AVISO!
O LIVROS & FILMES DE HORROR está em recesso.
Novas resenhas a partir de Fevereiro/2023.
Obrigado.
Resenhas de Filmes de Terror e Livros em geral. Filmes de outros gêneros também são resenhados. Livros técnicos não terão resenhas publicadas.
AVISO!
O LIVROS & FILMES DE HORROR está em recesso.
Novas resenhas a partir de Fevereiro/2023.
Obrigado.
NOTA: 9.5
Em 1968, o diretor George A. Romero lançou o seu A Noite dos Mortos-Vivos, que
rapidamente se tornou um clássico do gênero de terror e do cinema de zumbis,
estabelecendo todas as regras que são utilizadas desde então.
Mas hoje não estou aqui para falar do clássico de
Romero, e sim, de NÃO SE DEVE PROFANAR O
SONO DOS MORTOS, lançado em 1974, e dirigido por Jorge Grau, um dos
melhores filmes de zumbi de todos os tempos.
Mas o que faz deste um dos melhores filmes de zumbi
de todos os tempos? Bem, conforme já mencionei em outras resenhas, a resposta é
simples: o filme como um todo.
Ao contrário do que estamos acostumados, aqui temos
também um exemplo de filme que vai acontecendo aos poucos, como era costume na
época, porque realmente as coisas vão acontecendo calmamente, e o principal
foco da trama, os zumbis, não aparecem o tempo todo.
Então, temos aqui uma história focada nos personagens
humanos, no caso, o trio de protagonistas, George; Edna; e o Sargento de
polícia. Claro, temos outros personagens, mas o roteiro foca principalmente nos
três e nas suas interações, mais detalhes adiante.
Na minha opinião, além do roteiro, das atuações,
direção e efeitos especiais, o que torna esse filme atraente são os cenários. O
longa foi rodado na Inglaterra, Espanha e Itália, e as locações britânicas são
maravilhosas, convidativas. O diretor Jorge Grau soube aproveitar os cenários
ao máximo, dando destaque para a pequena vila, o hospital e o cemitério, onde
acontece a melhor sequência do filme.
Além das locações, temos também os efeitos especiais,
conforme mencionado acima. Eles foram criados pelo mestre Giannetto de Rossi,
um especialista em efeitos sangrentos do cinema de horror italiano, responsável
por grandes obras. De Rossi fez grandes coisas aqui, criando absolutamente
tudo, desde perfurações, machadadas e órgãos estripados. Difícil dizer qual o
melhor, porque todos são maravilhosos.
O diretor Jorge Grau também merece menção. Sua
direção é competente e segura, e não apela para truques falsos. O diretor
conseguiu arrancar grandes coisas com sua câmera, principalmente nas cenas de
horror, novamente, sem apelar para truques fajutos.
E finalmente, os três atores principais também não
fazem feio, com atuações nada exageradas ou caricatas, principalmente nas cenas
em que precisam esboçar medo.
Bem, já mencionei os quesitos técnicos, agora vou
falar sobre os zumbis. Eles são a melhor coisa do filme, e conseguem assustar
sem fazer nenhum esforço. Ao contrário dos zumbis apresentados nos filmes
posteriores, aqui não temos zumbis putrefatos e caindo aos pedaços; longe
disso. Os zumbis aqui estão intactos, mas nem por isso deixam de ser
assustadores e sanguinários. E parece que ficam melhores a cada cena,
principalmente na cena do cemitério, o auge do filme, na minha opinião. Segundo
o diretor Grau, ele pesquisou em livros da polícia como ficam as pessoas depois
de mortas, além de usar outras fontes para compor seus mortos-vivos, e o
resultado é surpreendente. Me arrisco a dizer que os zumbis de Grau são muito
parecidos com os zumbis de Romero.
Conforme também mencionei, o filme é carregado de
sequências memoráveis, e a melhor delas é a do cemitério, onde o gore corre
solto. Assim como todo o filme, a sequência começa contida, mas aos poucos, o
terror vai acontecendo, e quando acontece, fica impossível respirar, porque é
uma sequência carregada de tensão, principalmente porque os personagens estão
encurralados, a mercê dos mortos-vivos. E claro, temos um momento de gore, com
um personagem secundário que acaba morto pelos zumbis e despedaçado por eles.
Outra sequência que também merece menção é a do
hospital, no final do filme. Assim como a do cemitério, aqui temos também uma
sequência tensa e carregada no gore, e os efeitos de Giannetto de Rossi são os
melhores aqui, conforme já mencionei.
Antes de encerrar, vou mencionar os personagens. O
casal de protagonistas é simples, e não fazem feio, principalmente quando estão
encurralados pelos zumbis. No entanto, o personagem do Sargento é extremamente
o oposto deles, absolutamente autoritário, que não respeita ninguém e está
disposto a tudo para provar que está certo.
Aliás, tenho que mencionar outra coisa. O roteiro é
sagaz em promover desencontros entre o Sargento e os eventos envolvendo os
zumbis, e a cada revisão, parece que ele vai descobrir a verdade, mas não é
isso que acontece.
Não Se Deve
Profanar o Sono dos Mortos chegou a ser lançado em VHS no Brasil com o
título picareta de Zumbi 3, por
motivos desconhecidos. Em contrapartida, foi lançado em DVD no Brasil pela
Versátil Home Vídeo na coleção Zumbis no
Cinema, em versão integral restaurada.
Enfim, Não Se
Deve Profanar o Sono dos Mortos é um filme excelente. Uma história de
zumbis carregada de tensão e gore, aliados a requisitos técnicos dignos de
nota, principalmente os efeitos especiais, criados por um mestre na arte. Os
cenários ingleses também são o destaque, e tornam o filme mais bonito e
convidativo. Um dos melhores filmes de zumbi de todos os tempos. Sangrento.
Claustrofóbico. Excelente. Altamente recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
Acesse também:
NOTA: 10
Quem disse que filmes de terror não podem ser
bonitos, certamente nunca ouviu falar do Maestro Mario Bava. Conforme já
comentei aqui antes, seus filmes são carregados de uma beleza exuberante, que
somente ele sabia fazer.
