NOTA: 8
Um ano após sua primeira aparição oficinal no cinema,
Jason está de volta, desta vez para ficar, ainda em sua melhor forma.
Não sei se já comentei isso, mas, para mim, a
franquia Sexta-Feira 13 funciona
somente com os quatro primeiros filmes e também com o nono filme – um dos meus
favoritos. Eu gosto muito da fase inicial da franquia, que era mais focada na
trama e no suspense no que nas cenas de morte, ao contrário do que aconteceu
com os filmes seguintes; além disso, os primeiros filmes eram bem feitos, e
tinham desenvolvimento. Hoje, vou falar sobre o terceiro filme da franquia,
lançado um ano após o primeiro: SEXTA-FEIRA
13 – PARTE 3, também dirigida por Steve Miner.
Cria dos anos 80, o filme acabou sendo lançado em 3D
nos cinemas, e contou com aqueles efeitos estúpidos de coisas sendo jogadas na
tela, mas, mais detalhes adiante.
O filme é um dos mais divertidos da franquia, simplesmente
porque ele é repleto de situações absurdas, mas, ao contrário dos filmes de
hoje em dia, ainda é focado na tensão e no suspense do que nas cenas de morte. Durante
boa parte do filme, nós acompanhamos os outros personagens, os jovens que resolvem
passar o fim de semana nas cercanias do Crystal Lake, usando drogas e fazendo
sexo, algo comum na franquia. Mas apesar disso, nós também podemos ver o vilão,
mas somente nas sombras, em planos abertos ou planos fechados. E como disse na
resenha do filme anterior, Jason está em sua melhor forma – mais detalhes sobre
isso adiante.
No entanto, apesar de contarmos com Jason em sua
melhor forma, na minha opinião, este já começa a apresentar alguns problemas,
principalmente no que diz respeito aos personagens e aos “efeitos” em 3D.
Para começar, aqui nós temos personagens
completamente genéricos, quase desprovidos de carisma e profundidade. O casal
que transa só quer saber disso – principalmente o garoto; temos também um casal
de hippies que passa o filme inteiro chapado, além do gordinho que adora fazer
piadas para chamar a atenção de todos. Isso sem falar na mocinha, que é
completamente sem sal, e, apesar de ter um background com o vilão, não
convence. Não sei se o problema foi a escalação da atriz, mas o fato é que ela
realmente não funciona, além de ser um pouco caricata. E tem também a questão
do background dela com o vilão. Em certo momento da trama, ela relata ao
namorado o que aconteceu – uma cena tensa, por sinal – numa noite após brigar
com os pais: enquanto descansava aos pés de uma árvore, ela se deparou com um
homem deformado que a ameaçou com uma faca; apesar de conseguir lutar com o
agressor, ela diz que acabou perdendo a consciência e não se lembra do que
aconteceu depois, o que nos leva a pensar que talvez o vilão tenha feito alguma
coisa terrível... Eu pessoalmente não sei se é verdade, porque não consigo
imaginá-lo cometendo tal ato. Mas, tirando esse detalhe, o medo e a
desconfiança da protagonista ficam bem evidentes, e isso é convincente, porque
a mostra como uma vítima de uma experiência traumática tentando se reerguer e
voltar ao normal, mesmo sendo difícil. Como eu disse, esse detalhe é muito bem
explorado, o problema é performance da atriz...
E sobre o casal que transa, tem um detalhe. Em certos
momentos, é mencionado que a garota está grávida, mas antes, a protagonista
brinca com o fato dela precisar ir ao banheiro toda hora, o que leva ao
diálogo. Eu não sou um especialista, mas, pelo que eu sei, a mulher grávida vai
realmente ao banheiro com certa frequência, mas após o crescimento do feto,
porque ele automaticamente aperta a bexiga, mas aqui, a barriga da garota ainda
nem cresceu! Então, no meu ponto de vista, foi uma falha do roteiro.
Corrijam-me se eu estiver errado. E como mencionei, o garoto passa o filme todo
querendo transar com ela, além de ser aquele típico mala que gosta de se
exibir.
