NOTA: 6
Eu confesso que tenho uma relação estranha com filmes
de temática satanista; mesmo sabendo da existência de alguns clássicos do
gênero, eu sempre assisto a eles com um certo receio, principalmente por causa
das imagens de adoração.
O SANGUE DE
SATÃ, lançado em 1978, com direção de Carlos Puerto e Juan Piquer Simon, é
um desses exemplos.
Desde a primeira vez que assisti a esse filme, eu fui
tomado por uma sensação de estranheza, mistura com certo desconforto,
principalmente por causa de suas cenas especificas – mais detalhes adiante.
Mas antes de falar sobre esses dois problemas, vou
falar sobre o filme.
É possível ver que os diretores se esforçam para
criar uma atmosfera de horror e satanismo, além de contar com um elenco que
convence em suas atuações.
Sendo um filme espanhol, o longa teve cenas rodadas
em Madrid, principalmente no começo, quando casal protagonista está andando
pelas ruas da cidade; as demais cenas foram rodadas em um casarão possivelmente
localizado no interior da Espanha, e tais cenas são muito boas, e passam uma
sensação de desconforto e medo.
O elenco, composto por quatro atores, convence muito
bem em suas performances, principalmente o casal de mocinhos, com destaque
pessoal para a mocinha. A interação entre eles é boa e ambos passam a sensação
de que são um casal de verdade, em especial nas cenas de amor.
O outro casal também passa a sensação de medo que
provavelmente estava escrito no roteiro, sendo amigáveis no começo, e depois,
revelando-se como adoradores de Satã, apesar de falharem um pouco nesse
aspecto.
As cenas de horror são bem dirigidas, principalmente
a cena do tabuleiro Ouija, que é filmada em plano zenital em pelo menos dois
takes. Ela acontece aos poucos, com a tensão sendo construída aos poucos, dando
foco às performances do elenco, principalmente das atrizes.
Como todo exemplar do exploitation, temos aqui cenas apelativas, no caso, apostando em
conteúdo altamente erótico. E vamos aqui falar do maior problema do filme, que
é a cena de orgia que rola durante um ritual. É uma cena que demora muito para
acontecer, que se alterna em vários takes dos casais juntos, e a trilha sonora
também não ajuda. Desde a primeira vez que vi, eu senti um desconforto, e esse
desconforto vem toda vez que a cena começa.
O Sangue de
Satã, conforme o titulo nacional entrega, foi produzido no hype dos filmes
de conteúdo satanista, que surgiram no final dos anos 60. Conforme mencionei no
inicio, eu tenho relação estranha com filmes que focam nesse tópico,
principalmente por causa das cenas que envolvem rituais e adoração, por conta
das imagens. É o tipo de conteúdo que me assusta, dependendo do filme, porque é
impressionante a maneira como são abordadas em determinados longas. Aqui, temos
um conteúdo altamente apelativo, que mostra as imagens que se espera, mas que
no fundo, mostra os satanistas como eles realmente são, pessoas entediadas que
fazem uso do satanismo como desculpa para realizar suas fantasias sexuais.
Além do problema da cena da orgia, temos também um
problema no roteiro em si, a começar pelo prologo, que mostra um ritual
comandado por um velho, mas que não acrescenta em nada à trama, além de ser
muito apelativo e também demorado. Além disso, durante o filme, um homem
misterioso é visto andando pela casa, mas não mostra quem ele é, nem sua
relação com o casal de vilões; ao que parece, seu único propósito é
protagonizar uma cena de quase estupro, onde ele ataca a mocinha.
Junto com esses problemas, temos também a questão do
culto de satanismo em si, porque o roteiro não faz questão de explicar o
mistério dos satanistas, visto que aparentemente, eles estavam mortos desde o
inicio do filme, ou não... Nessa ultima revisão, eu fiquei perdido. O final
também não responde a algumas questões.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home
Vídeo, na coleção Obras-Primas do Terror
Vol.14, áudio original em espanhol.
Enfim, O Sangue de Satã é um filme bom. Um filme que aborda a questão do satanismo com víeis apelativo e erótico, além de contar com cenas de tensão, mas que causam desconforto no espectador. O elenco é um ponto positivo, e os atores arrancam ótimas performances, principalmente o casal de mocinhos. A direção também consegue convencer, e os diretores criam algumas cenas verdadeiramente tensas. Um cult exploitation que deve agradar aos fãs do gênero.
Créditos: Versátil Home Vídeo. |
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