Mas hoje não estou aqui para falar sobre o Maestro, e
sim, sobre OS OLHOS SEM ROSTO,
lançado em 1960, dirigido por Georges Franju.
O que posso dizer sobre esse filme? Bem, vou direto
aqui. Não é um filme bonito; é um filme lindo! E tudo contribui para isso: a
direção, o roteiro, e principalmente, a fotografia em preto e branco.
Os Olhos é
um dos meus filmes de terror favoritos, e uma grande inspiração, mas vou deixar
isso mais para frente.
Na minha opinião, o que torna esse filme tão único, é
o simples fato de ser filme de terror pé no chão, sem apelar para monstros ou
fantasmas; além disso, é o exemplo clássico da história onde o monstro não é
quem aparenta.
E também, não deixa de ser um conto de fadas de
horror, com a princesa presa na torre do castelo; no caso, a filha do professor.
Acredito que o primeiro ponto a ser discutido aqui é
a fotografia em preto e branco. Ao contrário de muitos filmes produzidos no
mesmo estilo, aqui temos somente os tons de preto e branco, sem apelar para o
cinza, e as duas cores pulsam na tela. Eu sinceramente não consigo imaginar
esse filme sendo colorido, porque é o caso em que o preto e branco combina
muito bem com o longa e o deixa ainda mais bonito.
A direção e o roteiro também são pontos positivos, e
não apelam para sustos falsos; na verdade, são responsáveis por cenas bem
tensas, com destaque para a cena da cirurgia, que até hoje, consegue ser uma
das mais chocantes do cinema, mesmo sendo em preto e branco. Outra cena bem
tensa, é a cena do cemitério, quando o professor abre o tumulo onde sua filha
estaria enterrada e joga um corpo lá dentro.
Além da fotografia, direção e roteiro, temos também o
elenco. Todos os atores estão excelentes nos papeis, mesmo aqueles que não
aparecem por muito tempo; inclusive, pode-se dizer que temos também alguns
momentos de alivio cômico, mas sem apelar para personagens idiotas.
No entanto, quem está excelente no filme são três
atores principais. Pierre Brausseur entrega uma atuação aterrorizante e fria,
interpretando o professor. O personagem é um homem amargurado, que está
disposto a tudo para trazer a beleza da filha de volta, e não mede esforços
para isso; Alida Valli, grande nome do cinema de horror europeu, também não
decepciona, interpretando a secretaria e assistente do professor, uma mulher
que também está disposta a tudo para ajuda-lo, apesar de ter seus momentos de
dúvida quanto a alguns dos métodos do homem.
Mas claro, quem realmente rouba a cena é a atriz
Édith Scob, no papel de Christiane, a filha do professor. Ela é o coração e a
alma do filme e enche a tela de encanto desde de sua primeira aparição. Ela é a
típica personagem que passa o filme inteiro sofrendo por causa de sua condição,
porque não foi culpa dela, e conforme mencionei acima, não é o monstro da
história. Além disso, conforme também mencionei, o filme é um conto de fadas,
então, ela é a princesa que vive presa no castelo, a espera de alguém que possa
salvá-la.
A personagem é praticamente um anjo dentro do filme,
com seu vestido branco, e ar inocente. Sua melhor cena, sem duvida, é a cena
dos cachorros, onde interage com eles, abraçando-os e acariciando-os em suas
gaiolas. E a melhor peça do figurino é a máscara branca, que ela usa durante
todo o filme; completamente inexpressiva e melancólica, a máscara consegue
causar calafrios no espectador sem fazer esforço. E o diretor também é muito
inteligente, escondendo o rosto da personagem com o uso de ângulos específicos
de câmera; na verdade, há apenas uma cena em que o verdadeiro rosto da
personagem aparece, e por poucos segundos. O mesmo é dito do rosto verdadeiro
da atriz Édith Scob, que aparece apenas uma vez, por poucos minutos.
Além de Christiane, outra personagem que também
merece destaque é a jovem que tem seu rosto removido e passa a usar gaze e
ataduras para cobrir as cicatrizes. Mesmo com pouca presença, é um dos muitos
pontos altos do filme e um dos mais sinistros também.
Conforme também mencionei acima, Os Olhos é um dos meus filmes de terror favoritos e uma inspiração
para mim. Isso porque estou escrevendo um livro sobre uma jovem com uma
condição especifica, e a personagem Christiane me serviu de inspiração para
compô-la.
Quando foi lançado nos cinemas, foi um fracasso de
critica e de bilheteria, mas hoje em dia, é reconhecido como um dos maiores
filmes de terror de todos os tempos.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo
na coleção Obras-Primas do Terror –
Vol.9, em inédita versão restaurada.
Enfim, Os
Olhos Sem Rosto é um filme lindo. Um
filme de terror com aspecto de conto de fadas. Uma historia delicada, mas
assustadora, capaz de provocar calafrios sem fazer esforço para isso. Um
exemplo clássico da historia onde o monstro não é quem pensamos ser. Além
disso, faz uma discussão sobre a beleza, tanto externa quanto interna. Um filme
que, apesar de contemporâneo, possui um aspecto gótico. Um filme melancólico,
que dá vontade de chorar. Uma bela fotografia em preto e branco enche a tela e
contribui para deixa-lo mais bonito. Atuações magnificas, em especial da atriz
Edith Scob, que entrega uma performance delicada, e cria uma personagem
inesquecível. Um filme maravilhoso. Um conto de fadas de terror. Um dos maiores filmes de terror de todos os
tempos. Um dos Filmes Mais Assustadores de Todos os Tempos. Perturbador.
Comovente. Delicado. Assustador. Excelente.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
Acesse também:
https://livrosfilmesdehorror.home.blog/
NOTA: 9.5
Desde sua fundação, em 1962, a Amicus tornou-se um
dos maiores estúdios de cinema britânicos de todos os tempos, rivalizando com a
Hammer Films. Porém, ao contrário da Hammer, o estúdio tornou-se especialista
em produzir antologias de horror, apesar de lançar outros filmes, a maioria
voltados para o horror. Ao total, foram sete antologias, todas maravilhosas.
