NOTA: 10
Existem filmes que são atemporais. Isso se refere a
todos os filmes de todos os gêneros, inclusive aos filmes de terror.
O MASSACRE DA
SERRA ELÉTRICA, lançado em 1974, dirigido por Tobe Hooper, é um desses
casos. Desde o seu lançamento, há quase 50 anos, o filme mantém seu impacto até
hoje como um dos maiores filmes de todos os tempos.
E motivos para isso não faltam. O Massacre é um daqueles casos de filmes em que tudo funciona a seu
favor, e o resultado é o dos melhores.
A começar pelos quesitos técnicos. A direção de
Hooper é segura, dando um ar quase documental para o longa, com seus movimentos
e ângulos de câmera diferentes, dignos de aflição; o roteiro também é muito
bom, apostando mais na tensão do que no banho de sangue, além de criar
personagens absolutamente reais, do tipo que vemos todos os dias.
Como sabemos, o roteiro de Hooper e Kim Henkel não
aposta no terror sobrenatural, conforme era comum no final da década anterior.
Os tempos eram outros. Na década de 70, os Estados Unidos estavam passando por
dificuldades políticas e sociais, como o escândalo de Watergate, e a derrota na
Guerra do Vietnã, que acabou com a ideia do sonho americano. Além disso, no
inicio da década, ocorreu também o final da Era de Aquário, então o cinema
underground foi marcado por produções violentas, inspiradas pelos assassinatos
de Charles Manson. O longa de Hooper é o retrato perfeito de como era a
situação do país naquela época. O terror mostrado no longa é absolutamente
real, o que o deixa ainda mais assustador.
Além da importância do contexto histórico, temos
também aqui um dos primeiros exemplares do gênero Slasher, que se tornou
popular nos anos 80. Tudo que se tornou clichê no gênero foi apresentado aqui,
como o assassino que utiliza ferramentas do dia-a-dia para matar suas vitimas,
e a final girl, a garota que sobrevive ao ataque do maníaco.
Conforme mencionado acima, o roteiro do longa é
focado em cinco jovens texanos, e todos eles se parecem com pessoas reais.
Sally é a protagonista; Franklin é seu irmão paraplégico; Pam e Kirk são o
casal; e Jerry é o namorado da protagonista. Todos aqui funcionam muito bem, e
cada um tem as suas peculiaridades, principalmente Franklin, que é aquele
inconveniente e reclamão.
O time de vilões também não fica atrás. Todos são
cruéis e perturbados, e possuem um apetite especial por carne humana. Os
melhores são Leatherface e o velho. Quando estão todos juntos, a coisa fica
ainda mais estranha. A dinâmica entre eles é horrível, com todos gritando uns
com os outros, principalmente com Leatherface, que age como uma criança.
Leatherface é o melhor personagem do filme. Desde sua
primeira aparição, ele se revela uma presença ameaçadora, matando os
personagens com requintes de crueldade. Sua primeira aparição é uma das cenas
mais pesadas do cinema, quando ele acerta a cabeça do personagem com uma
marreta, o que provoca espasmos no corpo da vitima. Em seguida, temos a cena do
gancho, que consegue ser tão aterradora quanto a anterior. E os melhores
momentos são quando ele faz uso de sua motosserra para perseguir Sally e os
outros personagens.
As cenas de tensão também merecem destaque. Difícil
escolher a melhor, mas tudo funciona principalmente graças à técnica. A
perseguição de Leatherface à Sally é assustadora, principalmente por causa do
fato do maníaco estar atrás dela com a motosserra; o som da arma já causa
arrepios. A cena do jantar pode ser considerada a mais tensa, novamente graças
à técnica. Os ângulos de câmera ajudam a provocar a tensão, com seus closes
extremos nos olhos de Sally, que praticamente provocam claustrofobia e
desconforto.
E o final é um dos melhores do cinema de todos os
tempos.
O Massacre é
um dos maiores filmes independentes de todos os tempos. Todos os envolvidos
passaram por perrengues durante os três meses de filmagem. O longa foi gravado
em pleno verão texano, o que dificultou a produção. Existem também relatos de
que alguns membros do elenco estavam sob efeito de drogas; além do mau cheiro
provocado pelas condições do clima. O longa custou cerca de US$ 140.000,00.
Graças ao seu teor violento e chocante, O Massacre foi banido em alguns países
após seu lançamento, inclusive no Brasil. Hoje em dia, possui status de cult e
se tornou um dos maiores clássicos do cinema de todos os tempos.
O longa até hoje é o mais conhecido da carreira de
Tobe Hooper, que alcançou status em Hollywood durante alguns anos, antes de ver
sua carreira e seu prestigio acabarem, graças ao seu envolvimento com a Cannon
Group, que lançou a primeira sequência em 1986.
Foi lançado em Blu-ray no Brasil pela Obras-Primas do
Cinema, em versão restaurada 4k, na Coleção O Massacre da Serra Elétrica, além de edições individuais. Este
ano, será relançado nos cinemas em versão restaurada 4k.
Enfim, O Massacre da Serra Elétrica é um filme excelente. Um longa perturbador, carregado de tensão e medo, aliados a uma direção experimente, um roteiro amarrado, elenco afiado e técnicas dignas de nota. É o gênero terror na sua forma mais pura, onde tudo contribui para isso. Um dos Filmes Mais Assustadores de Todos os Tempos, e um dos maiores Clássicos do cinema. Assustador. Violento. Perturbador. Tenso. Altamente recomendado.
Créditos: Obras-Primas do Cinema. |
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