terça-feira, 30 de abril de 2024

GHOST STORY (Peter Straub).

 

NOTA: 7.5


Peter Straub foi um dos nomes mais conhecidos da literatura americana de suspense, e seus livros são reconhecidos como best-sellers principalmente nos Estados Unidos.

 

GHOST STORY é um de seus romances mais conhecidos, e um livro muito bom, devo dizer.

 

Eu não li outro livro do autor – tenho na minha coleção, O Talismã e A Casa Negra, escritos em parceria com Stephen King – mas ouvi dizer que ele não escrevia livros menores, apenas calhamaços, e este aqui é um deles.

 

O romance é escrito em uma riqueza de detalhes impressionante, e confesso que é preciso se concentrar bem para mergulhar na leitura, porque o autor não poupa o leitor de detalhes na narrativa, até de detalhes banais.

 

O romance conta a historia da Sociedade Chowder, composta por quatro velhos amigos, que se reúnem de tempos em tempos para contar historias de terror e fantasmas, sempre na calada da noite, vestidos em trajes a rigor, com bebidas e charutos.

 

Divido em três partes, além de contar com um prologo e um epilogo, o livro é bem assustador e tenso, com cenas dignas de provocar arrepios, principalmente as cenas de pesadelos dos membros da Sociedade.

 

Como é um livro bem grande, ficamos muito tempo imersos na leitura, acompanhando a narrativa extensa do autor e seu método de contar a narrativa, descrevendo detalhes importantes dos personagens durante a descrição da cena, e isso acontece em todos os momentos. Eu pessoalmente achei isso até interessante, porque dá uma visão diferente do método de escrita de um autor especifico.

 

Eu havia visto uma resenha de uma Book Tuber que não se sentiu presa à narrativa, talvez, principalmente por causa da riqueza de detalhes com que o autor compôs sua obra; não é o meu caso, conforme mencionei acima.

 

Um dos pontos que a Book Tuber destacou em sua resenha foi a sequencia da festa, que, segundo ela, é muito extensa. Eu gostei de ler essa sequencia, porque me senti dentro daquela festa, interagindo com aqueles personagens, e testemunhando a tragédia que aconteceu no final do evento.

 

Um ano após essa tragédia, os membros da Sociedade Chowder decidem chamar o sobrinho de um deles para ajuda-los a investigar o que aconteceu com o quinto componente do grupo.

 

A partir daí, o autor destaca alguns capítulos para descrever o ponto de vista desse novo personagem, por meio de seus diários, principalmente o seu encontro com uma mulher misteriosa. E conforme ele vai nos contando, descobrimos que a mulher não é nada do que pensava.

 

No capítulo seguinte, Straub faz um relato de como os demais personagens do livro estão vivendo, com destaque para um adolescente e seu amigo rebelde. Eu confesso que fiquei um pouco confuso com a leitura desse capítulo, porque não me lembrava dos personagens descritos ali, visto a quantidade de páginas do livro. No entanto, o trecho em que os dois rapazes invadem uma casa e são atacados por uma entidade é muito bom.

 

Em meio à essa descrição detalhada dos eventos, o autor apresenta uma outra mulher misteriosa, que pode ter ligação com os membros da Sociedade Chowder, e com os acontecimentos bizarros que estão tomando conta da cidade.

 

No início da terceira parte, o autor continua focando na vida dos personagens secundários, com destaque para uma sequência de invasão domiciliar, que termina de maneira aterrorizante, com a presença de um provável lobisomem. Esse é um detalhe curioso do livro. Aparentemente, Straub diz que seus fantasmas podem assumir diferentes formas, além de interagir com todos, como se estivessem vivos. Eu acho esse um detalhe muito curioso, porque dessa forma, os fantasmas do autor têm as suas próprias regras e precisam segui-las.

 

Toda essa sequência da cidade, com todos os personagens, é um pouco monótona, porque o autor aparentemente foge do foco principal da trama, que são os membros da Sociedade Chowder, e o sobrinho de um deles, que está investigando a morte do tio.