Mas hoje, não estou aqui para falar das antologias da
Amicus, e sim, de NA SOLIDÃO DA NOITE,
precursor do gênero de antologia, lançado em 1945.
O que posso dizer sobre esse filme? Bem, digo o
seguinte: é um dos melhores filmes de terror de todos os tempos, e um dos
melhores que já vi; além de ser um daqueles casos de filmes que ficam melhores
a cada revista.
Conforme mencionado acima, o filme é o precursor do gênero
de antologia, neste caso, contando com cinco histórias de horror. Na verdade,
antes de entrar nas histórias propriamente ditas, o filme até começa de maneira
simples, com o protagonista indo até uma casa de fazenda no interior da Inglaterra.
Quando ele chega lá, começa a falar com os outros personagens a respeito de
seus sonhos e pesadelos, o que intriga a todos ali. Em seguida, eles mesmos
começam a contar suas próprias histórias.
The Hearse Driver:
Um corredor de carro sofre um acidente, e vai parar no hospital, onde é
atendido por uma bela enfermeira. Durante a estadia, ele tem uma estranha visão
de um carro funerário estacionado abaixo de sua janela. Ao sair do hospital,
ele vê o motorista do carro funerário em um ônibus e decide não embarcar. O ônibus
então sofre um acidente e todos os passageiros morrem.
The Christmas Party:
Uma adolescente está comemorando o Natal na casa de um amigo e participa de
um jogo de esconde-esconde com os convidados. Durante a brincadeira, ela
encontra um quarto de criança e conhece um garotinho que tem medo da irmã. Ao reencontrar
os outros convidados, ela descobre que o garotinho está morto desde o século
XIX.
The Haunted Mirror:
Uma mulher compra um espelho para seu noivo. No inicio, tudo parece bem,
mas, aos poucos, o homem é atormentado por estranhas visões relacionadas ao
espelho. A mulher descobre que o objeto pertenceu a um homem que matou a esposa
no século XIX, e precisa correr para impedir que o noivo perca a razão.
The Golfer’s Story:
Dois campeões de golfe conhecem e se apaixonam por uma mulher e resolvem disputa-la
com uma partida. Um deles ganha a partida e o outro se suicida em um lago. Às vésperas
de seu casamento, o vencedor é atormentado pelo fantasma de seu amigo, que
afirma que ele trapaceou no jogo e exige que o amigo assuma o erro.
The
Ventriloquist’s Dummy: Um ventríloquo americano conhece outro em Paris e se
surpreende com seu ato, cuja principal atração é seu boneco Hugo. Ao reencontrá-lo
em Londres, o americano descobre que o ventríloquo possui sérios problemas psicológicos,
e na mesma noite, é atacado por ele, que não pretende entregar seu boneco ao
rival.
Uma antologia básica, não? Sim, no entanto, ao contrário
das que vieram depois, principalmente nos anos 70, aqui, as histórias foram
dirigidas por cinco pessoas diferentes, e cada uma imprimiu seu próprio estilo.
Entre os diretores, temos o brasileiro Alberto Cavalcanti, que dirigiu a
segunda e última historias – a do boneco, a melhor delas.
Além da presença do brasileiro Cavalcanti, é possível
perceber aqui a principal característica das antologias: a diversidade entre as
histórias. A primeira remete primeiramente a um romance, mas logo se transforma
em um terror, com a presença do carro funerário; a segunda é uma história de
fantasma com toques infantis, principalmente pela presença do garotinho; a
terceira foca mais um suspense sobrenatural, além de apresentar elementos de
horror psicológico; a quarta também é uma história de fantasma, mas com uma
veia cômica; e a última, é um suspense psicológico, onde a loucura é o
principal elemento.
Além das histórias narradas pelos personagens, temos também
os interlúdios, com o protagonista interagindo com eles, que culmina na melhor
parte do filme, quando o pesadelo dele se torna realidade, e ele interage com
todas as histórias de uma maneira macabra e assustadora.
Com certeza, o episódio mais lembrado do filme é o último,
The Ventriloquist’s Dummy. Sem dúvida,
é o melhor episódio, com toques de suspense psicológico, com o ventríloquo atormentado
por problemas mentais, que culminam numa personalidade alternativa, que ele usa
em seu boneco Hugo. Falando nele, o boneco é um dos personagens mais
assustadores do cinema – algo comum em bonecos de ventríloquo – e sua aparência
e voz fina são dignas de pesadelos. Algo semelhante aconteceria em Magia Negra (1978), onde o ator Anthony
Hopkins interpretou um ventríloquo domado por seu boneco.
Os demais personagens também são bem interessantes,
cada um à sua maneira, principalmente o protagonista, que se mostra
visivelmente atormentado por seus sonhos recorrentes; os demais apelam à sua
psiquiatra para descobrir o motivo por trás dos sonhos dele e também por trás
de suas próprias histórias, algo que não fica chato conforme os relatos acabam.
Na Solidão da Noite
possui um legado importante entre os fãs de cinema, tendo como fã o diretor
Martin Scorsese, que o elegeu um dos filmes mais assustadores de todos os
tempos. O último episódio inspirou diversas histórias posteriores, entre elas,
um segmento da série Além da Imaginação, além de outros
filmes.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo
na coleção Obras-Primas do Terror.
Enfim, Na Solidão
da Noite é um filme excelente. Uma história de horror composta por cinco
segmentos aterrorizantes, que prendem a atenção do espectador. Cada um dos
cineastas envolvidos deixa sua marca e as histórias ficam únicas por causa
disso. Um dos filmes mais assustadores de todos os tempos, com um grande
legado.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
Acesse também:
NOTA: 9.5
Michele Soavi foi o último dos grandes diretores do
cinema de horror italiano, tendo sido responsável por um dos maiores filmes de
zumbi de todos os tempos, o clássico Pelo
Amor e Pela Morte (1994), o longa que encerrou de vez o ciclo do horror
italiano no cinema.
Em 1987, Soavi estreou na direção com O PÁSSARO SANGRENTO, um Slasher
metalinguístico, e um dos melhores do gênero. Assim como seus outros filmes,
este aqui é carregado de imagens líricas e momentos de pura beleza.
