NOTA: 9
O Ciclo dos Monstros Clássicos da Universal foi um
dos mais importantes de todos os tempos, não apenas para o cinema de horror,
mas para o próprio estúdio também, pois, foi graças aos clássicos Drácula (1931) e Frankenstein (1931), que os lucros aumentaram durante a famigerada
época da Grande Depressão.
O HOMEM
INVISÍVEL, lançado em 1933, e dirigido por James Whale, é mais um exemplar
desse maravilhoso ciclo, e um dos melhores, também.
Aliás, eu me arrisco a dizer que o Ciclo Clássico não
tem filmes ruins.
Além de ser um dos melhores, este aqui também é a
segunda adaptação de uma obra de H.G. Wells para o cinema; a primeira havia
sido A Ilha das Almas Selvagens,
lançada um ano antes pela Paramount, baseada no livro A Ilha do Dr. Moreau.
Mas, segundo os historiadores de cinema, Wells não ficou
satisfeito com o resultado da adaptação, e, quando a Universal resolveu adaptar
O
Homem Invisível, ele pediu que o estúdio tivesse mais cuidado e
respeito com o material original.
Mas, falarei sobre os detalhes da produção mais para
frente.
O Homem
Invisível é um filme excelente, realizado com excelentes técnicas de direção,
e efeitos especiais que até hoje impressionam.
Não apenas isso, este é também um dos filmes mais
divertidos do Ciclo, graças à direção de James Whale, que imprime seu característico
humor camp, que esteve presente no seu filme anterior, o ótimo A Casa Sinistra (1932).
Whale entrou no projeto graças à sua influência no
estúdio, que se tornou evidente após o sucesso da adaptação da peça Journey’s End, que foi adaptada pelo
estúdio no começo dos anos 30, e que possibilitou de Whale dirigisse Frankenstein, lançado em 1931, que impulsionou
a carreira de Boris Karloff, e deu início a uma das franquias mais rentáveis da
Universal, os filmes de terror.
No entanto, a produção de O Homem Invisível não foi fácil, porque o filme passou pelo
processo que hoje é conhecido como “Inferno de desenvolvimento”, visto que o
roteiro passou por várias pessoas diferentes, que se diferenciavam bastante do
romance de Wells. Esse processo demorado continuou até Wells chamar R.C.
Sheriff, que havia escrito Journey’s End,
para escrever o roteiro, desta vez, parcialmente inspirado no romance de Wells
e no romance The Murderer Invisible,
cujos direitos foram adquiridos pelo estúdio.
Como eu ainda não li o livro de Wells, não sei se o
filme ficou próximo do mesmo, mas, eu digo que é um roteiro muito bem escrito,
com pequenas peças que vão se encaixando aos poucos, e que mistura elementos de
terror e ficção cientifica com um toque especial, além de conter alguns
elementos de humor negro, que se tornariam característicos de Whale durante sua
curta carreira.
Além do roteiro inteligente, o filme conta com um
ótimo elenco, liderado pelo ator Claude Rains, que atua de maneira brilhante,
principalmente com sua voz impactante. Em momento nenhum, o elenco escolhido
por Whale faz feio em suas performances, e cada um atua de acordo com as instruções
que devem ter sido passadas pelo diretor, com menção para o colorido elenco de
apoio, que conta com atores cômicos.
No entanto, eu acredito que o que mais chama atenção em
O Homem Invisível são seus efeitos
especiais, que, como eu disse, ainda surpreendem e não ofendem o espectador. Os
efeitos foram criados por John Fulton, e contavam com o que mais havia de
moderno na época. Para as cenas em que o ator não estava presente, foram
utilizados cabos especiais, invisíveis na lente da câmera; no entanto, quando Rains
estava presente com algumas peças de roupa, o ator foi coberto por um tecido
preto, e fotografado contra um fundo da mesma cor, e as cenas foram combinadas
na pós-produção. De acordo com os historiadores de cinema, Fulton teve mais
dificuldade na cena em que o Homem Invisível está sentado diante de um espelho,
tirando suas faixas de gaze. Foi uma sequência difícil porque quatro peças
diferentes de filme foram fotografadas e depois combinadas.
Como eu disse acima, os efeitos são impressionantes
até hoje, e devem ter servido de inspiração para vários técnicos e cineastas
futuros, além de ter arrancados suspiros das plateias, que ainda estavam
impressionadas pelos efeitos especiais de King
Kong, que foi lançado no mesmo ano.
No entanto, apesar de gostar muito do filme, eu devo
dizer que não sou muito fã desse humor camp do diretor Whale; eu considero
muito exagerado em certos pontos, e isso se deve principalmente a alguns dos atores
que ele escala para seus filmes; isso ficou evidente para mim em A Casa Sinistra, e me incomodou um
pouco. Aqui, também temos um pouco disso, e é um pouco demais.
Mas isso não impede O Homem Invisível de ser um grande filme, que merece visto por fãs
de cinema.
Enfim, O Homem Invisível é um filme excelente. Um filme de terror e ficção cientifica contado com uma maestria inspirada, auxiliada por um elenco inteligente, e por efeitos especiais que impressionam até hoje. Um roteiro muito bem escrito, que combina terror, ficção cientifica e humor negro muito bem, e deixa os elementos quase imperceptíveis. Um dos melhores filmes do Ciclo dos Monstros Clássicos da Universal Studios.