 

Mas, em determinado momento, Straub retorna aos membros da Sociedade, e eles contam para Don – e para nós também – quem é a mulher que está rondando os demais personagens, e criando situações assustadoras. Toda essa sequência é muito boa, pois prende de fato a atenção do leitor, porque queremos saber o que aconteceu com os homens idosos quando eram mais jovens. Foi um trecho que me prendeu, porque me fez lembrar da sequência de flashback do filme.

 

E para finalizar os momentos que merecem destaque, eu menciono a sequência em que os personagens entram em uma casa abandonada, a fim de procurar os fantasmas que estão causando os problemas na cidade. É uma sequência verdadeiramente tensa, que me deixou arrepiado.

 

A escrita de Straub até que é boa, mas, na minha opinião, o livro sofre de um mal que me deixou confuso; em vários momentos, o autor foca sua atenção nos demais personagens, e confesso que me senti um pouco perdido, porque não me lembrava deles. Vocês podem dizer que ‘Salem, de Stephen King, tem o mesmo problema, mas, a leitura do livro de King foi muito mais fluida e não me atrapalhou; o mesmo não pode ser dito sobre este livro.

 

Eu mencionei acima que o autor faz questão de mostrar que seus fantasmas não são fantasmas comuns, e de fato, não são. Aqui, eles podem assumir diversas formas diferentes, sendo descritos como transmorfos, e eu achei isso muito interessante, porque as criaturas seguem suas próprias regras.

 

A interação entre os quatro amigos da Sociedade Chowder também é bem explorada, e cada um tem suas próprias características e personalidades. Fica evidente que os membros mais importantes são Ricky e Sears, visto a quantidade de tempo que o autor dedica a eles. Os demais personagens também são bem explorados, principalmente nos capítulos referentes à cidade como um todo.

 

O conflito final dos personagens com a criatura principal também é bem escrito, com direito a cenas ambientadas em outras dimensões, mas o cenário principal é o apartamento da mulher que os membros da Sociedade mataram por acidente. E o epílogo amarra muito bem o que foi apresentado no prólogo, a relação entre Don e uma menina misteriosa.

 

Enfim, Ghost Story é um livro bom. Uma história de horror contada de maneira elaborada, com muitas cenas, muitos cenários, e muitos personagens, e em determinado momento, tudo se encaixa. A escrita de Peter Straub é decente, apesar de focar muito em personagens e cenas que aparentemente, não tem relação com a história principal. Um gigantesco quebra-cabeça que é montado aos poucos, revelando uma história arrepiante e intrigante.


sexta-feira, 26 de abril de 2024

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA – O RETORNO (1995). Dir.: Kim Henkel.

 

NOTA: 1


Lembram-se do que eu disse no começo da resenha de A Hora do Pesadelo 6, sobre filmes ruins? Para quem não se lembra, eu disse que filmes ruins não teriam resenha publicada aqui, a menos que façam parte de uma franquia, e que essa franquia esteja disponível no Brasil na íntegra. Pois bem, é o caso aqui.

 

Enfim, chegamos a ele, ao polêmico O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA – O RETORNO, lançado em 1995, com direção e roteiro de Kim Henkel, co-criador do Clássico de Tobe Hooper.

 

O que dizer sobre esse filme?

 

Pois é, esse filme é um dos filmes com nota mais baixa já comentado aqui, porque ele é muito ruim, nem de longe, honra tudo aquilo que foi criado por Hooper, no clássico de 1974; do contrário, aparenta ser uma grande piada em cima de tudo que foi construído naquele primeiro filme.

 

Nada nesse filme condiz com a franquia, e tudo não passa de uma repetição malfeita de tudo que aconteceu nos filmes anteriores – aliás, no primeiro filme – , e além disso, joga uma explicação safada para a família de Leatherface.

 

Já que toquei no assunto, deixe-me dizer que aqui, a família do vilão é muito confusa, e a interação entre eles não faz o menor sentido. É impossível saber quem é o chefe da família, e todos não sabem fazer outra coisa a não ser gritar uns com os outros. O próprio Leatherface é mal explorado, e se transforma em uma caricatura do personagem que conhecemos.