O Pássaro é
um verdadeiro espetáculo visual, com suas cenas carregadas de violência e
momentos de tensão, combinados à direção de Soavi, que já mostrou altamente
capacitado.
Conforme mencionado acima, O Pássaro é um Slasher, no sentido clássico da palavra, com tudo
que tem direito, desde a figura do assassino mascarado, até as cenas de morte
sangrentas, e aqui, temos muito sangue.
O importante é dizer que, na época do lançamento do
filme, o gênero americano estava em queda, com produções de baixa qualidade e
pouco inspiradas, além de continuações dos clássicos já estabelecidos – que não
são ruins, vale lembrar. Em comparação com o que era produzido nos Estados
Unidos, O Pássaro é excelente.
Também conforme mencionado acima, O Pássaro é um Slasher metalinguístico,
porque fala justamente de uma peça de teatro dentro do filme, e logo na
abertura, somos brindados com uma sequencia ambientada em um palco, mas não
sabemos disso até que o diretor da peça aparece e encerra a apresentação; aí,
descobrimos que se trata de um ensaio.
A partir daí, somos brindados com muitas cenas
ambientadas dentro do teatro, com o elenco e a equipe se preparando para a
estreia da peça, mas, conforme descobrimos, se torna impossível, não apenas
pelo pouco tempo que eles têm, mas por causa da figura do assassino.
Antes de falar dele, vou falar dos personagens. A
começar pelo diretor da peça, Peter. Ele é um grande cretino, que não ouve
ninguém, e está disposto a realizar a peça a qualquer custo, e não pensa duas
vezes antes de dispensar a protagonista. Alicia, a protagonista, tem bom
coração e quer se provar uma boa atriz, mas também bate de frente quando
precisa. Brett é um ator de temperamento forte, que não liga para a opinião dos
outros e afronta os membros da equipe. Os demais são aqueles típicos
personagens caricatos e exagerados, comuns nas produções italianas, mas não
deixam de ser interessantes.
Já o assassino é o melhor personagem do filme, a
começar pelo visual. Durante o filme inteiro, ele veste uma roupa preta e usa
uma grande máscara de coruja; um visual belíssimo. E assim como seus colegas
americanos, ele é implacável e não poupa ninguém, utilizando métodos criativos
para matar os personagens.
Em relação às cenas de morte, temos aqui, algumas das
mais sangrentas do gênero. Conforme mencionado acima, o assassino faz uso da
criatividade para executar os crimes, com tudo que está à sua disposição, desde
uma motosserra à um machado. Temos aqui decapitações, corpos cortados ao meio e
pessoas perfuradas. A melhor cena é a da furadeira, que me surpreendeu na
primeira vez que assisti ao filme. Após as cenas de morte, temos um verdadeiro
espetáculo armado no palco pelo assassino.
A direção de Soavi aqui é correta e criativa, com
belos truques de câmera e momentos de beleza, que se tornariam marca do
cineasta nos filmes futuros.
Além das cenas de morte, temos também cenas muito
tensas, principalmente quando a protagonista foge do assassino. A cena da chave
é a mais tensa de todas, justamente porque não sabemos como vai acabar.
O Pássaro foi
produzido por Joe D’Amato, um dos grandes nomes do cinema bagaceiro italiano,
responsável por mais de 100 produções. O roteiro foi escrito por Luigi Montifiore,
também conhecido por George Eastman, que esteve presente em O Antropófago, dirigido por D’Amato.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home
Vídeo, na coleção Slashers, após
anos fora de catalogo.
Enfim, O Pássaro Sangrento é um filme maravilhoso. Um Slasher italiano, com assassinatos criativos, cenas antológicas e momentos arrepiantes. Um filme que entra em conflito com os slashers produzidos nos Estados Unidos na época, e que consegue ser melhor do que eles. Um dos filmes mais assustadores de todos os tempos. Excelente.
Créditos: Versátil Home Vídeo |
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NOTA: 9
O que os fãs queriam? Acho que essa é a pergunta a se
fazer após assistir HALLOWEEN ENDS,
a conclusão da trilogia iniciada com o maravilhoso reboot da franquia, em 2018.
Eu mesmo não sabia o que esperar, a não ser o combate final entre os
protagonistas, mas fora isso, não tinha a menor ideia. Tanto que não liguei
para nada do que falaram e fui ao cinema conferir por mim mesmo.
Pois bem, eu não sei o que os fãs queriam, mas, com
certeza, irão se surpreender – para o bem ou para o mal – após assistirem ao
filme, porque, é de fato, aquilo que todos nós esperávamos, mas com algumas
ideias novas também.
Para começar, eu devo dizer que Halloween Ends presta agora a sua homenagem à Halloween 4, ou melhor, ao que o filme deveria ter sido, quando foi
concebido por John Carpenter em 1988. A ideia original de Carpenter, era fazer
um filme completamente diferente do que acabou saindo, com uma historia focada
em uma Haddonfield traumatizada pelos eventos dos dois primeiros filmes, então,
não haveria comemoração de Halloween, mas logo, novos assassinatos
aconteceriam, e um novo Michael Myers surgiria. Uma ideia muito boa, certo? De
fato, mas, infelizmente, como sabemos, ela foi descartada pelo produtor
Moustapha Akkad, como resultado, tivemos um Halloween 4 completamente diferente.
Pois bem, agora, parece que o diretor David Gordon
Green e os produtores da Blumhouse decidiram ouvir Carpenter – parcialmente – e
pegaram a ideia de uma Haddonfield traumatizada pelos eventos da noite de
Halloween de 2018, e a transformaram em uma cidade tocada pelo mal, onde seus
habitantes não esqueceram o que aconteceu e passaram a enxergar Michael como a
verdadeira força do mal que ele é. Mas isso não poupou também Laurie e sua
neta, que também passam a ser perseguidas, principalmente por valentões e
parentes das vitimas. Quando eu vi que esse foi o rumo, logo me lembrei da
ideia original de Carpenter para o quarto filme, e aqui, eles fizeram um
trabalho excelente.