E claro, temos o gordinho e o casal de hippies. O
gordinho é o típico inseguro, que não consegue fazer amizade com ninguém, por
isso, passa o filme inteiro fazendo brincadeiras com os outros para chamar a
atenção de todos, o que chega a ser irritante, falando francamente. E o casal
de hippies passa o filme todo fumando maconha. Ou seja, estereótipos ao
extremo.
Talvez os únicos personagens interessantes – fora o
vilão – sejam o namorado da mocinha, a namorada do garoto gordinho e um trio de
punks. Eu acho que esses personagens bem melhores que os outros, e francamente,
mereciam um pouco mais de destaque no filme, principalmente os punks, que
rendem momentos engraçados, além de terem uma caracterização estereotipada até
a medula.
Mas, vamos falar dos “efeitos especiais”. Conforme
mencionado no cartaz e no trailer, Sexta-Feira
13 – Parte 3 foi rodado em 3D, e como consequência, somos bombardeados por
cenas de objetos sendo “jogados” na tela. Eu pessoalmente nunca fui fã de
filmes em 3D, mesmo os mais antigos, e confesso que tais efeitos me incomodam,
não pela qualidade, mas pela quantidade de cenas. Pessoalmente, eu preferiria
que o filme não fosse rodado em 3D, e sim em 2D; seria bem melhor. No entanto,
também somos brindados com cenas clássicas, como por exemplo a cena do arpão e
a cena do olho saltando.
E claro, não posso encerrar sem falar da direção e do
vilão.
Sexta-Feira 13
– Parte 3 foi dirigido por Steve Miner, em sua última participação na
franquia, e novamente, o diretor fez um ótimo trabalho. Ele se mostrou
novamente um diretor competente, principalmente nas cenas de suspense. Temos
aqui ótimos planos abertos, além de movimentos e ângulos de câmera criativos.
No entanto, o mesmo não pode ser dito a respeito do elenco, conforme mencionado
acima.
E claro, temos o vilão. Conforme já mencionei, Jason
está novamente em sua melhor forma, diferente do que serie mostrado nos filmes
seguintes. Assim como no anterior, temos aqui um Jason atlético, que corre
atrás das vítimas, além de ter movimentos ágeis, principalmente quando vai
atacar alguém. Além disso, temos aqui, a introdução da famosa máscara de
hóquei, que se tornou a marca registrada do vilão. O engraçado é que tal fato
acontece de maneira aleatória, porque o assassino passa a usá-la após atacar o
garoto gordinho, que a usou para fazer outra de suas brincadeiras. Eu
pessoalmente achei tal momento muito aleatório, mas vamos admitir que é muito
legal ver o nosso querido Jason com sua máscara pela primeira vez. E claro – AVISO DE SPOILER! – temos a oportunidade de ver o rosto dele no final do filme, algo
que se tornaria clássico na franquia. E um detalhe importante: a maquiagem do
vilão foi criada pelo Mestre Stan Winston! Mesmo não creditado, existem fotos
na internet de Winston ao lado do ator caracterizado com a maquiagem. Muito
legal. E respectivamente, 16 anos e 17 anos depois (1998 e 1999), Winston
voltaria a trabalhar com o diretor em Halloween
H2O, criando a máscara de Michael Myers; e em Pânico no Lago, sendo responsável pelo crocodilo.
Assim como o anterior, foi distribuído pela
Paramount, que possuía dos direitos da franquia, e foi distribuído no exterior,
inclusive aqui no Brasil, pelo estúdio, ao contrário do que aconteceu com o
primeiro. Foi lançado em VHS e DVD por aqui, mas atualmente está fora de
catálogo. Lá fora, recentemente foi lançado em um box gigante em Blu-ray com
todos os filmes da franquia; se tal box chegará aqui, talvez nunca saberemos.
Enfim, Sexta-Feira
13 – Parte 3 é um ótimo filme. Um dos mais divertidos da franquia, com uma
direção competente, além de cenas memoráveis e momentos absurdos. Jason
Voorhees está em forma, mostrando sua agilidade e competência como um dos
maiores vilões do Slasher, além de apresentar sua famosa máscara de hóquei.
Mesmo com seus defeitos, é um filme que consegue divertir e arrepiar sem fazer
o menor esforço. Recomendado.
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