NOTA: 8
Em 1978, o diretor John Carpenter lançou Halloween – A Noite do Terror, que
rapidamente se tornou um clássico do terror e o melhor exemplar do gênero
Slasher. O sucesso do filme levou os estúdios a produzirem sequencias, a fim de
transformá-lo em uma franquia.
Enfim, chegamos ao controverso HALLOWEEN III – A NOITE DAS BRUXAS, lançado em 1982, produzido por
John Carpenter e Debra Hill, os criados do clássico de 1978, e escrito e
dirigido por Tommy Lee Wallace.
Controverso porque, como sabemos, este é o único da
franquia que não conta com a presença de Michael Myers e cia., por um motivo
muito simples que será explicado mais tarde.
Mas isso não impede o filme de ser muito legal,
justamente por causa de seu clima de mistério e trama diferenciada.
Diferenciada porque ao invés do Slasher, aqui temos
uma trama mais voltada para a conspiração e a ficção cientifica, com os
personagens vivendo uma espécie de jogo sinistro arquitetado pelo vilão. À
primeira vista, isso pode até parecer estranho – e não vou mentir, é – mas a gente
acaba entrando na onda e compra a ideia.
Então, aqui temos mais uma trama de investigação, e
durante todo o filme nós acompanhamos os protagonistas enquanto eles tentam
desvendar o que está acontecendo na pequena comunidade de Santa Mira, pois o
mistério está relacionado com a morte do pai da mocinha, e as pistas levaram os
dois até a comunidade.
E durante o caminho, eles trombam com coisas
estranhas, que vão aumentando conforme o mistério. E o que acontece é muito
bizarro.
Bizarro porque à principio parece que a trama vai
para uma direção, mas de repente, a chave vira e o rumo muda, para mais bizarro
ainda, digno de um filme de ficção cientifica.
Mas vamos falar sobre o filme como um todo. Para
começar, devo dizer que é um filme muito bem dirigido, com sequencias e planos
longos, além de cenas com toques de mistério, quase com ares de teoria da
conspiração.
No entanto, apesar da boa direção, devo dizer que o
filme tem os seus problemas, muitos deles relacionados ao roteiro. Por exemplo,
há um dialogo absurdo na cena do hospital proferida por um dos personagens ao
protagonista. Outro problema é o fato de os assassinos misteriosos da Silver
Shamrock serem quase onipresentes e saberem de tudo o que acontece à sua volta,
fato esse que culmina na cena da furadeira, por exemplo; e claro, o embate
final entre o protagonista e a mocinha, que até hoje continua sem resposta.
Tirando esses problemas, somos também brindados com
cenas e personagens absurdos, todas envolvendo os personagens secundários, em
especial, uma família rica que vai se hospedar na cidade, cujo pai é
representante de vendas da Silver Shamrock. São cenas absurdas mesmo, dignas
dos filmes da época.
Falando da Silver Shamrock, não posso falar do filme
sem mencionar as maravilhosas máscaras do Dia das Bruxas. Desde a primeira vez
que vi o filme, há alguns anos na TV, eu adorei as máscaras, principalmente as
de esqueleto e abobora, porque são muito lindas. Eu tenho vontade de ter as
máscaras para brincar em casa. As máscaras reapareceram na franquia no reboot
de 2018, como uma homenagem.
Ainda sobre a Shamrock, a mesma se faz presente no
filme o tempo inteiro, seja nos logos em forma de trevo, seja pela fabrica, que
observa a cidade como se fosse a Mansão Marsten, do livro Salem, de Stephen King. É possível ver que a marca e o empresário
Cochran controlam a cidade, com suas câmeras de segurança espalhadas pelos
locais, e o modo como a população se refere a ele com respeito e admiração.
Agora, vamos falar sobre a parte de horror do filme.
Conforme mencionado acima, Halloween III
não pode ser considerado um Slasher, porque não temos cenas de morte de
adolescentes carregadas no gore; ao contrario, temos apenas três, todas sem uma
gota de sangue. Além do paciente misterioso, temos a cena da furadeira, que me
lembra – e muito – a cena da furadeira do excelente Giallo Sete Orquídeas Manchadas de Sangue (1971), dirigido por Umberto
Lenzi. No entanto, a melhor delas é a demonstração do poder das máscaras de
Shamrock, cujas cobaias são os membros da família rica. É a famosa cena onde a
máscara derrete na cabeça do garoto e logo saem um monte de insetos e cobras da
sua boca. Uma cena muito boa.
Quero também mencionar a respeito do vilão, o Sr. Cochran.
Ele é o típico vilão que se revela aos poucos, a principio, mostrado nas
sombras, depois aparecendo de relance, e por fim, quando surge por completo,
mostra seus traços de maldade aos poucos. Seu momento mais absurdo é quando ele
revela ao protagonista os seus planos, que possuem relação com a pratica pagã
do Samhain, conforme apresentada no segundo filme, e que seria levada para
frente nessa primeira parte da franquia. De acordo com o roteiro, o vilão gosta
de criar brincadeiras e pegadinhas, e conforme o mesmo admite, tudo não passa
de uma brincadeira de Dia das Bruxas.
E o mais absurdo de tudo, a fonte de seus poderes
malignos vem de uma das pedras do Stonehenge que ele roubou... Não faz o menor
sentido, mas é muito divertido por causa disso.
Antes de encerrar, deixe-me esclarecer por que Halloween III é o único da franquia que
não conta com a presença de Michael Myers. Segundo informações da internet, o
diretor John Carpenter tinha a intenção de transformar a franquia em uma
antologia, com um filme diferente ambientado no Dia das Bruxas. No entanto,
seus planos foram abortados por causa de Halloween
II, que contou com os personagens originais; mas, após o fim do segundo
filme, Carpenter resolveu colocar suas ideias em pratica, e o primeiro foi este
filme. Infelizmente, o plano não deu certo, e o filme foi odiado pelo publico e
pela critica após sua estreia.
Apesar do ódio inicial, aos poucos, Halloween III foi ganhando respeito dos
fãs da franquia, tendo recebido status de cult.
Eu pessoalmente me encaixo nesse globo, porque, após essa ultima revisão, o
filme ficou bem melhor do que eu me lembrava.
Estreou em 22/out/1982 e conseguiu obter bons números
de bilheteria, apesar das criticas negativas, conforme explicado acima. Foi
lançado em VHS e DVD no Brasil, mas atualmente está fora de catalogo. Lá fora,
recebeu um lançado em Blu-ray em 4k pela Shout Factory, juntamente com os
demais da franquia.
Enfim, Halloween
III é um filme muito bom. Um longa divertido, com uma trama absurda,
carregada de momentos ridículos e memoráveis, que o deixam ainda melhor a cada
revisão. A direção e o clima são os grandes atrativos do filme, pois remetem a
um filme do diretor John Carpenter, que aqui volta como produtor. Um filme que
ganhou status de cult com o passar
dos anos, que agrada aos fãs da franquia. Muito bom. Divertido. Recomendado.
FELIZ DIA DAS BRUXAS!
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