No entanto, além de Laurie e Allyson, que estão se
recuperando também, surge uma nova vitima, o adolescente Corey Cunningham, que
matou um garotinho por acidente no Halloween de 2019, e também ganhou uma
péssima reputação, tanto dos pais, quanto da cidade, que também o marginaliza.
E a coisa muda quando seu caminho se cruza com o de Michael...
O que acontece também, é que aqui, não temos tanto
foco em Michael Myers, mas sim, nos novos crimes que acontecem em Haddonfield,
o que leva Laurie a acreditar que Michael ainda está vivo, mas Allyson não acredita.
E conforme mencionado acima, essa era a ideia original de Carpenter, e parece
que os roteiristas resolveram escutá-lo, porque temos uma nova onda de
assassinatos aqui, mas também temos o vilão original. Pode ser que muitas
pessoas já saibam do que estou falando, mas o fato é que eu gostei muito dessa
ideia, por motivos já mencionados.
Bem, aqui temos mais uma vez o diretor David Gordon
Green no comando, e mais uma vez ele acerta no clima de tensão, apelando para
jump-scares, verdade, mas apostando também na tensão, que sempre foi o foco do
clássico de Carpenter. Mas não se enganem, aqui também temos um banho de
sangue, mas tudo feito sem exagero.
Deixe-me agora falar sobre os personagens. Laurie e
Allyson seguem com suas vidas, na medida do possível, principalmente Laurie,
que ainda não se recuperou dos incidentes do passado, principalmente por ela
ainda acredita que Michael possa estar vivo. Allyson trabalha no Hospital
Memorial de Haddonfield e precisa lidar com uma colega de trabalho inconveniente.
E Corey, como já mencionei, também tenta colocar as vidas nos trilhos... Temos
aqui também aparições rápidas de Lindsey Wallace e do policial Hawkins, que
também tentam se reconstruir.
Em resumo, Halloween
Ends é um filme sobre os personagens tentando se reerguer, mas também é o
fechamento da trilogia, e nesse quesito, cumpre o que promete.
E claro, temos o vilão. Assim como no reboot e em Halloween Kills, aqui temos um Michael
Myers brutal que não poupa ninguém. E o segundo assassino também não faz feio,
principalmente quando assume a identidade temporária do matador. Seu melhor
momento fica na sequencia do ferro-velho, onde massacra um grupo de valentões.
E claro, aqui não podem faltar as homenagens. Além da
já mencionada homenagem a Halloween 4,
temos também uma nova homenagem à Halloween
III, nos créditos de abertura; e claro, as homenagens ao clássico de
Carpenter não param, com uma cena que lembra a da morte de Bob, e uma ponta de
Nick Castle, o ator que interpretou o assassino em 1978.
Mas claro, o melhor fica para o confronto final entre
Laurie e Michael, que era o que estávamos de fato esperando. A sequencia é
brutal, com os dois lutando no corpo-a-corpo, com tudo que tem direito, como
facas e agulhas e sangue, muito sangue.
Com tudo isso, devo dizer que Halloween Ends encerra com louvor a trilogia do reboot, e que eu
amei o filme. Eu acredito que Jamie Lee Curtis tinha razão quando disse que
muitos iriam odiar, talvez por não ser aquilo que esperavam, mas de minha
parte, pode ficar em paz.
Enfim, Halloween Ends é um filme excelente, carregado de tensão, violência e brutalidade, além de uma trama que novamente presta homenagens ao clássico de John Carpenter e à franquia como um todo. Um filme que cumpre o que promete e entrega um encerramento digno para a trilogia e para a franquia também.
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NOTA: 9.5
Três anos após o lançamento do maravilhoso reboot da
franquia Halloween, Laurie Strode e Michael
Myers estão de volta em HALLOWEEN KILLS –
O TERROR CONTINUA.
O que posso falar sobre esse filme? Bem,
vou começar pelo mais claro. Eu adorei esse filme! É uma continuação digna para
o reboot de 2018 e também para essa nova fase da franquia, porque mais uma vez,
os produtores respeitaram a essência do longa de John Carpenter e da franquia
como um todo, e entregaram um filme maravilhoso.
É o tipo de filme onde tudo coopera para obter um
ótimo resultado, a começar pelo roteiro que tem a excelente sacada de
homenagear Halloween II (1981), e
continua a história exatamente de onde o filme anterior parou, além da subtrama
no hospital, algo presente na primeira sequencia do clássico de Carpenter. Mais
detalhes sobre isso adiante.
Na verdade, Halloween
Kills não é uma espécie de remake de Halloween
II, porque o filme todo é sobre a vingança dos moradores de Haddonfield contra
Michael, todos liderados por Tommy Doyle, que não se recuperou dos incidentes
ocorridos 40 anos atrás. Alias, esse é um dos méritos do filme, trazer os
personagens do clássico de volta; além de Tommy, temos também Linsdey Wallace e
a enfermeira Marion Chambers, aqui reinterpretadas por Kyle Richards e Nancy Stephens
– em seu retorno à franquia – respectivamente. E além delas, temos também o ex-xerife
Brackett, novamente interpretado por Charles Cyphers; e também Loonie, um dos
garotos que atormentaram Tommy no clássico de Carpenter. Todos aqui desempenham
seus papeis muito bem e alguns tem o seu tempo certo de tela.
Além da homenagem ao segundo filme da franquia, aqui
temos também um filme construído com um pouco menos de tensão e mais sangue,
visto que a tensão já estava presente no primeiro filme dessa nova fase. Até porque,
aqui, como é o filme do meio de uma trilogia, é necessário que já um pouco de
narrativa, porque é um momento de transição entre um filme e outro, algo que
muitas pessoas não gostaram – e que deve ser comentado, mas vou deixar para a
resenha do último filme.
Vou falar sobre os personagens. Conforme mencionado
acima, temos o retorno dos demais personagens clássicos da franquia, e todos estão
muito bem. Aqui também acontece uma mudança, porque, parece que desta vez, o
protagonismo fica com Tommy, que se torna o líder da multidão que se une para
caçar Michael. O personagem está ótimo, com seus traumas evidentes e também um
pouco de paranoia, algo mostrado em Halloween
H2O com Laurie; e as coisas mudam quando ele passa a liderar a multidão,
porque ele se mostra como alguém capaz de tudo para combater o mal em Haddonfield.