 

Os personagens aqui também não fazem o menor sentido, além de serem bem mal escritos e mal estabelecidos. É possível até entender que existe uma relação entre a protagonista e um deles, mas o outro “casal” não faz sentido nenhum, visto que a garota não gosta do rapaz, mas, quando eles saem juntos para procurar ajuda, eles estão andando juntos. Isso faz algum sentido para você? Porque para mim, não faz.

 

O roteiro é outra bagunça, porque, conforme mencionei acima, ele tenta replicar tudo que foi apresentado antes, mas o faz de forma malfeita, acrescentando situações absurdas, que não provocam medo no espectador, e no final, repetem a famosa cena do jantar.

 

A técnica também merece menção, porque é uma bagunça, principalmente nas cenas da floresta. Por exemplo, em determinado momento, a lanterna dos personagens fica sem energia, e, na teoria, eles deveriam estar perdidos no escuro, mas a cena possui uma boa iluminação. Eu até entendo que em cenas assim, é bom ter uma iluminação reduzida, para criar atmosfera, mas aqui, isso não funciona.

 

Conforme mencionei acima, o roteiro tenta dar uma explicação para a família de Leatherface, e o faz por meio de uma sociedade secreta, que cai de cometa na casa, e não faz nada além de dar uma bronca em todos, mas não explica o motivo. Dizem que os dois homens que surgem do nada fazem parte da seita dos iluminati, mas eu não tentei entender nada da cena.

 

Se o filme tem uma qualidade, é a performance da atriz Renée Zellweger, que é muito carismática, e convence muito no papel da heroína sensível e fragilizada.

 

Infelizmente, o restante do elenco não funciona, principalmente o ator Matthew McConaughey, no papel do vilão Vilmer. Seu personagem é muito exagerado, e não passa sensação nenhuma. O ator também atua de forma exagerada, e não passa nenhuma reação a não ser risadas, ou vergonha.

 

E claro, não posso encerrar essa resenha, sem mencionar o final. Ao contrário do final do Clássico de Tobe Hooper, aqui temos um final ridículo, que copia a conclusão do primeiro filme na última cena, e derrota o vilão de um jeito absurdo, envolvendo um avião aleatório.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Obras-Primas do Cinema, na coleção O Massacre da Serra Elétrica, com os quatro filmes da franquia original, além de contar com duas versões – a Versão de Cinema, e a Versão do Diretor. Atualmente, tal edição está fora de catálogo.

 

Enfim, O Massacre da Serra Elétrica – O Retorno, é um filme ruim. Uma história que não faz o menor sentido, que tenta ser assustadora, mas falha miseravelmente, além de copiar o primeiro filme sem a menor vergonha. O único ponto positivo é a protagonista, que convence muito bem em sua performance. Um filme que descaracteriza o personagem Leatherface, e o transforma em uma péssima caricatura. Um filme muito ruim.


Créditos: Obras-Primas do Cinema.

 

sábado, 20 de abril de 2024

LEATHERFACE – O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA III (1990). Dir.: Jeff Burr.

 

NOTA: 6


Em 1990, a franquia O Massacre da Serra Elétrica foi parar nas mãos da New Line Cinema, e o estúdio lançou LEATHERFACE – O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA III, com direção de Jeff Burr, que teve como objetivo dar uma mudança na franquia.

 

E foi aí que os problemas começaram, ao meu ver.

 

O Massacre III é um filme confuso na sua concepção, porque ele não sabe se quer ser um remake, ou um reboot, ou uma continuação do Clássico de Tobe Hooper, e isso já fica evidente já no texto de introdução, onde o narrador nos conta o que aconteceu com Sally Hadersty, a protagonista do filme original, e aparentemente, esquece o que aconteceu no filme anterior.

 

Na minha opinião, isso não ajuda, porque, em certo momento, o filme fica com cara de remake, porque apresenta as mesmas situações vividas pelos personagens do filme de Hooper, em especial na sequência do posto de gasolina.

 

Passada a cena do posto, somos apresentados a uma história diferente, mas, ainda assim, com os seus problemas, conforme mencionado acima.

