NOTA: 9.5
O Ciclo dos Monstros Clássicos da Universal foi um
dos mais importantes de todos os tempos, não apenas para o cinema de horror,
mas para o próprio estúdio também, pois, foi graças aos clássicos Drácula (1931) e Frankenstein (1931), que os lucros aumentaram durante a famigerada
época da Grande Depressão.
A MÚMIA, lançado
um ano depois desses dois primeiros filmes, faz parte desse ciclo, e é um dos
melhores. E motivos para isso não faltam.
Assim como seus antecessores, este filme foi rodado
numa época clássica do Cinema de Horror, e o ciclo da Universal é um dos
maiores representantes dessa época.
O filme é um dos melhores do Ciclo, isso graças à técnica,
a direção do estreante Karl Freund, que foi diretor de fotografia do Clássico
de Bela Lugosi; além da direção, temos a maravilhosa maquiagem de Jack Pierce,
que transformou o astro Boris Karloff em um dos maiores personagens do gênero;
e no topo de tudo isso, temos a excelente atuação de Karloff, que criou um dos
maiores vilões de sua carreira.
O roteiro, adaptado por John Balderston de um
argumento de Nina Wilcox Putnam e Richard Schayer, teve como base a descoberta
da tumba do faraó Tutankhamun, ocorrida uma década antes, que foi envolta em
lendas a respeito de uma maldição. O roteirista Balderston teve uma certa
experiência no assunto, visto que trabalhou como correspondente para um jornal
de Nova York, e esteve presente na abertura da tumba.
Embora utilize a descoberta da tumba de Tutankhamun como
base, o roteiro de Balderston segue por um caminho diferente, abordando a questão
do amor que transcende o tempo, no caso, o amor de Imhotep pela Princesa Anck-es-en-Amon,
que reencarnou na personagem Helen Grosvenor, interpretada pela atriz húngara Zita
Johann. Não sei se o roteiro de Balderston foi o primeiro a abordar tal tema,
mas o fato é que o mesmo seria explorado com mais frequência em filmes
subsequentes do gênero, como o próprio Drácula
de Bram Stoker (1992), de Francis Ford Coppola.
Além da temática da reencarnação e do amor que
transcende o tempo, o roteiro também apresenta personagens verdadeiramente carismáticos
e convincentes, e não fica difícil identificar quem é o protagonista da trama,
e também quem são os aliados na luta contra o vilão. O mocinho da vez é Frank Whemple,
interpretado por David Manners, saído de Drácula;
seu aliado é o Dr. Muller, interpretado por Edward Van Sloan, também saído de Drácula e de Frankenstein também. Os dois personagens são muito bons e fica fácil
torcer por eles no combate final.
A Múmia foi
uma produção conturbada, não apenas por causa do ritmo de produção – naquela época,
segundo historiadores de cinema, o cronograma de filmagens não correspondia a
12 horas de trabalho, então, os cineastas trabalhavam até altas horas da noite –
mas também por causa do relacionamento conturbado entre a atriz Zita Johann e o
diretor Karl Freund. Ainda segundo historiadores de cinema, o relacionamento
entre eles foi conturbado em razão do temperamento da atriz, que era muito
forte para a época.
Outra questão que merece ser mencionada é a
maquiagem, criada pelo mestre Jack Pierce. Segundo maquiador Rick Baker e a
filha de Karloff, o processo era muito demorado e muito doloroso devido às técnicas
empregadas pelo maquiador – dizem que o processo levava horas e horas e Karloff
sentia muitas dores.
E claro, antes de encerrar, devo mencionar a grande atuação
do astro Boris Karloff. Fica difícil dizer qual o melhor momento do filme em
que o astro aparece porque todas as suas cenas são impecáveis. Eu pessoalmente
gosto muito da introdução do personagem Ardath Bay, onde ele mostra aos
professores onde encontrar o tumulo da princesa. Karloff cria aqui um dos
maiores vilões de sua carreira e um dos maiores monstros do Ciclo de Monstros Clássicos
da Universal. O combate final também merece uma menção porque deixa o
espectador apreensivo.
Enfim, A Múmia é um filme excelente. Um dos maiores clássicos do cinema de todos os tempos, com uma atmosfera de aventura, fantasia, terror e romance, que enche a tela e prende a atenção do espectador. O astro Boris Karloff é o grande destaque do filme, com uma atuação inspirada que arranca arrepios do espectador. Um dos melhores filmes de terror de todos os tempos e um verdadeiro clássico.
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