Lindsey e Marion, apesar da pouca presença, também estão muito bem, e também carregam
o medo e o trauma dos incidentes de 1978. Aliás, temos aqui a presença de um
casal figura cômica, que fizeram um pequena ponta no reboot; assim como o
garotinho do reboot, eles são engraçados e rendem momentos divertidos.
Talvez o maior problema do filme, na opinião dos fãs,
seja a ausência de Laurie, que passa o filme todo no hospital, se recuperando
dos ferimentos. Mas, saindo em defesa do filme, a historia não é sobre ela, e
sim, sobre todo o mal de Michael na cidade e o pânico que ele provoca. Tivemos algo
semelhante em Halloween II, cujo
roteiro foi mais focado em Loomis e nos demais personagens do quem Laurie, e
naquele filme funcionou; aqui, também. Conforme mencionado acima, Halloween Kills não é sobre o confronto
entre Laurie e Michael.
Além do ótimo roteiro, que homenageia o segundo filme
da franquia, aqui temos uma homenagem ao famigerado Halloween III, com a presença das máscaras da Silver Shamrock, que
aparecerem de relance no reboot, mas aqui, aparecem com louvor. Quando eu vi
pela primeira vez, eu fiquei muito feliz, porque não sabia que tais acessórios estariam
no filme. Uma prova que Halloween III não
é um filme esquecido pelos fãs e pelos produtores.
Juntamente com a presença das máscaras da Silver Shamrock,
temos também uma homenagem ao clássico de Carpenter, na cena do carro, onde os
personagens, inclusive Marion, são atacados por Michael, da mesma forma que
aconteceu no portão do sanatório de Smith’s Grove; do mesmo jeito, mesmo, com
direito ao vilão pulando em cima do carro e quebrando o vidro com a mão. No trailer,
já era lindo, no filme, fica ainda melhor.
E claro, temos o vilão. Assim como no reboot, aqui
temos um Michael Myers ameaçador e brutal, que não poupa ninguém, e se mostra
uma verdadeira máquina de matar. Sua melhor cena acontece quando ele ataca o
primeiro casal com requintes de crueldade, transformando a morte de ambos,
principalmente do marido, em um verdadeiro espetáculo de horror, do jeito que o
personagem sabe fazer. Ele é sempre o melhor personagem do filme e da franquia,
com seu ar ameaçador e cruel.
Laurie também não fica atrás. Mesmo com sua pouca
presença, ela ainda se mostra uma mulher forte e disposta a acabar com o
reinado de terror de Michael, não importa as consequências. O mesmo vale para
sua família, que junta-se a ela em sua busca por vingança. Sua filha Karen é
ainda mais determinada, e mostra que não tem medo do vilão.
E claro, não posso encerrar essa resenha, sem
mencionar a melhor sequência do filme: o flashback de 1978, que mostra o que
aconteceu após a fuga de Michael. Tudo foi construído nos mínimos detalhes para
lembrar o clima do clássico de John Carpenter. Nenhum detalhe foi deixado de
lado, nem mesmo o objeto que quebrou a janela da casa dos Myers e o cachorro
morto dentro da casa. As melhores caracterizações ficam com Michael e o Dr. Loomis
– numa presença que me surpreendeu quando eu vi pela primeira vez. Os dois
ficaram idênticos ao clássico de 1978 e surpreendem muito bem. Pelo que eu vi,
todos gostaram muito dessa sequência, mesmo alguns tendo odiado o filme.
Mas, conforme mencionei acima, Halloween Kills é um filme de transição. Agora, só esperar pela
conclusão da trilogia.
Enfim, Halloween
Kills é um filme excelente. Um longa cheio de momentos de tensão e medo,
com toques absolutos de horror e sangue. A direção e o roteiro conseguiram
fazer um grande trabalho, e mais uma vez, prestaram homenagens respeitosas à
franquia original e principalmente, ao clássico de John Carpenter, com seus
personagens que retornam e se unem mais uma vez. Um filme excelente e
maravilhoso. Altamente recomendado.
Acesse também:
NOTA: 8
Em 1978, o diretor John Carpenter lançou Halloween – A Noite do Terror, que
rapidamente se tornou um clássico do terror e o melhor exemplar do gênero
Slasher. O sucesso do filme levou os estúdios a produzirem sequencias, a fim de
transformá-lo em uma franquia.
Enfim, chegamos ao controverso HALLOWEEN III – A NOITE DAS BRUXAS, lançado em 1982, produzido por
John Carpenter e Debra Hill, os criados do clássico de 1978, e escrito e
dirigido por Tommy Lee Wallace.
Controverso porque, como sabemos, este é o único da
franquia que não conta com a presença de Michael Myers e cia., por um motivo
muito simples que será explicado mais tarde.
Mas isso não impede o filme de ser muito legal,
justamente por causa de seu clima de mistério e trama diferenciada.
Diferenciada porque ao invés do Slasher, aqui temos
uma trama mais voltada para a conspiração e a ficção cientifica, com os
personagens vivendo uma espécie de jogo sinistro arquitetado pelo vilão. À
primeira vista, isso pode até parecer estranho – e não vou mentir, é – mas a gente
acaba entrando na onda e compra a ideia.
Então, aqui temos mais uma trama de investigação, e
durante todo o filme nós acompanhamos os protagonistas enquanto eles tentam
desvendar o que está acontecendo na pequena comunidade de Santa Mira, pois o
mistério está relacionado com a morte do pai da mocinha, e as pistas levaram os
dois até a comunidade.
E durante o caminho, eles trombam com coisas
estranhas, que vão aumentando conforme o mistério. E o que acontece é muito
bizarro.
Bizarro porque à principio parece que a trama vai
para uma direção, mas de repente, a chave vira e o rumo muda, para mais bizarro
ainda, digno de um filme de ficção cientifica.
Mas vamos falar sobre o filme como um todo. Para
começar, devo dizer que é um filme muito bem dirigido, com sequencias e planos
longos, além de cenas com toques de mistério, quase com ares de teoria da
conspiração.
