NOTA: 9
Entre 1957 e 1974, a Hammer Films produziu uma serie
de filmes protagonizados pelo Conde Drácula, criado pelo escritor Bram Stoker. Ao
todo, foram nove filmes, sete deles estrelados pelo grande Christopher Lee, no
papel que o consagrou como astro do horror. Somente dois filmes não contaram
com o astro no elenco. AS NOIVAS DO
VAMPIRO (1960) é um deles.
Dirigido por Terence Fisher, em seu penúltimo filme
no universo do Conde Drácula para o estúdio, este é um dos melhores e um dos
meus favoritos, talvez o meu segundo favorito da série, depois do terceiro
filme, Drácula, o Príncipe das Trevas (1966),
que é sem duvida, o melhor da série, melhor até que o primeiro filme, O Vampiro da Noite (1958).
Mas o filme em questão desse texto é o segundo longa
da série, o primeiro que, apesar de ter Drácula
no título, não contou com Christopher Lee no elenco, e o vampiro não é o Conde
Drácula. Talvez a única relação com o personagem seja o Dr. Van Helsing,
novamente interpretado por Peter Cushing.
Bom, mas vamos lá. Eu gosto muito desse filme. É um
filme belíssimo, cheio de cores, com ótimas atuações e cenas arrepiantes dignas
de nota. Com certeza o principal fator seja a direção de Terence Fisher,
considerado um dos melhores diretores do estúdio. O diretor faz um ótimo trabalho
na direção, e também se mostra um ótimo diretor de atores, e as atuações não comprometem
o resultado. Todos os atores estão muito bem nos papeis, principalmente Cushing,
que mais uma vez prova que é o Van Helsing definitivo do cinema. O ator
convence sem esforço, até mesmo quando exagera na atuação, nas cenas de luta
com os vampiros. E quem também não erra é o ator David Peel, no papel do vilão.
Claro, não chega aos pés de Christopher Lee, mas consegue criar um vampiro
assustador. Yvonne Monlaur também não decepciona, embora em alguns momentos sua
atuação deixe um pouco a desejar. Outros personagens como o padre do vilarejo,
o casal dono da escola feminina, a criada da baronesa e um médico viciado em
comprimidos, completam o elenco de personagens, e cada um também convence muito
bem, com destaque para o médico, que serve como alivio cômico, apesar de sua
pequena participação.
Como todos os filmes da série, este aqui aposta na
atmosfera gótica, e, sem duvida, não peca nesse quesito. O castelo da Baronesa é
um templo gótico, assim como o cemitério do vilarejo, com suas cruzes
inclinadas; além de um velho moinho de vento. Mais um exemplo do quão competente
era a direção de arte, principalmente nesses primeiros filmes da série; o tipo
de filme que faz qualquer fã do terror gótico se apaixonar. Aliás, o confronto
no moinho é outro ponto positivo, porque foge um pouco da questão do confronto
no castelo do vampiro.
Além disso, o filme tem uma trilha sonora muito boa,
que vai de um toque lúgubre a um toque que beira ao trágico, muito diferente da
trilha sonora pesada dos outros filmes da série. Mais um ponto positivo.
E claro, não posso deixar de mencionar os vampiros. A
Hammer foi um dos estúdios que mais soube trabalhar com os vampiros, e suas
criaturas beiram à perfeição; e aqui não é diferente. Temos os vampiros clássicos,
com a pele branca como papel e os caninos afiados. O Barão possui uma ótima caracterização,
com seu ar de Conde Drácula, com sua capa e seus olhos vermelhos; no entanto,
quem tem a melhor caracterização são as duas vampiras. Seu visual é clássico,
com as camisolas brancas, que dão um excelente contraste com sua pele branca e
os caninos afiados. O tipo de visual que eu gosto muito. A melhor cena, e também
a minha favorita, é quando a primeira ressuscita de seu tumulo, sob o olhar
aterrorizado do Dr. Van Helsing. Uma cena muito bem feita que consegue arrepiar
sem esforço. A ressurreição da segunda vampira também é muito boa, mas a cena
anterior é bem melhor.
Antes de encerrar, quero salientar dois pontos. O primeiro é além de ser um filme de vampiro, esse filme também parece ser uma historia de amor, porque parece que Van Helsing se apaixona por Marianne quando a conhece, pelo menos essa foi a minha impressão. Outro ponto na verdade é uma pequena falha no roteiro: no começo do filme, surge um homem misterioso vestido de preto, que causa pânico nos camponeses. Porem, esse personagem desaparece rapidamente e nunca mais surge na historia. Infelizmente, é um ponto negativo para o filme.
E por fim, devo dizer que a temática da superstição é
bem abordada aqui. Os camponeses têm muito medo dos vampiros, e deixam isso bem
claro quando o nome do Barão é mencionado; ou então, na cena do funeral, quando
o corpo da garota que viria a ser a primeira vampira, é coberto por folhas de
alho. É o tipo de coisa que eu gosto em filmes de terror, essa questão da
superstição local, onde os habitantes temem as criaturas. É muito legal.
O diretor Tim Burton sempre se declarou como fã dos
filmes da Hammer, e prestou uma homenagem à cena final deste filme em A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999);
uma homenagem respeitosa, como um verdadeiro cineasta sabe fazer.
As Noivas do
Vampiro foi lançado em DVD por aqui num Box da distribuidora Dark Side com
todos os filmes do Drácula da Hammer Films, Drácula – The Ultimate Hammer Collection. Foi lançado em DVD também
em uma edição individual da NBO, mas deve estar fora de catálogo.
Enfim, As Noivas
do Vampiro é um dos melhores filmes da Hammer. Um filme arrepiante,
colorido, com cores pulsantes, com ótima direção de arte e trilha sonora digna
de nota. Uma historia arrepiante de vampiros do jeito que o estúdio sabia
fazer, com toques de horror gótico que enchem os olhos. Um dos melhores filmes
da série do Conde Drácula criada pelo estúdio. Altamente recomendado.
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