu gosto de filmes que abordam festivais e outros eventos, porque passa a sensação de ser algo importante para a trama, e aqui é um exemplo.

 

Além do roteiro inteligente, temos também ótimos personagens. O personagem principal, Jack Marlowe, é um ex-policial que foi contratado para supervisionar a festa, comandada pelo prefeito corrupto, o senhor Duncan. O par romântico de Marlowe é a noiva do prefeito, que conheceu Jack no passado. E temos também o guarda costa do prefeito, Dacosta, que possui certo interesse em Vivian, a noiva do chefe. E por fim, um corcunda chamado Murdo, que no inicio, se mostra como sendo servo dos templários, mas muda de lado após ser traído por eles.

 

Aliados a eles, temos os personagens secundários, que estão ali apenas para serem mortos pelos zumbis, e alguns até que têm certa importância no começo da historia, mas depois são deixados de lado.


No entanto, apesar do roteiro inteligente, Ossorio faz uso dos mesmos artifícios que utilizou no filme anterior, então aqui temos novamente personagens masculinos que desprezam as mulheres, e as transformam em meros objetos sexuais, ou então as tratam de maneira inferior. Assim como no primeiro, eu fico pensando que, em tempos de feminicídio, com os números aumentando a cada ocorrência, se esses filmes seriam bem vistos hoje em dia; com certeza, não.

 

Assim como todo filme de zumbi, O Retorno dos Mortos-Vivos serve também como uma espécie de critica à corrupção, visto que, assim que os templários atacam a cidade, Duncan trata de pegar seu dinheiro e fugir dali. E temos também uma comparação com o clássico de Romero, visto que os personagens ficam presos em um local fechado, cercados pelos zumbis, algo assumidamente inspirado por Ossorio.

 

Acima, eu mencionei a festa em homenagem à execução dos templários, e devo dizer que, assim como em todo filme de terror em que ocorre um evento, o mesmo é destruído, nesse caso, pelos templários. Os cavaleiros fazem um estrago no lugar, matando as pessoas com golpes de espada enquanto elas tentam fugir. É a melhor sequencia do filme, sem duvida.

 

A sequencia na igreja, com os personagens trancados também é boa, e os personagens fazem o que podem para controlar a situação, mesmo que no final as coisas não acabem bem para alguns deles.

 

E claro, antes de encerrar, temos os zumbis cegos. Aqui, como no primeiro, eles são retratados como caveiras que andam a cavalo pelo campo, desprovidos de olhos, mas que conseguem caçar suas presas por meio do som. Claro, não estão melhores do que no primeiro filme, mas é sempre um prazer vê-los cavalgando em câmera lenta pelos cenários, e também quando atacam os personagens a pé.

 

Como mencionado no inicio do texto, O Retorno dos Mortos-Vivos faz parte da Quadrilogia dos Mortos-Vivos Cegos, criada por Ossorio, e lançada entre 1971 e 1972. Os demais filmes são O Galeão Fantasma (1974) e A Noite das Gaivotas (1975), que, assim como este, mudam a historia da origem dos templários, assim como a ambientação. Segundo o próprio Ossorio, havia planos para um quinto filme, mas divergências criativas e problemas com orçamento levaram o cineasta a abortar seus planos. Atualmente, a quadrilogia possui status de cult entre os fãs de terror.

 

Foi lançado no Brasil em DVD pela Versátil Home Vídeo na coleção Os Mortos-Vivos Cegos, que reúne os quatro filmes da franquia.

 

Enfim, O Retorno dos Mortos-Vivos é um ótimo filme. Um longa divertido e assustador, contado com a maestria e originalidade impares do diretor Amando de Ossorio. Um roteiro inteligente e personagens carismáticos também contribuem para deixar o filme melhor a cada revista. Os zumbis templários cegos são o grande destaque, com seu visual original e assustador. Altamente recomendado. 


Créditos: Versátil Home Vídeo.

Acesse também:

https://livrosfilmesdehorror.home.blog/

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