NOTA: 9
O Ciclo dos Monstros Clássicos da Universal foi um
dos mais importantes de todos os tempos, não apenas para o cinema de horror,
mas para o próprio estúdio também, pois, foi graças aos clássicos Drácula (1931) e Frankenstein (1931), que os lucros aumentaram durante a famigerada
época da Grande Depressão.
Nos anos 40, o estúdio estava passando por mudanças
em sua administração, resultantes da perda dos Laemmle, no final da década
anterior. Mas isso não impediu o estúdio de produzir novos filmes,
principalmente filmes de terror, e O
LOBISOMEM, lançado em 1941, com direção de George Waggner, é um deles.
Mesmo não tendo sido o primeiro longa a abordar o
tema, esse foi o que apresentou as normas que seriam aproveitadas por cineastas
posteriores.
Tais características foram introduzidas pelo
roteirista Curt Siodmak, que reutilizou a ideia de um roteiro escrito por
Robert Florey, para um projeto destinado ao ator Boris Karloff, que estava em
voga na época, graças ao sucesso de Frankenstein.
No entanto, devido às ideias de Florey, o roteiro foi descartado.
No roteiro de Siodmak, Larry Talbot, um mecânico
americano, retorna à casa de sua família na Inglaterra para instalar um
telescópio, e se torna vitima da maldição do lobisomem. Parece simples, não?
Pois na verdade, o roteiro é um pouco mais enxuto do que isso, pois também
aposta no drama e até no romance, além de focar no tema dos lobisomens de uma
forma até então diferente.
De acordo com historiadores de cinema, Siodmak
utilizou ideias originais, além de estudar um pouco do folclore do lobisomem
para dar vida à sua criatura, e com isso, apresentou conceitos que até hoje são
utilizados, como o uso da prata e da mata-lobos para derrotar a criatura.
Além disso, o filme também apresentou um visual
diferente para a criatura, criado pelo mestre Jack Pierce, que não chegou a
transformar o ator Lon Chaney Jr. em um monstro propriamente dito, mas em
alguém com rosto peludo e dentes afiados, que se tornaria quase que uma
tradição em filmes posteriores, até isso ser quebrado nos anos 80.
E o trabalho de Pierce é excelente porque ele criou
algo que até hoje é reverenciado por profissionais de cinema, principalmente
profissionais de maquiagem, como Rick Baker, um admirador declarado do trabalho
de Pierce. O conceito é até bem simples, mas consegue assustar e impressionar
até hoje.
O restante do filme também merece menção, porque,
assim como o restante dos longas produzidos pelo estúdio naquela época, faz um
excelente trabalho de ambientação, misturando cenários e costumes
contemporâneos com cenários e costumes de épocas passadas, dando a impressão
que o mundo onde o filme se passa não é real; é algo que é de fato convidativo,
que fica melhor a cada vez que assistimos aos filmes.
O Lobisomem foi
dirigido por George Waggner, e o diretor fez um grande trabalho aqui, seja em
termos técnicos, seja com seu elenco. O grande destaque, com certeza, é Lon
Chaney Jr., filho do grande astro do cinema mudo de horror. Chaney passa toda a
sensação de agonia que o roteiro pede, e com isso, deixa evidente, que, no
cinema, o lobisomem é sempre uma vítima de uma maldição, apesar de tal
característica ter sido apresentada em O
Homem-Lobo (1935), o primeiro longa a tratar do tema, também produzido pela
Universal.
O restante do elenco também não faz feio, e não temos
atuações forçadas, e o roteiro de Siodmak ajuda a passar credibilidade dos
mesmos.
Assim como os seus antecessores, O Lobisomem aposta no clima gótico para contar sua história, e
temos provas disso principalmente nas cenas noturnas, quando os cenários são
cobertos por neblina. O aspecto também está presente no Castelo Talbot, em
especial nas cenas externas.
Em 2010, recebeu um remake dirigido por Joe Johnston,
e estrelado por Benicio Del Toro, Anthony Hopkins, Emily Blunt e Hugo Weaving,
que não ofende a este aqui em momento nenhum, e merece ser visto,
principalmente pelo respeito e homenagens que presta a este aqui.
Enfim, O
Lobisomem é um filme excelente. Um longa assustador, que prende o
espectador até hoje. O roteiro de Curt Siodmak é afiado, e o roteirista
aproveitou apenas o titulo do projeto anterior, e fez uso de coisas novas para
contar sua história, que são utilizadas por cineastas posteriores até hoje. Lon
Chaney Jr. é o grande destaque, e passa todas as emoções que estão presentes no
roteiro, além de ter dado vida a um dos maiores monstros do cinema de todos os
tempos. Um verdadeiro clássico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário