NOTA: 8.5
Entre 1958 e 1974, a Hammer Films produziu uma série
de filmes protagonizados pelo Conde Drácula, criado pelo escritor Bram Stoker.
Ao todo, foram nove filmes, sete deles estrelados pelo grande Christopher Lee,
no papel que o consagrou como astro do horror. Somente dois filmes não contaram
com o astro no elenco.
DRÁCULA – O
PERFIL DO DIABO, de 1968, é o quarto filme da série, e o terceiro a contar
com o astro no elenco.
Me arrisco a dizer que este é um dos meus favoritos,
porque é um dos que eu mais assisto e sempre me divirto com ele. E temos
motivos para isso. O filme é muito bem feito, bem dirigido, bem atuado, possui
um clima de horror predominante e momentos de arrepiar.
O filme foi dirigido por Freddie Francis, um dos
grandes nomes do cinema britânico, que teve grande passagem pelo terror, tanto
na Hammer quanto na Amicus. Graças a sua direção, temos aqui um filme colorido,
que aposta em ótimos efeitos de câmera para criar as cenas de horror.
Além da direção competente, temos também um ótimo
elenco, que não faz feio em suas performances – tirando algumas cenas
envolvendo o monsenhor – e criam personagens cativantes que fazem o publico
simpatizar com eles. Este aqui não foi o pioneiro – no filme anterior já
tivemos isso – mas aqui foi a primeira vez que vemos um jovem casal lutando
contra o vilão, algo que foi aproveitado nos demais filmes da saga; em Drácula – O Príncipe das Trevas,
tivemos a presença do casal protagonista, mas eles eram casados e adultos, aqui
é o oposto.
Além do casal protagonista, temos também o personagem
do monsenhor, interpretado por Rupert Davies, e o ator não faz feio. Seu
personagem é um homem devoto, que sempre espalha a palavra de Deus a todos e
não pensa duas vezes antes de questionar se alguém não segue a religião, como
vimos na cena de sua introdução, quando vê a igreja vazia e questiona o padre
local. O padre também é um bom personagem, e carrega o peso de servir de lacaio
para o vilão, e em todas as cenas, ele exibe o peso que é tal tarefa. Isso é
uma característica que gosto em personagens assim, porque eles aparentam sempre
estar carregando o mundo nas costas e não aguentam o peso de tal
responsabilidade, sempre tentando encontrar um modo de se livrar do peso; e
quando seu calvário acaba, você também se sente aliviado.
E claro temos também os coadjuvantes, e eles também
não fazem feio. Todos são carismáticos e simpáticos, principalmente o dono da
padaria onde o protagonista trabalha, interpretado pelo ator Michael Ripper, em
um dos poucos papeis que me agradam nessa saga. Temos também a segunda escrava
do vilão, que realmente parece ter ciúmes quando o mesmo demonstra interesse
pela mocinha.
E antes de falar sobre o astro, vou falar sobre o
casal protagonista. Conforme mencionado acima, aqui é a primeira vez que temos
um jovem casal lutando contra o vilão, e os personagens são muito bons. Paul é
um rapaz de bem, estudioso e dedicado; e Maria é a típica jovem virginal,
apaixonada pelo rapaz, que faz o que pode para estar com ele, e que acaba
caindo nas garras do vilão. Os dois atores estão muito bem no papel, e me arrisco
a dizer que eles são o melhor casal protagonista da saga, ao lado do casal do
filme anterior. Aliás, um detalhe. O protagonista se chama Paul, e, por alguma
razão, nos dois filmes seguintes, também teríamos dois personagens com o mesmo
nome – talvez seja falta de imaginação do roteirista, ou coincidência.
Infelizmente, o mesmo carisma do casal protagonista não seria repetido nos
filmes seguintes, principalmente em O
Conde Drácula (1970).
E claro, não posso deixar essa resenha acabar sem
mencionar o astro. Como sempre, Christopher Lee faz bonito no papel do vilão,
sempre com sua elegância e ar ameaçador. Eu já vi na internet que aqui temos um
Drácula mais perverso que nos filmes anteriores, e talvez seja verdade, visto
que o vilão não poupa ninguém e está sempre com sangue nos olhos –
literalmente. O Drácula de Christopher Lee é excelente, e sempre passa um ar de
medo toda vez que aparece em cena, e isso seria repetido nos filmes seguintes.
Conforme mencionei acima, o diretor Francis faz um
ótimo trabalho na direção e faz uso de ótimos especiais para criar atmosfera. O
mais notável acontece nas cenas envolvendo o vilão, onde provavelmente o
diretor de fotografia colocou um efeito vermelho em torno da cena, para dar a
impressão de algo demoníaco. O efeito é muito bom e dá um ar mais diabólico
para o filme e também para as cenas que envolvem o vampiro.
Drácula – O
Perfil do Diabo foi lançado em DVD no Brasil pela DarkSide Distribuidora,
em um box contendo todos os filmes da franquia. Atualmente, tal edição está
fora de catálogo.
Enfim, Drácula – O Perfil do Diabo é um filme muito bom. Um filme com uma atmosfera arrepiante e demoníaca, que fica melhor a cada revisão. A direção e as atuações fazem um ótimo trabalho, e os atores criam personagens carismáticos e convincentes. A presença do astro Christopher Lee é o grande destaque, e o ator faz bonito em sua performance como o vilão, e cria um Drácula perverso e demoníaco. Um dos melhores da saga do Drácula da Hammer Filmes. Recomendado.
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