 

O maior problema disso tudo é a presença de Leatherface, que, como nós sabemos, passou por maus bocados no final de O Massacre 2, e o roteirista aparentemente se esqueceu desse detalhe, ou então, o estúdio encomendou um reboot – ou um remake – mas, o mesmo roteirista apresentou elementos vistos anteriormente na franquia.

 

Então, qual é a desse filme?

 

Mas, apesar do grande problema, eu ainda acho que é um filme bom, visto que ainda consegue divertir e provocar um pouco de medo, principalmente porque temos que levar em conta que essa franquia não envolve nada de sobrenatural, e sim, o terror real.

 

A sequência de perseguição na floresta é a mais tensa do filme, porque nós não sabemos aonde está o assassino, nem quando ele vai atacar, então, ficamos com o coração batendo de medo, enquanto os personagens procuram se salvar do maníaco da motosserra.

 

Os personagens são interessantes também, mas o melhor deles é o personagem Benny, interpretado por Ken Foree, um nome conhecido do gênero. Seu personagem foi um soldado que se tornou especialista em sobrevivência, e faz de tudo para escapar da família canibal, ao mesmo tempo que tenta salvar a protagonista. A melhor cena é o confronto com o personagem do Viggo Mortensen, onde ambos soltam frases absurdas demais, que beiram ao engraçado.

 

A protagonista também funciona, e como de costume, ela passa por maus bocados nas mãos da família, e aqui, ela sofre – não tanto quanto a Sally, mas é quase isso. Ela é aquele típico personagem que muda de arco ao longo do filme – ela começa boazinha, e incapaz de ferir alguém, mas no final, ela sofre uma mudança brusca.

 

O restante do elenco também está bem, principalmente o ator Viggo Mortensen, que interpreta um dos membros da família canibal. Seu Tex consegue ser amistoso quando quer, mas quando se torna ameaçador, ele muda completamente, e se torna um personagem assustador.

 

No entanto, apesar dessas qualidades, o filme tem também os seus problemas. A direção de Jeff Burr não é ruim, mas o resto da técnica é questionável. O principal é a casa da família canibal, que se parece com uma casa comum e tem só um cômodo cheio de ossos velhos; o certo seria o contrário, fazer a casa inteira ser cheia de ossos velhos. A fotografia tem os seus méritos, mas a montagem não se salva, principalmente nas cenas violentas. Aparentemente, o filme foi censurado pela MPAA, então, não temos grandes efeitos aqui, sendo que o maior problema ficou na cena da marreta, que voa em direção ao rosto do personagem, mas acontece um corte antes de vermos o rosto dele ser destruído.

 

Os efeitos especiais ficaram a cabo da KNB Effects, e eles são quase inexistentes, conforme mencionei acima. Acredito que o melhor seja na sequência em que a protagonista tem as duas mãos perfuradas com pregos na cadeira.

 

E claro, no final, temos a mesma sequência de jantar, que funcionou nos dois primeiros filmes, mas, se você levar em conta o que foi escrito aqui, vai achar estranho.

 

Foi lançado em DVD no Brasil na coleção O Massacre da Serra Elétrica, da Obras-Primas do Cinema, com muitos extras.

 

Enfim, O Massacre da Serra Elétrica III é um bom filme, apesar dos seus defeitos. Uma história de horror contada de maneira honesta, com uma direção competente. O maior problema é o roteiro, que não sabe exatamente qual caminho seguir, e acaba repetindo elementos anteriores, e criando momentos que não fazem muito sentindo. Um filme problemático, mas decente.


Créditos: Obras-Primas do Cinema.


sexta-feira, 12 de abril de 2024

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA 2 (1986). Dir.: Tobe Hooper.

 

NOTA: 9


Podem me julgar, mas eu gosto muito de O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA 2, lançado em 1986, produzido pela Cannon Group, e novamente dirigido por Tobe Hooper.

 

Eu tenho algumas memorias desse filme, quando assisti a algumas cenas na TV aberta há alguns anos, mas não o filme todo, porque fiquei com muito medo. Eu me lembrava do primeiro homicídio, com Leatherface em cima da caminhonete; e de Stretch no covil da família, com uma máscara de pele.

