NOTA: 8.5
Na década de 20, H.P. Lovecraft lançou a serie Herbert West – Reanimator, que, apesar
de não se tornar um sucesso na época de publicação, tornou-se uma de suas obras
mais famosas com o passar dos anos.
Em 1985, o diretor Stuart Gordon e o produtor Brian
Yuzna lançaram Re-Animator – A Hora dos
Mortos-Vivos, estrelada por Jeffrey Combs, Barbara Crampton, Bruce Abbott e
David Gale, que se tornou um dos maiores clássicos dos anos 80, e a melhor
adaptação da obra de Lovecraft.
Quatro anos depois, foi lançado A NOIVA DE RE-ANIMATOR, desta vez dirigido por Yuzna, novamente com
Jeffrey Combs, Bruce Abbott e David Gale no elenco, retomando seus papeis
principais.
Aqui temos um exemplo de continuação que é tão boa
quanto o primeiro filme, tudo graças ao longa como um todo.
Mesmo não contando com Stuart Gordon na direção, o
ritmo frenético se mantém aqui, assim como os efeitos especiais caprichados no
gore e na escatologia.
Claro, aqui, não sei se temos cenas tão memoráveis
quanto no primeiro filme, mas temos cenas de horror muito boas, graças a
direção de Yuzna, em seu segundo trabalho na função.
O roteiro, desta vez não escrito por Dennis Paoli,
pega novamente alguns elementos da história original de Lovecraft e a
transporta para a era contemporânea. Podemos dizer que é uma continuação
direta, porque os eventos aqui acontecem oito meses após o primeiro filme, e no
prologo, acompanhamos West e Cain na guerra do Peru, algo presente na história
original. Após os incidentes no Peru, retornamos a Arkham, ao hospital da
Universidade de Miskatonic, onde conhecemos também uma paciente em estado
terminal, que se tornará uma peça importante na narrativa.
E assim como no primeiro filme, temos aqui uma certa
dose de humor negro, graças principalmente ao Dr. Graves, o patologista do
hospital e seu assistente. No entanto, West e Cain também protagonizam cenas de
humor negro, ainda mais quando envolvem um pequeno experimento com partes de
corpos.
Essa aqui é uma mudança boa no roteiro; West e Cain
desta vez trabalham com partes de corpos, pois querem ver se conseguem criar um
ser humano completo, algo certamente inspirado no Frankenstein de Mary Shelley. Além das experiências com partes de
corpos, West também desenvolve novos métodos e formulas, que o ajudam na hora
de criar suas cobaias.
Essa também é uma grande sacada do roteiro, porque,
de certa forma, ele amplia as experiências de West, dando a ele um ar ainda
mais sinistro. E novamente, vemos que o personagem se mantém igual ao primeiro
filme, todo cheio de si mesmo e que se importa apenas com seus experimentos.
Além do retorno de West e Cain, temos também novos
personagens; além do já mencionado Patologista, temos um novo par romântico
para Cain, e um detetive que está disposto a descobrir a verdade sobre o
massacre ocorrido na Universidade oito meses antes. Esse personagem até que
entrega boas cenas, apesar de aparentar ser mais intrometido que o normal;
Francesca, o novo interesse romântico de Cain também funciona, quase como um
contraponto para Meg, do primeiro filme.
No entanto, o grande destaque aqui é o retorno do
cruel Dr. Hill, novamente interpretado por David Gale. Assim como no primeiro
filme, somos brindados com sua cabeça falante, que controla os mortos-vivos,
além de aparecer com um visual marcante no final do filme.
Aliás, o final do filme também parece ter sido
diretamente inspirado pelo conto original de Lovecraft, visto que os
experimentos anteriores de West se rebelam contra ele dentro da cripta.
Os efeitos especiais também são o grande destaque
aqui, criados por grandes nomes do gênero, como Screaming Mad George; KNB
Effects, e David Allen, cada um desempenhando uma função especifica. Assim como
no primeiro filme, somos brindados com cenas caprichadas no gore e na
escatologia, e os três zumbis principais são nojentos em um nível
impressionante. Além disso, as habilidades dos zumbis são ampliadas, com o uso
da fala e de ferramentas.
O auge de efeitos, no entanto, é a Noiva, criada a
partir da paciente Gloria. Ao longo do filme, West arromba o deposito da
Universidade para roubar partes de corpos, além de usar pacientes completos
para o experimento. Ele junta tudo em seu laboratório no porão da nova casa, e
após a morte de Gloria, ele percebe que está na hora de testar sua teoria.
A cena da ressureição da Noiva é uma das melhores do
filme, justamente por causa da direção de Yuzna, além de ser muito parecida com
a cena de criação da Noiva de
Frankenstein, no filme de James Whale, que também serviu de inspiração para
este filme. A Noiva é a melhor criatura do longa, porque é aquela personagem
que se sente perdida no mundo e precisa encontrar seu lugar. Após sua
ressureição, é possível ver que ela se afeiçoa a Cain, tanto pelo fato do
coração de Meg estar batendo em seu peito, quanto pela afeição que a própria
Gloria tinha pelo médico.
E o final é tão frenético quanto o filme em si, com
as criaturas de West escapando da cripta e se juntando para acabar com ele,
tudo sob o comando de Hill.
Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home
Vídeo, na coleção Lovecraft no Cinema 2,
em versão restaurada sem cortes.
Enfim, A Noiva de Re-Animator é um filme muito bom. Um longa frenético, com cenas carregadas no gore, com zumbis grotescos e personagens cativantes. A direção de Brian Yuzna é competente, e o diretor sabe o que faz, criando assim, cenas tensas e engraçadas. O retorno dos personagens e atores do primeiro filme também contribuem para deixar este filme ainda melhor a cada revista, acompanhados pelos efeitos especiais criativos. Uma leve adaptação do clássico de H.P. Lovecraft, e um dos melhores filmes baseados nos textos do autor. Altamente recomendado.
Créditos: Versátil Home Vídeo. |