segunda-feira, 8 de abril de 2024

O GALEÃO FANTASMA (1974). Dir.: Amando de Ossorio.

 

NOTA: 8.5


Entre 1972 e 1975, o diretor espanhol Amando de Ossorio lançou a sua quadrilogia dos mortos-vivos cegos, que se tornaram cults graças à originalidade do cineasta ao criar os seus zumbis.

 

Hoje, vou falar sobre O GALEÃO FANTASMA, terceiro filme da quadrilogia, lançado em 1974, e considerado o mais trash e tosco de todos, graças aos efeitos especiais simplórios.

 

Ao contrário dos filmes anteriores, aqui temos outra explicação para os zumbis cegos templários, visto que agora os mesmos estão ligados ao mar, habitando um navio fantasma, uma alegoria muito comum nas histórias de terror.

 

Mais uma vez, Ossorio se mostra um cineasta competente, e faz um belo trabalho, tudo graças às suas técnicas próprias, com o uso de câmeras e lentes especiais, além da clássica trilha sonora, e o visual dos zumbis.

 

Assim como nos anteriores, os zumbis são apresentados com o visual clássico, os esqueletos com capas e bigodes que andam lentamente, e escutam suas vítimas pelo batimento cardíaco. O cineasta sabe fazer uso dos monstros sempre que possível, apresentando-os aos poucos, e quando eles surgem, tomam conta da tela.

 

O roteiro do cineasta faz uma espécie de crítica à indústria de modelos, visto que os personagens trabalham em uma agência de modelos de renome, e uma das mulheres se preocupa com a amiga, e decide procurar por ela, após descobrir que a mesma está em um barco à deriva com outra mulher, como parte de uma campanha publicitária. Após essa apresentação, o roteiro nos leva ao mundo dos zumbis templários, e ficamos sabendo que se trata de um filme da série dos zumbis cegos.

 

Deixe-me destacar também a ambientação do navio fantasma. Ao contrário das ambientações terrestres dos dois filmes anteriores, temos aqui uma ambientação marítima, com um clima fortemente gótico e claustrofóbico, com o navio envolto em nevoa e escuridão.

 

Mesmo sendo levados para outro ambiente, a claustrofobia ainda é muito forte, visto que a câmera de Ossorio foca em determinados pontos escuros e sombrios do navio, e passam a sensação de um lugar fechado, ao mesmo tempo que passa uma sensação de falta de segurança e medo.

 

No entanto, apesar da ótima mudança de ambiente, o diretor novamente faz questão de banalizar o corpo da mulher, apresentando-a como um objeto para os homens tarados que as rondam. Tal característica fica evidente logo na primeira cena, com três modelos de biquíni posando para uma campanha. Mais adiante, a modelo Noemi é tratada como pedaço de carne por um personagem masculino que tenta assediá-la; além disso, o dono da agencia também a trata com desrespeito. Em tempos do politicamente correto, cultura do cancelamento, e outros, fica evidente que a quadrilogia jamais seria realizada nos dias atuais.

 

Antes de encerrar, deixe-me falar um pouco a respeito dos efeitos especiais, que são, na opinião dos especialistas, o grande defeito do filme. Eu já mencionei que os zumbis cegos são a melhor coisa do filme, então, não irei me repetir; o foco aqui são os efeitos do navio. Ossorio faz muito uso de miniaturas na hora de mostrar seu galeão por inteiro, e talvez para os mais exigentes, soe muito falso. Para mim, não há muito problema; eu gosto da ideia de que o cineasta dispunha apenas de miniaturas, visto que construir um navio em tamanho real, seria problemático, e com certeza geraria problemas de orçamento.

 

Não vou dizer o que acontece no final, mas digo que o melhor momento do filme, e envolve os zumbis cegos numa praia.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Os Mortos-Vivos Cegos, que conta com os quatro filmes da franquia, além de um depoimento do diretor como extra.

 

Enfim, O Galeão Fantasma é um filme muito bom. O filme que marca a mudança de ambiente na franquia de Amando de Ossorio, mas que ainda mantém a atmosfera gótica e claustrofóbica presente desde o primeiro filme. Os zumbis cegos são o grande destaque, com seu visual clássico e amedrontador, que provocam calafrios no espectador. Um ótimo filme de zumbis e um dos melhores dos anos 70.


Créditos: Versátil Home Vídeo.

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