 

Anos depois, eu tive a oportunidade de assistir ao filme por completo, e gostei muito. Eu acho este aqui tão bom quanto o primeiro, mas, claro que não se compara ao anterior; mas mesmo assim, eu me divirto muito toda vez que assisto.

 

Acredito que o principal motivo para isso seja a direção de Hooper, que soube contar a história com firmeza. Apesar de estar com a credibilidade baixa na época, em virtude da sua parceria com a Cannon, Hooper fez um ótimo trabalho aqui.

 

No geral, O Massacre 2 é um filme bem competente, e não a bomba que muitos ilustram, na minha opinião. É um daqueles casos de uma continuação que não ofende a obra original.

 

Outra coisa que faz deste um filme muito legal, é o roteiro. Ao invés de focar 100% no terror, temos aqui uma obra voltada para o humor negro, com situações absurdas e piadas pesadas. O humor se deve muito em conta por causa de algumas das atuações também e personagens, principalmente, os membros da família de Leatherface, aqui, batizados de Sawyers.

 

Mais uma vez, a interação entre eles é caótica, com todos os membros sendo agredidos verbalmente pelo velho cozinheiro – Drayton – e mais uma vez, descobrimos um pouco mais sobre a dinâmica dos membros da família.

 

Além disso, temos um Leatherface diferente do anterior, um pouco mais dócil e bobo, principalmente quando está ao lado da protagonista Stretch. O vilão gosta da personagem, e rende momentos absurdos, que até hoje, são comentados por fãs de terror, principalmente, uma cena em especifico.

 

Ao contrário de seu antecessor, aqui temos um filme focado no sangue e no gore, graças aos efeitos do mestre Tom Savini. Desde o primeiro assassinato, o gore está presente, e segue até o final do filme. Temos cabeças arrancadas, peles esfoladas e sangue jorrando das paredes. Os efeitos de Savini são muito bons, e quase não precisam de comentários, porque sabemos da qualidade dos mesmos. Savini fez grandes coisas aqui, desde o cadáver utilizado por Leatherface na cena da ponte; até a placa de metal na cabeça de Chop-Top.

 

Deixe-me também contar sobre a cena que mais me vem à mente quando eu lembro desse filme, a cena da ponte. Na minha opinião, é a melhor cena do filme, simplesmente por causa da maneira como é mostrada na tela. Leatherface está em cima na caminhonete, vestido com um cadáver putrefato, e com a serra nas mãos. Ele faz um grande estrago no carro dos adolescentes ricos, arranhando a lataria e decepando a cabeça de um deles, tudo ao som de Oingo Boingo.

 

E claro, assim como seu antecessor, a produção aqui foi tomada por problemas. Segundo o diretor Hooper, um dos cenários foi tomado por fogo, e eles quase perderam o set; o ator que interpretou Leatherface, em certo momento, contraiu pneumonia; sem contar o comportamento de Dennis Hopper no set.

 

Foi lançado em Blu-ray no Brasil pela Obras-Primas do Cinema, em versão remasterizada, na coleção O Massacre da Serra Elétrica, com vários extras. Atualmente, tal edição está fora de catálogo.

 

Enfim, O Massacre da Serra Elétrica 2 é um filme excelente. Um longa que consegue ser tão bom quanto seu antecessor, mas, claro, não se iguala a ele. A direção de Tobe Hooper é segura, e o diretor consegue criar cenas tensas e engraçadas ao mesmo tempo. Os efeitos especiais de Tom Savini são o destaque, graças às técnicas milenares de um dos maiores maquiadores do cinema. Um filme muito divertido. Altamente recomendado.


Créditos: Obras-Primas do Cinema


segunda-feira, 8 de abril de 2024

O GALEÃO FANTASMA (1974). Dir.: Amando de Ossorio.

 

NOTA: 8.5


Entre 1972 e 1975, o diretor espanhol Amando de Ossorio lançou a sua quadrilogia dos mortos-vivos cegos, que se tornaram cults graças à originalidade do cineasta ao criar os seus zumbis.