No entanto, apesar da boa direção, devo dizer que o
filme tem os seus problemas, muitos deles relacionados ao roteiro. Por exemplo,
há um dialogo absurdo na cena do hospital proferida por um dos personagens ao
protagonista. Outro problema é o fato de os assassinos misteriosos da Silver
Shamrock serem quase onipresentes e saberem de tudo o que acontece à sua volta,
fato esse que culmina na cena da furadeira, por exemplo; e claro, o embate
final entre o protagonista e a mocinha, que até hoje continua sem resposta.
Tirando esses problemas, somos também brindados com
cenas e personagens absurdos, todas envolvendo os personagens secundários, em
especial, uma família rica que vai se hospedar na cidade, cujo pai é
representante de vendas da Silver Shamrock. São cenas absurdas mesmo, dignas
dos filmes da época.
Falando da Silver Shamrock, não posso falar do filme
sem mencionar as maravilhosas máscaras do Dia das Bruxas. Desde a primeira vez
que vi o filme, há alguns anos na TV, eu adorei as máscaras, principalmente as
de esqueleto e abobora, porque são muito lindas. Eu tenho vontade de ter as
máscaras para brincar em casa. As máscaras reapareceram na franquia no reboot
de 2018, como uma homenagem.
Ainda sobre a Shamrock, a mesma se faz presente no
filme o tempo inteiro, seja nos logos em forma de trevo, seja pela fabrica, que
observa a cidade como se fosse a Mansão Marsten, do livro Salem, de Stephen King. É possível ver que a marca e o empresário
Cochran controlam a cidade, com suas câmeras de segurança espalhadas pelos
locais, e o modo como a população se refere a ele com respeito e admiração.
Agora, vamos falar sobre a parte de horror do filme.
Conforme mencionado acima, Halloween III
não pode ser considerado um Slasher, porque não temos cenas de morte de
adolescentes carregadas no gore; ao contrario, temos apenas três, todas sem uma
gota de sangue. Além do paciente misterioso, temos a cena da furadeira, que me
lembra – e muito – a cena da furadeira do excelente Giallo Sete Orquídeas Manchadas de Sangue (1971), dirigido por Umberto
Lenzi. No entanto, a melhor delas é a demonstração do poder das máscaras de
Shamrock, cujas cobaias são os membros da família rica. É a famosa cena onde a
máscara derrete na cabeça do garoto e logo saem um monte de insetos e cobras da
sua boca. Uma cena muito boa.
Quero também mencionar a respeito do vilão, o Sr. Cochran.
Ele é o típico vilão que se revela aos poucos, a principio, mostrado nas
sombras, depois aparecendo de relance, e por fim, quando surge por completo,
mostra seus traços de maldade aos poucos. Seu momento mais absurdo é quando ele
revela ao protagonista os seus planos, que possuem relação com a pratica pagã
do Samhain, conforme apresentada no segundo filme, e que seria levada para
frente nessa primeira parte da franquia. De acordo com o roteiro, o vilão gosta
de criar brincadeiras e pegadinhas, e conforme o mesmo admite, tudo não passa
de uma brincadeira de Dia das Bruxas.
E o mais absurdo de tudo, a fonte de seus poderes
malignos vem de uma das pedras do Stonehenge que ele roubou... Não faz o menor
sentido, mas é muito divertido por causa disso.
Antes de encerrar, deixe-me esclarecer por que Halloween III é o único da franquia que
não conta com a presença de Michael Myers. Segundo informações da internet, o
diretor John Carpenter tinha a intenção de transformar a franquia em uma
antologia, com um filme diferente ambientado no Dia das Bruxas. No entanto,
seus planos foram abortados por causa de Halloween
II, que contou com os personagens originais; mas, após o fim do segundo
filme, Carpenter resolveu colocar suas ideias em pratica, e o primeiro foi este
filme. Infelizmente, o plano não deu certo, e o filme foi odiado pelo publico e
pela critica após sua estreia.
Apesar do ódio inicial, aos poucos, Halloween III foi ganhando respeito dos
fãs da franquia, tendo recebido status de cult.
Eu pessoalmente me encaixo nesse globo, porque, após essa ultima revisão, o
filme ficou bem melhor do que eu me lembrava.
Estreou em 22/out/1982 e conseguiu obter bons números
de bilheteria, apesar das criticas negativas, conforme explicado acima. Foi
lançado em VHS e DVD no Brasil, mas atualmente está fora de catalogo. Lá fora,
recebeu um lançado em Blu-ray em 4k pela Shout Factory, juntamente com os
demais da franquia.
Enfim, Halloween
III é um filme muito bom. Um longa divertido, com uma trama absurda,
carregada de momentos ridículos e memoráveis, que o deixam ainda melhor a cada
revisão. A direção e o clima são os grandes atrativos do filme, pois remetem a
um filme do diretor John Carpenter, que aqui volta como produtor. Um filme que
ganhou status de cult com o passar
dos anos, que agrada aos fãs da franquia. Muito bom. Divertido. Recomendado.
FELIZ DIA DAS BRUXAS!
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NOTA: 10
Em 1981, o diretor Sam Raimi lançou Evil Dead – Uma Noite Alucinante I – A
Morte do Demônio, que se tornou um dos maiores clássicos do cinema de
horror de todos os tempos.
O primeiro filme de terror a gente não esquece, não
é? Qual foi o primeiro de vocês? O meu foi UMA
NOITE ALUCINANTE 3, que encerra a famosa Trilogia Evil Dead, do diretor Sam
Raimi, com Bruce Campbell no papel de Ash.
Eu devia ter uns 5 anos quando assisti a esse filme
pela primeira vez, provavelmente na TV, e ao invés de me assustar, eu me senti
fascinado pelas coisas que vi na tela, principalmente aqueles esqueletos com
espadas e escudos, lutando contra o castelo inteiro; e juntamente com isso,
algumas outras cenas ficaram na minha cabeça por anos: Ash dentro do poço; o
olho saindo de seu ombro; os esqueletos saindo das tumbas e agarrando-o com as
mãos... Foi o meu primeiro filme de terror, sem duvida. Por isso, tem um lugar
muito especial no meu coração.
