NOTA: 8.5
Entre 1972 e 1975, o diretor espanhol Amando de
Ossorio lançou a sua quadrilogia dos mortos-vivos cegos, que se tornaram cults graças à originalidade do cineasta
ao criar os seus zumbis.
Hoje, vou falar sobre O GALEÃO FANTASMA, terceiro filme da quadrilogia, lançado em 1974,
e considerado o mais trash e tosco de todos, graças aos efeitos especiais simplórios.
Ao contrário dos filmes anteriores, aqui temos outra explicação
para os zumbis cegos templários, visto que agora os mesmos estão ligados ao
mar, habitando um navio fantasma, uma alegoria muito comum nas histórias de
terror.
Mais uma vez, Ossorio se mostra um cineasta
competente, e faz um belo trabalho, tudo graças às suas técnicas próprias, com
o uso de câmeras e lentes especiais, além da clássica trilha sonora, e o visual
dos zumbis.
Assim como nos anteriores, os zumbis são apresentados
com o visual clássico, os esqueletos com capas e bigodes que andam lentamente,
e escutam suas vítimas pelo batimento cardíaco. O cineasta sabe fazer uso dos
monstros sempre que possível, apresentando-os aos poucos, e quando eles surgem,
tomam conta da tela.
O roteiro do cineasta faz uma espécie de crítica à indústria
de modelos, visto que os personagens trabalham em uma agência de modelos de
renome, e uma das mulheres se preocupa com a amiga, e decide procurar por ela, após
descobrir que a mesma está em um barco à deriva com outra mulher, como parte de
uma campanha publicitária. Após essa apresentação, o roteiro nos leva ao mundo
dos zumbis templários, e ficamos sabendo que se trata de um filme da série dos
zumbis cegos.
Deixe-me destacar também a ambientação do navio
fantasma. Ao contrário das ambientações terrestres dos dois filmes anteriores, temos
aqui uma ambientação marítima, com um clima fortemente gótico e claustrofóbico,
com o navio envolto em nevoa e escuridão.
Mesmo sendo levados para outro ambiente, a
claustrofobia ainda é muito forte, visto que a câmera de Ossorio foca em
determinados pontos escuros e sombrios do navio, e passam a sensação de um
lugar fechado, ao mesmo tempo que passa uma sensação de falta de segurança e
medo.
No entanto, apesar da ótima mudança de ambiente, o
diretor novamente faz questão de banalizar o corpo da mulher, apresentando-a
como um objeto para os homens tarados que as rondam. Tal característica fica
evidente logo na primeira cena, com três modelos de biquíni posando para uma
campanha. Mais adiante, a modelo Noemi é tratada como pedaço de carne por um
personagem masculino que tenta assediá-la; além disso, o dono da agencia também
a trata com desrespeito. Em tempos do politicamente correto, cultura do
cancelamento, e outros, fica evidente que a quadrilogia jamais seria realizada
nos dias atuais.
Antes de encerrar, deixe-me falar um pouco a respeito
dos efeitos especiais, que são, na opinião dos especialistas, o grande defeito
do filme. Eu já mencionei que os zumbis cegos são a melhor coisa do filme, então,
não irei me repetir; o foco aqui são os efeitos do navio. Ossorio faz muito uso
de miniaturas na hora de mostrar seu galeão por inteiro, e talvez para os mais
exigentes, soe muito falso. Para mim, não há muito problema; eu gosto da ideia
de que o cineasta dispunha apenas de miniaturas, visto que construir um navio
em tamanho real, seria problemático, e com certeza geraria problemas de
orçamento.
Não vou dizer o que acontece no final, mas digo que o
melhor momento do filme, e envolve os zumbis cegos numa praia.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo,
na coleção Os Mortos-Vivos Cegos,
que conta com os quatro filmes da franquia, além de um depoimento do diretor
como extra.
Enfim, O
Galeão Fantasma é um filme muito bom. O filme que marca a mudança de
ambiente na franquia de Amando de Ossorio, mas que ainda mantém a atmosfera gótica
e claustrofóbica presente desde o primeiro filme. Os zumbis cegos são o grande
destaque, com seu visual clássico e amedrontador, que provocam calafrios no
espectador. Um ótimo filme de zumbis e um dos melhores dos anos 70.
Créditos: Versátil Home Vídeo. |
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