 

Hoje, vou falar sobre O GALEÃO FANTASMA, terceiro filme da quadrilogia, lançado em 1974, e considerado o mais trash e tosco de todos, graças aos efeitos especiais simplórios.

 

Ao contrário dos filmes anteriores, aqui temos outra explicação para os zumbis cegos templários, visto que agora os mesmos estão ligados ao mar, habitando um navio fantasma, uma alegoria muito comum nas histórias de terror.

 

Mais uma vez, Ossorio se mostra um cineasta competente, e faz um belo trabalho, tudo graças às suas técnicas próprias, com o uso de câmeras e lentes especiais, além da clássica trilha sonora, e o visual dos zumbis.

 

Assim como nos anteriores, os zumbis são apresentados com o visual clássico, os esqueletos com capas e bigodes que andam lentamente, e escutam suas vítimas pelo batimento cardíaco. O cineasta sabe fazer uso dos monstros sempre que possível, apresentando-os aos poucos, e quando eles surgem, tomam conta da tela.

 

O roteiro do cineasta faz uma espécie de crítica à indústria de modelos, visto que os personagens trabalham em uma agência de modelos de renome, e uma das mulheres se preocupa com a amiga, e decide procurar por ela, após descobrir que a mesma está em um barco à deriva com outra mulher, como parte de uma campanha publicitária. Após essa apresentação, o roteiro nos leva ao mundo dos zumbis templários, e ficamos sabendo que se trata de um filme da série dos zumbis cegos.

 

Deixe-me destacar também a ambientação do navio fantasma. Ao contrário das ambientações terrestres dos dois filmes anteriores, temos aqui uma ambientação marítima, com um clima fortemente gótico e claustrofóbico, com o navio envolto em nevoa e escuridão.

 

Mesmo sendo levados para outro ambiente, a claustrofobia ainda é muito forte, visto que a câmera de Ossorio foca em determinados pontos escuros e sombrios do navio, e passam a sensação de um lugar fechado, ao mesmo tempo que passa uma sensação de falta de segurança e medo.

 

No entanto, apesar da ótima mudança de ambiente, o diretor novamente faz questão de banalizar o corpo da mulher, apresentando-a como um objeto para os homens tarados que as rondam. Tal característica fica evidente logo na primeira cena, com três modelos de biquíni posando para uma campanha. Mais adiante, a modelo Noemi é tratada como pedaço de carne por um personagem masculino que tenta assediá-la; além disso, o dono da agencia também a trata com desrespeito. Em tempos do politicamente correto, cultura do cancelamento, e outros, fica evidente que a quadrilogia jamais seria realizada nos dias atuais.

 

Antes de encerrar, deixe-me falar um pouco a respeito dos efeitos especiais, que são, na opinião dos especialistas, o grande defeito do filme. Eu já mencionei que os zumbis cegos são a melhor coisa do filme, então, não irei me repetir; o foco aqui são os efeitos do navio. Ossorio faz muito uso de miniaturas na hora de mostrar seu galeão por inteiro, e talvez para os mais exigentes, soe muito falso. Para mim, não há muito problema; eu gosto da ideia de que o cineasta dispunha apenas de miniaturas, visto que construir um navio em tamanho real, seria problemático, e com certeza geraria problemas de orçamento.

 

Não vou dizer o que acontece no final, mas digo que o melhor momento do filme, e envolve os zumbis cegos numa praia.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Os Mortos-Vivos Cegos, que conta com os quatro filmes da franquia, além de um depoimento do diretor como extra.

 

Enfim, O Galeão Fantasma é um filme muito bom. O filme que marca a mudança de ambiente na franquia de Amando de Ossorio, mas que ainda mantém a atmosfera gótica e claustrofóbica presente desde o primeiro filme. Os zumbis cegos são o grande destaque, com seu visual clássico e amedrontador, que provocam calafrios no espectador. Um ótimo filme de zumbis e um dos melhores dos anos 70.


Créditos: Versátil Home Vídeo.

LISA E O DIABO (1973). Dir.: Mario Bava.

  NOTA: 10 LISA E O DIABO é um filme belíssimo.   Uma história de horror, fantasia e mistério contada com a maestria do Maestro Mario Ba...