NOTA: 8.5
Eu não assisti a muitos filmes de bruxaria, mas digo
que A FILHA DE SATÃ é um dos
melhores, e um dos meus filmes de terror favoritos.
Lançado em 1962, e distribuído nos Estados Unidos pela
lendária American International Pictures, este é um filme com uma atmosfera
sinistra que se predomina desde o começo e vai até o final, construída com uma
grande maestria.
Desde a primeira vez que assisti a esse filme, fui
tomado por uma sensação de nostalgia – mesmo não tendo vivido naquela época – e
uma conexão com os filmes de horror produzidos na Inglaterra naquela época,
principalmente aqueles produzidos pela lendária Hammer.
Em vários momentos, o filme lembra as produções contemporâneas
da Hammer, principalmente por causa da atmosfera e da ambientação britânica.
Mas não é apenas a ambientação que torna esse um dos
meus filmes de terror favoritos; o roteiro, escrito por Richard Matheson e
Charles Beaumont, a partir de um conto de Fritz Leiber, é muito bom e aposta
pouco a pouco na questão da bruxaria, deixando no inicio, um clima de mistério,
principalmente a respeito da relação entre o casal de protagonistas e os
personagens secundários, que os tratam de maneira diferente. No entanto, após descobrirmos
que Tansy, esposa do professor Norman Taylor, é uma bruxa, o roteiro aposta a
fundo no tema da bruxaria, com direito a feitiços e objetos sagrados.
Após revelar que Tansy é uma bruxa, o roteiro nos
mostra o quão perigosa a vida do casal se torna, principalmente a vida de Norman,
a começar pela falsa acusação de assedio por uma garota que o admirava nas
salas de aula; em seguida, o namorado da garota o ameaça com um revolver. Eu gosto
muito dessa primeira ameaça à vida de Norman porque remete a um filme de
suspense passional.
Outra coisa muito boa que o roteiro faz é deixar em
aberto até perto do final se o que está acontecendo ao casal é fruto de
bruxaria ou não, e faz isso muito bem, porque deixa essa duvida no ar, até
chegar ao final, quando a verdadeira vilã é revelada – não direi quem é para não
dar spoilers.
Além do roteiro, a direção de Sidney Hayers é muito
boa, e o cineasta arranca ótimas performances de seus atores, mesmo aqueles que
interpretam papeis secundários. De todos os atores, o casal protagonista está
muito bem aqui, principalmente o ator Peter Wyngarde, que interpreta o cético professor
Norman. O ator convence muito bem, passando o ceticismo com naturalidade. Este é
um dos melhores personagens do cinema de horror na minha opinião.
No seu país da origem, foi lançado com o título Night of the Eagle, que remete ao final
do filme, quando a vilã faz uma bruxaria para atacar o protagonista e faz uma
estatua de uma águia ganhar vida. Alias, as estatuas de águias são elementos
importantes na narrativa, presentes desde a primeira cena, dando uma espécie de
pressagio do que vai acontecer ao longo do filme.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo
na coleção Obras-Primas do Terror 4,
em versão restaurada.
Enfim, A Filha
de Satã é um filme muito bom. Uma historia de bruxaria contada com
maestria, aliada a um elenco inspirado. A ambientação inglesa também contribui
para deixar o filme ainda melhor a cada revisão, além de deixar o longa mais nostálgico.
Um dos melhores filmes de bruxaria de todos os tempos.
Créditos: Versátil Home Vídeo. |