sábado, 22 de junho de 2024

INVERNO DE SANGUE EM VENEZA (1973). Dir.: Nicolas Roeg.

 

EM MEMÓRIA DE DONALD SUTHERLAND.


NOTA: 9


INVERNO DE SANGUE EM VENEZA é um dos maiores filmes de terror de todos os tempos.

 

Lançado em 1973, com direção de Nicolas Roeg, baseado em um conto de Daphne du Marier, é considerado o maior filme britânico de todos os tempos, além de ser um dos filmes mais assustadores da história.

 

Motivos para isso não faltam, visto que o longa é mergulhado em uma atmosfera de suspense e terror que enche o espectador de tensão, auxiliado às maravilhosas locações em Veneza, na Itália.

 

Temos a direção segura e inspirada de Roeg, que contribui para deixar o filme ainda melhor e mais assustador a cada conferida.

 

Mas, antes de falar mais, deixo um aviso. À princípio, para quem vai conferir o longa pela primeira vez, o roteiro pode parecer um tanto confuso, visto que deixa algumas questões abertas à interpretação, mas, conforme assistimos mais vezes, as coisas começam a fazer sentido. Foi assim que aconteceu comigo.

 

Na trama, o casal John e Laura Baxter perde a filha de maneira trágica, e, traumatizados, eles viajam para Veneza, onde John trabalha como restaurador de uma igreja. Durante um almoço num restaurante, Laura conhece duas irmãs, e, uma delas, que é cega e médium, avisa que John corre perigo na cidade, que é aterrorizada por um maníaco.

 

Parece ser uma trama simples, não é? Até é, mas, como eu disse, existem algumas coisas no filme que podem ser abertas à interpretação, então, numa visão mais ampla, a trama é mais profunda do que isso. Envolve questões como mediunidade, e comunicação com o mundo dos espíritos, além de conter alguns elementos de Giallo.

 

Para os fãs de Giallo, Inverno de Sangue pode ser encarado como uma variação curiosa do gênero, visto que é ambientado na Itália, e a cidade de Veneza é aterrorizada por um maníaco. Existe, de fato, um maníaco na cidade, e há algumas cenas envolvendo a descoberta de corpos, então, é uma parte importante da narrativa.

 

A trama principal, ao meu ver, é sobre a relação entre John e Laura, que tentam se recuperar da morte da filha. A amizade de Laura com as duas irmãs também é fundamental, porque, Heather, a irmã cega, diz a ela que a filha está tentando alertar John sobre o perigo que ele está correndo na cidade, e essa pergunta é respondida apenas no final do filme.

 

Não vou entrar em detalhes para não dar spoilers, mas, digo que, apesar de sabermos o tempo todo que John corre perigo, quando acontece, é muito chocante.

Mas, vamos ao filme. Como eu disse, ele é muito bem feito, graças à direção de Roeg. O cineasta faz belo uso da locação em Veneza, focando os prédios e os canais da cidade com maestria impressionante, de fato, dignas de um filme Giallo. Durante toda a projeção, eu senti como se estivesse assistindo a um exemplar do gênero ambientado na cidade, como Quem a Viu Morrer? (1971), do diretor Aldo Lado, por exemplo.

 

As tomadas de Veneza são maravilhosas, principalmente naquela época do ano, o inverno. É um daqueles filmes que dá vontade de assistir em um dia de inverno chuvoso, visto a qualidade das tomadas com a câmera de Roeg, e a aparência do filme como um todo.

 

O elenco também é um grande destaque, principalmente os astros Donald Sutherland e Julie Christie, no papel do casal Baxter. Os dois atores se mostram muito eficazes em suas performances, e se mostram grandes veteranos do ofício, visto que nenhum deles atua de maneira exagerada. Sutherland e Christie passam de maneira ímpar a sensação de um casal que perdeu um filho, por exemplo, oscilando entre a tristeza e o amor.

 

As cenas de suspense e terror também merecem ser mencionadas. O diretor Roeg faz uso de várias tomadas noturnas, além de utilizar o som de passos noturnos em alguns momentos, o que aumenta a tensão e o medo no espectador. O filme não tem muitas cenas de mortes, mas, mesmo assim, as cenas assustadoras metem medo de fato, principalmente a sequência em que o casal se perde os becos e pontes noturnos da cidade.

 

A revelação do assassino também é um ponto positivo para o filme. Ela é aquele tipo de revelação que acontece aos poucos, assim como toda a trama, mas é bem preparada, principalmente no começo do filme, com a filha dos Baxter usando um casaco vermelho vibrante, que chama a atenção de John. Esse é um grande visual de assassino, e a cor do casaco é forte o suficiente para servir de chamariz da morte.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, em versão restaurada, com muitos extras.

 

Enfim, Inverno de Sangue em Veneza é um filme excelente. Um filme de terror e suspense que prende o espectador desde o começo, e o convida a embarcar em sua trama repleta de mistérios. A direção de Nicolas Roeg é um dos destaques, com sua câmera acompanhando as locações em Veneza de maneira brilhante. Quem merece menção também é o elenco, principalmente Donald Sutherland e Julie Christie, que entregam grandes atuações. Um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. Altamente recomendado.


Créditos: Versátil Home Vídeo.


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