terça-feira, 22 de agosto de 2023

A NOIVA DE RE-ANIMATOR (1989). Dir.: Brian Yuzna.

 

NOTA: 8.5


Na década de 20, H.P. Lovecraft lançou a serie Herbert West – Reanimator, que, apesar de não se tornar um sucesso na época de publicação, tornou-se uma de suas obras mais famosas com o passar dos anos.

 

Em 1985, o diretor Stuart Gordon e o produtor Brian Yuzna lançaram Re-Animator – A Hora dos Mortos-Vivos, estrelada por Jeffrey Combs, Barbara Crampton, Bruce Abbott e David Gale, que se tornou um dos maiores clássicos dos anos 80, e a melhor adaptação da obra de Lovecraft.

 

Quatro anos depois, foi lançado A NOIVA DE RE-ANIMATOR, desta vez dirigido por Yuzna, novamente com Jeffrey Combs, Bruce Abbott e David Gale no elenco, retomando seus papeis principais.

 

Aqui temos um exemplo de continuação que é tão boa quanto o primeiro filme, tudo graças ao longa como um todo.

 

Mesmo não contando com Stuart Gordon na direção, o ritmo frenético se mantém aqui, assim como os efeitos especiais caprichados no gore e na escatologia.

 

Claro, aqui, não sei se temos cenas tão memoráveis quanto no primeiro filme, mas temos cenas de horror muito boas, graças a direção de Yuzna, em seu segundo trabalho na função.

 

O roteiro, desta vez não escrito por Dennis Paoli, pega novamente alguns elementos da história original de Lovecraft e a transporta para a era contemporânea. Podemos dizer que é uma continuação direta, porque os eventos aqui acontecem oito meses após o primeiro filme, e no prologo, acompanhamos West e Cain na guerra do Peru, algo presente na história original. Após os incidentes no Peru, retornamos a Arkham, ao hospital da Universidade de Miskatonic, onde conhecemos também uma paciente em estado terminal, que se tornará uma peça importante na narrativa.

 

E assim como no primeiro filme, temos aqui uma certa dose de humor negro, graças principalmente ao Dr. Graves, o patologista do hospital e seu assistente. No entanto, West e Cain também protagonizam cenas de humor negro, ainda mais quando envolvem um pequeno experimento com partes de corpos.

 

Essa aqui é uma mudança boa no roteiro; West e Cain desta vez trabalham com partes de corpos, pois querem ver se conseguem criar um ser humano completo, algo certamente inspirado no Frankenstein de Mary Shelley. Além das experiências com partes de corpos, West também desenvolve novos métodos e formulas, que o ajudam na hora de criar suas cobaias.

 

Essa também é uma grande sacada do roteiro, porque, de certa forma, ele amplia as experiências de West, dando a ele um ar ainda mais sinistro. E novamente, vemos que o personagem se mantém igual ao primeiro filme, todo cheio de si mesmo e que se importa apenas com seus experimentos.

 

Além do retorno de West e Cain, temos também novos personagens; além do já mencionado Patologista, temos um novo par romântico para Cain, e um detetive que está disposto a descobrir a verdade sobre o massacre ocorrido na Universidade oito meses antes. Esse personagem até que entrega boas cenas, apesar de aparentar ser mais intrometido que o normal; Francesca, o novo interesse romântico de Cain também funciona, quase como um contraponto para Meg, do primeiro filme.

 

No entanto, o grande destaque aqui é o retorno do cruel Dr. Hill, novamente interpretado por David Gale. Assim como no primeiro filme, somos brindados com sua cabeça falante, que controla os mortos-vivos, além de aparecer com um visual marcante no final do filme.

 

Aliás, o final do filme também parece ter sido diretamente inspirado pelo conto original de Lovecraft, visto que os experimentos anteriores de West se rebelam contra ele dentro da cripta.

 

Os efeitos especiais também são o grande destaque aqui, criados por grandes nomes do gênero, como Screaming Mad George; KNB Effects, e David Allen, cada um desempenhando uma função especifica. Assim como no primeiro filme, somos brindados com cenas caprichadas no gore e na escatologia, e os três zumbis principais são nojentos em um nível impressionante. Além disso, as habilidades dos zumbis são ampliadas, com o uso da fala e de ferramentas.

 

O auge de efeitos, no entanto, é a Noiva, criada a partir da paciente Gloria. Ao longo do filme, West arromba o deposito da Universidade para roubar partes de corpos, além de usar pacientes completos para o experimento. Ele junta tudo em seu laboratório no porão da nova casa, e após a morte de Gloria, ele percebe que está na hora de testar sua teoria.

 

A cena da ressureição da Noiva é uma das melhores do filme, justamente por causa da direção de Yuzna, além de ser muito parecida com a cena de criação da Noiva de Frankenstein, no filme de James Whale, que também serviu de inspiração para este filme. A Noiva é a melhor criatura do longa, porque é aquela personagem que se sente perdida no mundo e precisa encontrar seu lugar. Após sua ressureição, é possível ver que ela se afeiçoa a Cain, tanto pelo fato do coração de Meg estar batendo em seu peito, quanto pela afeição que a própria Gloria tinha pelo médico.

 

E o final é tão frenético quanto o filme em si, com as criaturas de West escapando da cripta e se juntando para acabar com ele, tudo sob o comando de Hill.

 

Foi lançado em DVD no Brasil pela Versátil Home Vídeo, na coleção Lovecraft no Cinema 2, em versão restaurada sem cortes.

 

Enfim, A Noiva de Re-Animator é um filme muito bom. Um longa frenético, com cenas carregadas no gore, com zumbis grotescos e personagens cativantes. A direção de Brian Yuzna é competente, e o diretor sabe o que faz, criando assim, cenas tensas e engraçadas. O retorno dos personagens e atores do primeiro filme também contribuem para deixar este filme ainda melhor a cada revista, acompanhados pelos efeitos especiais criativos. Uma leve adaptação do clássico de H.P. Lovecraft, e um dos melhores filmes baseados nos textos do autor. Altamente recomendado.


Créditos: Versátil Home Vídeo.

 

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