NOTA: 7.5
Peter Straub foi um dos nomes mais conhecidos da
literatura americana de suspense, e seus livros são reconhecidos como
best-sellers principalmente nos Estados Unidos.
GHOST STORY é
um de seus romances mais conhecidos, e um livro muito bom, devo dizer.
Eu não li outro livro do autor – tenho na minha
coleção, O Talismã e A Casa Negra, escritos em parceria com
Stephen King – mas ouvi dizer que ele não escrevia livros menores, apenas
calhamaços, e este aqui é um deles.
O romance é escrito em uma riqueza de detalhes
impressionante, e confesso que é preciso se concentrar bem para mergulhar na
leitura, porque o autor não poupa o leitor de detalhes na narrativa, até de
detalhes banais.
O romance conta a historia da Sociedade Chowder,
composta por quatro velhos amigos, que se reúnem de tempos em tempos para
contar historias de terror e fantasmas, sempre na calada da noite, vestidos em
trajes a rigor, com bebidas e charutos.
Divido em três partes, além de contar com um prologo
e um epilogo, o livro é bem assustador e tenso, com cenas dignas de provocar
arrepios, principalmente as cenas de pesadelos dos membros da Sociedade.
Como é um livro bem grande, ficamos muito tempo
imersos na leitura, acompanhando a narrativa extensa do autor e seu método de
contar a narrativa, descrevendo detalhes importantes dos personagens durante a
descrição da cena, e isso acontece em todos os momentos. Eu pessoalmente achei
isso até interessante, porque dá uma visão diferente do método de escrita de um
autor especifico.
Eu havia visto uma resenha de uma Book Tuber que não
se sentiu presa à narrativa, talvez, principalmente por causa da riqueza de
detalhes com que o autor compôs sua obra; não é o meu caso, conforme mencionei
acima.
Um dos pontos que a Book Tuber destacou em sua
resenha foi a sequencia da festa, que, segundo ela, é muito extensa. Eu gostei
de ler essa sequencia, porque me senti dentro daquela festa, interagindo com
aqueles personagens, e testemunhando a tragédia que aconteceu no final do
evento.
Um ano após essa tragédia, os membros da Sociedade
Chowder decidem chamar o sobrinho de um deles para ajuda-los a investigar o que
aconteceu com o quinto componente do grupo.
A partir daí, o autor destaca alguns capítulos para
descrever o ponto de vista desse novo personagem, por meio de seus diários, principalmente
o seu encontro com uma mulher misteriosa. E conforme ele vai nos contando,
descobrimos que a mulher não é nada do que pensava.
No capítulo seguinte, Straub faz um relato de como os
demais personagens do livro estão vivendo, com destaque para um adolescente e
seu amigo rebelde. Eu confesso que fiquei um pouco confuso com a leitura desse
capítulo, porque não me lembrava dos personagens descritos ali, visto a
quantidade de páginas do livro. No entanto, o trecho em que os dois rapazes
invadem uma casa e são atacados por uma entidade é muito bom.
Em meio à essa descrição detalhada dos eventos, o
autor apresenta uma outra mulher misteriosa, que pode ter ligação com os
membros da Sociedade Chowder, e com os acontecimentos bizarros que estão
tomando conta da cidade.
No início da terceira parte, o autor continua focando
na vida dos personagens secundários, com destaque para uma sequência de invasão
domiciliar, que termina de maneira aterrorizante, com a presença de um provável
lobisomem. Esse é um detalhe curioso do livro. Aparentemente, Straub diz que
seus fantasmas podem assumir diferentes formas, além de interagir com todos,
como se estivessem vivos. Eu acho esse um detalhe muito curioso, porque dessa
forma, os fantasmas do autor têm as suas próprias regras e precisam segui-las.
Toda essa sequência da cidade, com todos os
personagens, é um pouco monótona, porque o autor aparentemente foge do foco
principal da trama, que são os membros da Sociedade Chowder, e o sobrinho de um
deles, que está investigando a morte do tio.
Mas, em determinado momento, Straub retorna aos
membros da Sociedade, e eles contam para Don – e para nós também – quem é a
mulher que está rondando os demais personagens, e criando situações
assustadoras. Toda essa sequência é muito boa, pois prende de fato a atenção do
leitor, porque queremos saber o que aconteceu com os homens idosos quando eram
mais jovens. Foi um trecho que me prendeu, porque me fez lembrar da sequência
de flashback do filme.
E para finalizar os momentos que merecem destaque, eu
menciono a sequência em que os personagens entram em uma casa abandonada, a fim
de procurar os fantasmas que estão causando os problemas na cidade. É uma
sequência verdadeiramente tensa, que me deixou arrepiado.
A escrita de Straub até que é boa, mas, na minha opinião,
o livro sofre de um mal que me deixou confuso; em vários momentos, o autor foca
sua atenção nos demais personagens, e confesso que me senti um pouco perdido,
porque não me lembrava deles. Vocês podem dizer que ‘Salem, de Stephen King, tem o mesmo problema, mas, a leitura do
livro de King foi muito mais fluida e não me atrapalhou; o mesmo não pode ser
dito sobre este livro.
Eu mencionei acima que o autor faz questão de mostrar
que seus fantasmas não são fantasmas comuns, e de fato, não são. Aqui, eles
podem assumir diversas formas diferentes, sendo descritos como transmorfos, e
eu achei isso muito interessante, porque as criaturas seguem suas próprias regras.
A interação entre os quatro amigos da Sociedade Chowder
também é bem explorada, e cada um tem suas próprias características e personalidades.
Fica evidente que os membros mais importantes são Ricky e Sears, visto a
quantidade de tempo que o autor dedica a eles. Os demais personagens também são
bem explorados, principalmente nos capítulos referentes à cidade como um todo.
O conflito final dos personagens com a criatura
principal também é bem escrito, com direito a cenas ambientadas em outras dimensões,
mas o cenário principal é o apartamento da mulher que os membros da Sociedade mataram
por acidente. E o epílogo amarra muito bem o que foi apresentado no prólogo, a relação
entre Don e uma menina misteriosa.
Enfim, Ghost Story
é um livro bom. Uma história de horror contada de maneira elaborada, com
muitas cenas, muitos cenários, e muitos personagens, e em determinado momento,
tudo se encaixa. A escrita de Peter Straub é decente, apesar de focar muito em
personagens e cenas que aparentemente, não tem relação com a história
principal. Um gigantesco quebra-cabeça que é montado aos poucos, revelando uma
história arrepiante e intrigante.
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