Não há duvidas que a Trilogia Evil Dead é conhecida
pelo enredo na cabana nas montanhas, mas, Uma
Noite Alucinante 3 se difere dos demais por levar a trama para o século
XIV, conforme visto no final de Evil
Dead II. Esse é o grande mérito do filme, porque, naquela altura, com
certeza, não havia mais o que fazer com a trilogia, porque apostar na cabana na
floresta e possessão pela terceira vez não seria legal; então, a ação foi
transportada para a Idade Média, e, ao invés de espíritos possessores, temos
aqui o Exército dos Deadites, composto por esqueletos e cadáveres em
decomposição.
Não teria como dar errado, e de fato não deu. E
justamente é o grande atrativo do filme, essa mudança de ares. Talvez até
pareça estranho, principalmente por causa do título original – Army of Darkness – mas para os fãs isso
não incomoda, como é o meu caso. Pelo contrario, é até muito legal ver a
mudança de ares da trilogia a partir desse filme, porque, realmente, não havia
mais para onde ir.
E assim como Evil
Dead II, esse aqui começa com um repeteco dos eventos do filme anterior –
aqui, no caso, tudo precisou ser filmado de novo por questões de direitos
autorais; apenas o final do filme anterior é mostrado – para deixar o
espectador atento e a par do que aconteceu anteriormente. Passado o flashback,
somos levados até o filme de verdade. E novamente, outra atriz interpretou
Linda, aqui no caso, foi a atriz Bridget Fonda. E aqui as mudanças continuam.
A principal, sem duvidas, é no tom da franquia, que, apostava
no terror de verdade, principalmente o primeiro filme. Aqui, temos a alteração
para a comédia de fato, com cenas carregadas no humor negro: Ash e suas versões
minúsculas; a batalha contra os Deadites, entre outras. Pessoalmente, eu não
vejo problemas, porque no filme anterior nós já tivemos uma pitada de humor, e
de certo, seria outra coisa que não teria como mudar. O tom de humor funciona
muito bem, e se tornou uma característica do próprio diretor, e passou também
para a série de TV. As cenas são engraçadas, mas pessoalmente, não são daquelas
cenas de arrancar gargalhadas, mas divertem muito.
Mas, vamos falar também das diferentes versões do
filme. Não sei qual foi o motivo que levou o filme a ter duas versões
diferentes – Versão de Cinema e Versão do Diretor – mas as duas são
maravilhosas, mesmo com suas diferenças. A Versão do Diretor é a mais completa,
com sequencias e diálogos estendidos e alternativos; já a Versão de Cinema
também tem cenas e diálogos alternativos, mas alguns estão incompletos, principalmente
nas sequencias do moinho e da batalha no castelo; e claro, temos os famosos
finais: a Versão do Diretor termina com um final apocalíptico; enquanto que a
Versão de Cinema termina na loja S-Mart. Na minha opinião, as duas versões são
maravilhosas, mas se for para escolher, eu prefiro mais a Versão do Diretor.
Curiosamente, pelo que me lembro, a versão em VHS optou por juntar as duas.
Estranho... Corrijam-me se eu estiver errado.
Independente das versões, é possível ver que aqui
temos um Evil Dead com mais orçamento, visto o cenário do cenário e os demais
efeitos especiais dos monstros. Temos aqui de tudo: marionetes, maquiagem e
fantasias, tudo muito bem feito. Os efeitos dos esqueletos são os melhores e
misturam de tudo isso, sendo o Stop-Motion e as marionetes os principais. Além
dos esqueletos, temos também a presença reduzida os demônios possessores e
novos monstros, além, é claro, da entidade sem rosto que percorre a floresta, e
do vilão principal, aqui, uma versão do Mal do protagonista, também
interpretado por Bruce Campbell. Os efeitos especiais foram criados pela KNB
Effects e por Tony Gardner, nomes conhecidos no gênero do terror.
O vilão principal é um dos atrativos do filme, e de
longe, é muito diferente do que já vimos nos filmes anteriores. Diferente
porque eu pessoalmente não o considero demoníaco o bastante; ao contrario, é um
grande palhaço que garante momentos divertidos.
Conforme mencionado acima, Uma Noite Alucinante 3 tem muitas cenas memoráveis para mim, mas as
minhas favoritas são a marcha dos Deadites ao castelo, acompanhado pelo tema
musical de Danny Elfman; e a ressureição do vilão principal, num super close de
seu rosto.
Antes de encerrar, a Trilogia Evil Dead tem o seu
lugar no hall dos filmes de terror de todos os tempos. Todos – principalmente
os dois primeiros – são altamente avaliados por sites críticos lá fora e os
dois primeiros tem seu lugar na galeria dos filmes de terror mais importantes
de todos os tempos. Graças à trilogia, o diretor Sam Raimi hoje tem status em
Hollywood e como sabemos, conseguiu dirigir a trilogia do Homem-Aranha e o novo
filme do Doutor Estranho. Além da trilogia, temos também a série Ash VS Evil Dead, que se encontra
disponível na Netflix. Talvez ainda esse ano, seja lançado o quarto filme da
franquia, Evil Dead Rise, que não
contará com Sam Raimi na direção e nem Bruce Campbell no elenco, mas ambos
estão envolvidos na equipe de produção.
Foi lançado em Blu-ray no Brasil pela Obras-Primas do
Cinema com as duas versões, na coleção Trilogia
Uma Noite Alucinante, em edição caprichada recheada de material extra.
Atualmente, a coleção está fora de catalogo, mas a distribuidora anunciou o
lançamento da trilogia em DVD ainda nesse ano.
Enfim, Uma
Noite Alucinante 3 é um filme excelente. Divertido, assustador, com cenas
memoráveis e momentos de comédia que mudam o tom da franquia. Novamente, a
direção e o estilo de Sam Raimi são um dos atrativos, além da presença de Bruce
Campbell em papel duplo. Temos aqui novos monstros, além de esqueletos animados
em Stop-Motion carregando espadas. Um filme memorável para mim, que tem um
lugar especial em meu coração. Excelente. Maravilhoso. Altamente recomendado.
Créditos: Obras-Primas do Cinema |
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